quarta-feira, janeiro 22

8 anos de ti. 8 anos de mim. Ser mãe de menina fez-me questionar como queria ser enquanto mulher.

Antes de me tornar mãe de uma menina, pensei que ser mãe de menina ou menino não seria muito diferente.

Mas depois de ter a Estrela nos braços percebi que a experiência de ser mãe de menino e menina é muito diferente. Ou... Pelo menos para mim foi.

Claro que devemos considerar que quando nos tornamos mães (ou pais) as fases da vida em que nos encontramos talvez sejam diferentes. E a fase em si pode mudar por completo a experiência de ser mãe.

Ao mesmo tempo, não somos mais os mesmos. E adicionar filhos à nossa vida também molda quem somos.

No entanto, estou em crer que há uma componente que nos muda exatamente por sermos mãe de menino ou menina. E, embora que a questão da identificação ou orientação sexual seja um tópico bem mais abrangente do que falar em menino ou menina, ainda sou de uma geração em que fomos criados de forma diferente, consoante o sexo, e sim, não podemos negar que isso terá impacto. E, há 8 anos atrás ainda não se falava muito sobre este assunto que acho que deve ser tratado com o respeito e seriedade que merece. Mas, isto é só um àparte porque a minha partilha de hoje não é para falar sobre isto.


A Estrela fez 8 anos! E em 8 anos tanta coisa mudou.

Ter sido mãe de menina abriu-me olhos para muitos temas que não eram tema anteriormente. Abriu-me olhos para quem eu sou como mulher.

Com o nascimento do meu filho, eu quis descobrir e conhecer-me enquanto mãe, curar feridas que vieram de trás, cuidar dele com respeito e sensibilidade para que se tornasse um homem sensível e que fosse capaz de se expressar com entendimento sobre si mesmo e o mundo ao redor. Ao tornar-me mãe pela primeira, e acredito que por ter sido mãe de um menino, isso deu-me espaço para me focar apenas no meu novo papel de mãe. A identidade que tinha perdeu-se 2 vezes seguidas num curto espaço de tempo (ao deixar a minha família nuclear e tudo o que me era familiar, e ao tornar-me mãe). Descobrir e desempenhar o meu papel de mãe de alguma forma foi facilitado porque fui mãe de um menino, ainda por cima de um menino maravilhoso. As minhas aprendizagens centraram-se em descobrir quem ele era em cada nova fase da sua vida e em quem eu poderia ser enquanto mãe.

Ao ser mãe de uma menina, muitos outros temas surgiram. Sei que é redutor falar sobre isto assim, porque sei perfeitamente que a fase de vida foi diferente e o convívio com outros pais era muito maior nesta segunda experiência de maternidade. E quer queiramos quer não, o contacto com realidades diferentes das nossas, e os conselhos e opiniões que muitas vezes criticamos ajudam-nos a colocar a nossa própria realidade em perspectiva. Há muitas formas de viver. Não devemos tomar por garantido que a nossa forma de viver é a mais saudável ou feliz.

Ao tornar-me mãe de uma menina percebi que o papel que desempenhava enquanto cuidadora era demasiado para o exemplo que eu queria passar. Não só para ela, obviamente, mas para os dois. É errado que ensinemos os nossos filhos que a mãe é a aquela que cuida a tempo inteiro, a que assegura as pontas quando mais ninguém o quer fazer, que acorda de noite, que se desdobra em 100, que coloca tudo o que é seu para último lugar porque se quer doar de corpo e alma como mais ninguém o faz, sabe ou quer fazer. É errado ensinarmos aos nossos filhos que as mães têm que estar sempre disponíveis, mesmo quando já lhe tenham terminado as "pilhas". É errado ensinarmos aos nossos filhos que as coisas da mãe podem sempre esperar, que uma mãe sobrevive ao fim do dia de sorriso no rosto mesmo que não tenha tido 5 minutos para tomar um duche, escovar o cabelo ou "resspirar" É errado ensinar aos nossos filhos que as mães são super heroinas deste jeito.

Com o nascimento de uma filha, não foram os ensinamentos que quis transmitir que mudaram, mas foi a forma como recebi a mensagem que queria passar. Sempre acreditei e continuo a acreditar que enquanto mães (ou pais, cuidadores) devemos priorizar o bem estar dos nossos filhos. São nossa responsabilidade. Mas ao ser mãe de menina comecei a questionar-me se estava a agir da forma correta para transmitir os ensinamentos que queria ensinar.

Ao ser mãe de menina e ao ver nela o início de comportamentos que eram meus, foi uma chamada de atenção. À medida que crescia e replicava comportamentos que eram meus ou de quem lhe estava próximo, eu percebi que havia muita coisa errada ali. Ela foi o meu espelho imediato. Houve vários momentos em que disse a mim mesma "Eu não quero isto para ela".

Desde tarefas que assumimos e desempenhamos como nossas, a aceitar que somos as cuidadoras e que o nosso bem estar não é prioridade para ninguém, a simples coisas como a forma como nos apresentamos, e a coisas mais complexas, a forma como nos tratam e nos aceitamos ser tratadas.

A minha filha foi melhor do que um espelho. Tornou a minha visão muito mais clara sobre o que era positivo manter, aceitar, mudar ou deixar ir. E isso trouxe-me muitas questões, mas também muita clareza. Há 8 anos não renasci apenas como mãe de dois, mas nasci como mulher. Foi o início da minha jornada. A música que sempre pairou na minha cabeça, aquela música "trouxa" da Britney Spears "I´m not a girl, not yet a woman" deixou de fazer sentido. (Julguem-me, andei com esta música na cabeça até aos meus 30 anos. Mais alguém como eu? ahah)

A Estrela fez 8 anos. E eu também. Se com o Gabi ganhei uma nova razão de viver, com a Estrela percebi quem queria ser.

Novamente, claro que as fases da vida são diferentes. Claro que ser mãe de 1 ou 2 ou 3 é muito diferente. Mas, no meu caso, acredito que ter sido mãe de uma menina ajudou-me a perceber muito mais sobre mim.

Mais uma vez, escrevi e não reli. Há muito mais que gostaria de dizer sobre este tópico. Em breve continuaremos a conversa...

Enquanto isso, para quem é mãe, o que me têm a dizer sobre isto?



segunda-feira, janeiro 20

Aprendi a não esperar nada de ninguém.

Estava a olhar para as minhas redes sociais a pensar que por vezes, nos últimos tempos, me sinto um bocadinho egoísta. Tantas fotos minhas publicadas, uma após a outra. E depois lembrei-me que as fotos não dizem muito. Cada uma é escolhida pelo conteúdo. E muitas delas são desafios para mim mesma. Ao mesmo tempo, lembrei-me que um dos motivos pelos quais escrevo e me desafio a partilhar mais e mais, é porque desse lado, felizmente, há muita gente como eu. Pessoas sensíveis, mas fortes. Pessoas que valorizam detalhes, mas que apesar dos obstáculos conseguem sonhar grande. Pessoas que dão valor à vida pela essência que ela nos traz. Pessoas que viveram e vivem desafios e não culpam nem julgam os outros. E pessoas que aprenderam que mais valia não contar com ninguém.

Introduções àparte - vocês sabem o quanto gosto delas - vamos ao tema de hoje...

Aprendi a não esperar nada de ninguém. Aprendi a sobreviver no meio de críticas, no meio de um ambiente em que era colocada para baixo, em que me pediam para ser diferente, onde me tentaram convencer de que ser quem sou estava errado.

Foram as pessoas em quem mais confiei que mais me magoaram. É sempre assim, não é mesmo? Não nos magoam aqueles de quem não esperamos nada.

Mas, a dor de ser magoado por aqueles que esperamos que estejam do nosso lado custa. Fica entranhada. E molda-nos por completo.

Eu transformei essa dor em independência. Aprendi que esperar algo de alguém seria mais doloroso do que fazer tudo sozinha. Aprendi que esperar algo de alguém só me trazia mágoa, dor e frustação. Afinal de contas, quando esperei, acabei por ter que me desenrascar da mesma forma. E muitas vezes, depois de escutar críticas, de me julgarem por ser como sou.

Aprendi que a única pessoa com a qual poderia contar era eu mesma. Afinal, com qualidades e defeitos, eu sou a única que estou sempre comigo, para resolver o que for necessário. Sou independente. A vida ensinou-me que sou autosuficiente, que sou capaz de tudo sozinha.

As lições que a vida me trouxe fizeram de mim a pessoa desenrascada, que não tem medo de nada.

E há algo nisto que gostava de desmistificar. Não precisamos parecer ou agir de forma rude para sermos autosuficientes. Não precisamos de falar alto, nem dizer palavrões, nem usar cabelo curto, nem de vestir calças para sermos capazes de tudo.

Vivemos numa sociedade que ainda associa a sensibilidade à falta de força, à falta de capacidade. Mas está tão errado.

Podemos continuar a ser femininas. Podemos continuar a usar vestidinho curto, salto alto, maquilhagem. Não são os acessórios que nos retiram a capacidade de darmos conta dos nossos afazeres. O que nos traz essa capacidade não se vê, porque vem de dentro, vem muitas vezes da dor que nos ensinou a sermos independentes, a não esperar ajuda.

Há uma ideia errada qualquer na sociedade de que só os homens são capazes de certas coisas, e de que as mulheres precisam deles para se conseguirem virar. Meus amigos... Felizmente não é bem assim.

Eu sou feminina e continuo a fazer tudo. Se um dia me arrumo para sair, e no outro uso fato de treino manchado é porque eu escolhi assim. Eu tenho essa opção. E não será a sociedade nem nenhuma das vozes que me tentaram diminuir que me irão fazer desistir de continuar a ser como sou.

Talvez a sociedade nos tente convencer de que sozinhas não somos nada, porque talvez a sociedade tenha medo das mulheres independentes.




terça-feira, janeiro 14

8 anos de ti. Happy Birthday!

8 anos de ti. 8 anos de nós.

Tanto queria dizer sobre ti. Como tens sido forte meu amor. Como tens sido fenomenal.

Há 8 anos que a minha vida tem mais luz.

Tu és simplesmente maravilhosa. És tudo o que desejei e sonhei. Tu és a incrível combinação do que existe de mais belo: a menina delicada, mas forte. A menina dedicada, mas brincalhona. A menina talentosa. A menina versátil, que tanto anda de vestido como de roupas de treino, a que gosta de brincar com coisas de "meninas e meninos".

A menina que dá os melhores abraços e os beijinhos mais carinhosos.

A menina que me deixa sem palavras, e me enche o coração todos os dias.

Eu sei que tenho falhado tanto contigo, e peço tanta desculpa. Há 8 anos atrás prometi que iria proteger-te de tudo. E falhei tanto. Mas eu sei que um dia tu compreenderás que eu tentei. Mas tu sabes que estarei sempre do teu lado, mesmo quando a vida fique difícil.

Tu és a minha menina Luz. E o teu nome resume tanto sobre ti. És a minha Estrela guia. Obrigada, meu amor!

E porque as celebrações ainda não terminaram,

HAPPY BIRTHDAY MY LOVE!

I LOVE YOU!




segunda-feira, janeiro 13

Cuida de ti.

A vida ensina-nos tanto, se quisermos aprender.

A mim ensinou-me, desde cedo, que o mundo nem sempre é perfeito. Que às vezes a perfeição esconde tantas imperfeições, que só quem as vive as conhece de verdade.

A mim ensinou-me que, nem sempre, teremos as pessoas do nosso lado e que, às vezes, precisamos lutar sozinhos.

Sempre me deixei afetar demais pelos outros. Não por culpa deles, mas por minha própria culpa. Afinal de contas somos os únicos responsáveis por nós mesmos.

Olhamos para os outros e para o mundo através dos nossos próprios olhos e, de certa forma, esperamos deles o mesmo que lhes desejamos. Por outras palavras, tratamos os outros de acordo com os nossos valores e esquecemo-nos muitas vezes que os valores deles podem ser diferentes.

O problema de algumas pessoas continua a ser a falta de capacidade para se colocarem no lugar do outro, o egoísmo de acharem que o mundo gira em torno de si mesmos. Há uma falta qualquer de empatia generalizada que transforma as pessoas em pessoas com as quais é difícil lidar.

Acredito que por muitas palavras que usemos para descrever os outros, nada os fará mudar.

Os únicos que podemos mudar somos nós mesmos. E para que sejamos capazes de o fazer teremos que cuidar de nós.

Cuida de ti! é o tema de hoje. Porque tantas vezes precisamos de nos relembrar que se não cuidarmos de nós, ninguém irá cuidar.

Se estás a ler isto, lembra-te que para que te sintas forte o suficiente para lidares com pessoas que de alguma forma mexem contigo, terás que priorizar o teu bem estar. Eles não mudam, mas tu podes mudar! Por ti!

Cuida de ti!