sexta-feira, novembro 27

DAILY ROUTINE

 Bom dia,


Consideram as rotinas importantes? A que nível? As vossas? As das crianças?

Por cá, considero as rotinas uma mais valia.

Desde sempre criamos os nossos quadros de rotina. Em 2016 partilhei um vídeo no youtube onde vos mostro o quadro de rotina da época do Gabi.

Durante a quarentena tentamos voltar às rotinas, perdidas no meio de tantas mudanças. A versão que construí para a Estrela foi esta, em estilo janelinha, onde por fora apareciam as rotinas da manhã e por dentro, as rotinas da noite. Ajudou imenso naquela fase.

Neste momento, e com rotinas novas estamos a trabalhar no novo quadro de rotinas. Em breve partilho convosco, mas queria deixar mais esta sugestão.

O que vos parece?






quinta-feira, novembro 26

ATIVIDADE DO DIA: A letra do livro

 Bom dia!


Voltamos a uma atividade?

Desta vez, trago-vos uma das atividades da quarentena. Distribuímos vários livros pela sala e fomos colocando uma letra associada a cada título.

No final, colocamos a letra E de Estrela. E o jogo ficou completo :)

Fizemos este jogo várias vezes e iremos repetir por cá.

É ótimo para estimular, sobretudo, o gosto pelas letras.






segunda-feira, novembro 23

Demorei anos para perceber...

Demorei anos para perceber. Toda a vida ouvi falar sobre ser elegante, sobre parecer bem, sobre vestir bem. Havia um padrão qualquer, que mesmo sem o definir, ele fazia parte dos meus planos.

Mas foi precisamente no momento que decidi olhar para dentro, que comecei a entender o meu verdadeiro valor.

Demorei muito mais tempo do que desejava. Demorei muito mais tempo do que gostaria. Chorei muito mais do que queria por não saber o meu valor. Não que agora me sinta a melhor pessoa do mundo. Mas aprendi a não sentir-me a pior.

Aprendi que o nosso valor não se mede pelo que os olhos nos mostram, mas pelo que fazemos quando ninguém vê. Aprendi que o nosso valor não está nas obras que os outros vêem, mas naquelas que construímos sem ninguém ver. Aprendi que o nosso valor está para além do que queremos mostrar. Está na nossa capacidade para nos colocarmos no lugar do outro, de o compreendermos, de nos ajudarmos, de dar de nós mais do que alguma vez recebemos. Percebi que o nosso valor está nas coisas mais pequenas, naquelas que ninguém valoriza, mas que ninguém seria capaz de fazer.

Não me sinto mais do que o outro nem melhor a ninguém por ter percebido que o valor está dentro de nós. Mas aprendi que tenho algum valor. E isso basta.

Passamos tempo demais à procura de um protótipo de imagem perfeita, de um peso ideal,... Passamos tempo demais à procura de uma imagem que todos possam apreciar, de usar roupas que todos possam invejar... Mas esquecemos que o valor de cada um de nós não reside em nada disso. Esquecemos que a roupa disfarça a bondade e a maldade, da mesma forma. Esquecemos que o corpo é apenas o resultado do tempo que lhe dedicamos. Mas o nosso valor não. O nosso valor é o resultado do que dedicamos também ao outro. E essa é a parte mais difícil de compreender. O nosso valor não está na nossa imagem. Está no nosso interior. 





sexta-feira, novembro 20

Despedidas dos nossos locais preferidos

Antes de sairmos de Portugal e, mesmo com toda a azáfama, procurei revisitar todos os nossos locais habituais.

Um dos locais dos quais nos despedimos foi a Biblioteca.

A nossa era a Biblioteca Almeida Garrett, no Porto. Era nossa tradição participar nas horas do conto (as possíveis), explorar livros e filmes novos para levar para casa.

Era um dos locais que frequentávamos com toda a regularidade possível, dependendo da fase em que nos encontrávamos.

Na última ida à biblioteca, devolvemos todos os livros que tínhamos connosco, passeamos e recordamos o que costumávamos fazer por lá sem pressas, apenas para apreciar aquele local.

Com os outros sítios, para nós muito especiais, como os nossos parques infantis mais habituais tentei fotografar e filmar o que foi possível, sempre com o intuito de nos despedirmos deles.

Não saberíamos se regressaríamos ou não, mas eu queria que o Gabi e a Estrela não perdessem a oportunidade de se despedirem dos seus locais preferidos.

Tudo pode estar diferente quando regressarmos. Na bagagem, ficarão as memórias e as fotografias que permitirão recordar cada local e comparar se existem diferenças.





Considero muito importante despedirmo-nos dos locais. Porque fazem parte da nossa história, da nossa rotina, das nossas tradições por um período de tempo. E a cada mudança, deixarão de pertencer-nos da mesma forma. O sentimento que se guarda de cada lugar é único e muito especial. 

Já deixei tudo para trás uma vez e sei o quanto nos tranquiliza esta oportunidade de fixar memórias, de gravar pequenos detalhes dentro do nosso coração.

Espero que o Gabi e a Estrela se recordem de cada lugar da forma mais especial possível, porque neles viveram momentos muito bonitos e marcantes para a sua história de vida.


E vocês, já alguma vez despediram-se de algum local? Acham que os locais por onde passaram foram importantes para a vossa história?


terça-feira, novembro 17

Não pares de crescer!

Meu Gabi...

Meu lindo Gabi...

Estás a entrar naquela fase de rebuliço, de inquietação, de dúvidas e de incertezas.

Estás a entrar naquela fase que te permitirá dar o salto para uma fase maior.

Mas... Não pares de crescer!

Por muito que eu gostasse de voltar a viver novamente mais um dia de ti como o meu bebé, por muito que eu amasse voltar a sentir aquele teu jeitinho tão especial, eu quero que continues a crescer.

Porque, mesmo nos dias em que não encontro forma de te convencer, mesmo nos dias em que já nem sei mais o que te dizer... Mesmo nesses dias é delicioso demais ver-te crescer.

É delicioso poder contemplar cada descoberta nova, cada desafio, cada aventura...

É delicioso poder sentar ao teu lado e conversar sobre tantas coisas novas.

É delicioso aprender coisas novas contigo, mesmo quando dizes em tom de gozo "que eu não sei nada" (ahah).

É delicioso apreciar as tuas zangas, as tuas justificações (tantas vezes inventadas, ahah).

É delicioso. Tudo é delicioso de verdade. E eu sou uma sortuda por ter esta oportunidade.

E eu só peço à vida que me dê a oportunidade de continuar a ver-te crescer desta forma.

Cresce, meu filho, cresce tudo o que tiveres para crescer.

Eu continuarei aqui, deste lado, a desejar-te o melhor, tal como sempre o fiz.

Adoro-te!




sábado, novembro 14

EXPETATIVA versus REALIDADE

Aquele momento em que demoram mais do que o normal para terminar o trabalho de casa...😅

Também acontece por aí?





Before Leave the Country

A saída de Portugal foi bem atribulada.

Resumidamente, eu estava sozinha com os dois, a tentar dar conta das tarefas habituais e, ao mesmo tempo, a rever toda uma casa e a tentar perceber o que queria guardar, doar, deitar no lixo ou separar.

Tivemos tempos bem desafiantes, e as rotinas começaram a ser quebradas, uma e outra vez. Porque as tarefas eram mais do que muitas e o tempo parecia que voava a cada dia que passava.

Havia burocracia para resolver, entre elas a escola do Gabi, documentação de identificação pessoal, a venda do carro,... Tanta coisa.

A ideia era vir para perceber se conseguiríamos trabalho, ou pelo menos um de nós, para começar. Não havia previsão do dia de regresso a Portugal. Viemos sem data para voltar, mas com a certeza de que poderíamos não ficar. Por isso, não podíamos deixar a casa pronta para uma saída definitiva, mas era necessário que ficasse adiantada o suficiente para a eventualidade de demorarmos para regressar.

Quanto ao estado da casa, nem se fala da confusão que se instalou. Quanto mais se mexem em coisas guardadas, mais coisas se descobrem. Guardamos realmente muitas coisas ao longo do tempo. E por muito que façamos um esforço por não abrir todas as memórias guardadas, perdemos sempre muito tempo a separar cada uma delas.

Tenho poucas fotos destes tempos. É difícil registar momentos quando estamos tão envolvidos em todos eles.

Olho para trás e sei que ficou muito por fazer, mas sei que não tinha forma de ter conseguido fazer mais.


Este foi um dos momentos antes da nossa saída. Irei escrever sobre cada etapa, aos poucos. Aconteceram realmente tantas coisas, torna-se bem difícil descrever tudo de uma só vez.

CREATE YOUR OWN HISTORY

Olá!


Construir uma história pode ser uma boa forma de estimular a criança. Esta é uma atividade que pode ser realizada com crianças de todas as idades. As mais novas necessitarão de maior orientação e de uma história mais simples. As mais velhas terão capacidade para criar algo mais elaborado.


Para além das competências que conseguimos estimular com este tipo de atividades, as histórias são também uma boa alternativa para se aprenderem conteúdos novos.

Podemos criá-las de forma tradicional, em "livro" ou recriar qualquer outro tipo de formato. Por cá, construímos uma história sem legendas, na vertical.

Para isto, recortei a tira de uma folha e colei as restantes para que a folha ficasse o mais comprida possível. Depois é só dobrar no tamanho pretendido e as vezes que pretenderem.

Foi a primeira deste género feita em conjunto com a Estrela. Por isso, simplifiquei ao máximo.

A nossa atividade chama-se "O Prédio dos 10 gatos" e com ela estivemos a ler e a analisar os números e as caraterísticas de cada gato. Podem explorar a história da forma que pretenderem. Explorar as personagens, dando-lhes nomes, caraterísticas e até uma personalidade é uma ótima forma para desenvolver competências que normalmente nos trabalhos de mesa tradicionais não se consegue.




Fica a sugestão.

Construam a vossa própria história e depois contem-me o resultado. Vou gostar muito de saber :)


quinta-feira, novembro 12

MY BABY DOOL

Desejo que sejas...

Forte que nem uma princesa,
Delicada que nem um soldado;
Trabalhadora que nem um rei,
Soberna que nem um escravo;
Livre que nem uma fada,
Encantadora que nem um pirata.

Porque na tua história
Tu podes ser quem quiseres,
Da forma que decidires.

A tua imaginação é o limite
E o teu limite não existe.



ATIVIDADE DO DIA: Escavação

 Olá!


Hoje trago uma atividade muito especial. Era uma das atividades preferidas do Gabriel e, por este andar, ganhará lugar entre as preferidas da Estrela também.

Não é novidade que as crianças adoram explorar coisas novas, descobrir segredos e tesouros escondidos. Seja pela casa, no meio da areia, do jardim ou de atividades preparadas (arroz, farinha, gelo, gelatina...)

E não é novidade também que os dinossauros ganham um grande destaque para elas.

As atividades de escavação de dinossauros combinam estes dois interesses. E melhor ainda permitem estimular competências ao nível da motricidade fina, tão falada por vários pais.

Aqui, comprei um conjunto de escavação para os dois cá de casa.

Encontrei na internet 3 opções de set de escavação, como podem ver pelas imagens abaixo. Deixo o link para cada uma das lojas (jumbo, fnac e toysrus). Estão organizados do mais barato para o mais caro:







À excepção do set de escavação do jumbo, achei os outros um bocadinho dispendiosos uma vez que só permitem uma utilização. Mas encontram-se preços mais acessíveis no aliexpress. Basta pesquisarem por "escavação dinossauros" e ireis encontrar tantas opções diferentes, desde ovos para escavar a conjuntos maiores.

Experimentem ;)

quarta-feira, novembro 11

Vamos falar sobre birras?

Já pararam para pensar que o problema das birras não são as crianças, mas somos nós?

Pois bem… Eu passo a explicar. As crianças manifestam-se através de gestos, de vocalizações, de tentativas de expressões…

Por muito que lhes tentemos ensinar sobre emoções, a gestão de cada uma delas virá com o tempo e o amadurecimento. Pensem em vocês mesmos: são capazes de parar e identificar todas as emoções que estão a sentir? E são capazes ainda de as verbalizar ou exteriorizar no mesmo momento sempre da melhor forma? Pois... Talvez não. Talvez guardemos muitas emoções para nós, talvez algumas nem saibamos ao certo como as demonstrar. As crianças não são muito diferentes de nós. Elas exteriorizam aquilo que sentem. Mas não esperam o momento ideal para partilhar aquela emoção: elas transmitem cada uma delas na hora.

E sabem o que é mais curioso? É que grande parte das vezes manifestam-se em espelho do que estão a receber. Eu sei que muitos pais não aceitam isto de forma assim tão simples.

Não há dúvidas de que uma criança que absorve stress, medo, frustração, raiva do meio… E irá transmitir cada uma das suas emoções de forma mais ou menos descontrolada, de forma mais ou menos controlada, de acordo com o que vê.







Sempre defendi que a melhor regra de todas para evitar uma birra, é evitá-la. Ou seja, dar à criança a atenção e o suporte que ela necessita antes mesmo de estar perdida no meio de tudo o que está a sentir. Com o Gabi foi muito fácil evitar as birras. Com a Estrela houve vários momentos em que a birra descambou. E dei por mim a pensar o porquê. Mas dei por mim, ao mesmo tempo, a olhar para mim, a refletir sobre as minhas atitudes e a retomar, aos poucos, a minha forma de ser. O cansaço acumulado de noites mal dormidas, o peso da responsabilidade por todas as tarefas que nos são exigidas e aquele sentimento chato de mãe que se sente constantemente a falhar com algum dos filhos tornaram-se, por algum tempo, os meus piores inimigos. E precisei de parar. E foi aí que todas as teorias que defendi no tempo do Gabi se tornaram ainda mais reais.

Educar uma criança sem birras é muito mais fácil do que julgais.

Basta 3 coisas essenciais: paciência, tempo e compreensão. Mas, antes de exigirem dos mais pequenos cada uma destas coisas, obriguem-se a cumprir cada uma delas, sobretudo na sua presença.

Ao longo dos anos, foram várias vezes que troquei mensagens com outras mães para lhes dar força, para lhes mostrar que as birras podem ser facilmente geridas e grande parte delas, eliminada. E o feedback que fui recebendo deixou-me sempre muito feliz.

Grande parte das vezes, o problema somos nós. Nós que entramos em modo automático, que depositamos culpa nas crianças e esquecemos de respirar fundo e recomeçar uma nova história, sem birras.

 Se vocês estão a passar por um momento de birra, façam o teste:

A partir de amanhã, sempre que a criança fizer birra, ao invés de tentar afirmar coisas como “lá está novamente a fazer birra, já nem sei o que lhe faça; é sempre a mesma coisa; passa a vida nisto…” ou outras coisas do género… Parem, aproximem-se dela, questionem-na de forma subtil e doce: estás triste? Chateada? Queres ajuda? Queres um abracinho? Eu sei que estás triste, por isto ou aquilo… Mas a mamã vai ajudar… E não precisam de dar tudo o que ela quer. Mas precisam de lhe dar toda a atenção que ela está a pedir.

Tentem respirar fundo, falar com ela, e antes dos acontecimentos surgirem, tentem explorar o que irá acontecer de forma leve, positiva e feliz. Porque mesmo os momentos chatos são bons por algum motivo. Quanto mais não seja porque são necessários. Por exemplo: limpar é uma coisa chata. Mas é tão bom quando tudo fica a brilhar.

Tentar ver o lado bom das coisas e mostrar às crianças que tudo pode ter um lado melhor, fá-las desfocar do que as entristece, mesmo que tenham o direito de permanecer felizes até encontrar um novo motivo que as faça sorrir.

Por isso… Como controlar uma birra? Com calma, muita calma elas irão ser cada vez mais fáceis de lidar.

Se não acreditam, podemos apostar?


terça-feira, novembro 10

A 2 meses de completar 4 anos...

Uma das partes maravilhosas de registar memórias através da escrita é a oportunidade de as poder reler. O sentimento que colocamos nas palavras não se perde e a cada palavra lida recordo com toda a intensidade aquele sentimento.

Fui procurar algumas memórias de quando o Gabi era pequenino e, deparo-me logo à primeira com esta. Tinha que a partilhar convosco. Ou não estivessemos a 2 meses da Estrela também completar os 4 anos. Coincidências maravilhosas.

A 29.04.2013 as minhas palavras sobre o Gabriel foram estas:


«Parece incrível como o tempo passa! Parece que foi ontem que te senti a mexer pela primeira vez dentro da minha barriga que cresceu ao longo de 48 semanas e afinal já se passaram quase 4 anos desde que nasceste, meu pequeno, mas cada vez maior, anjinho Gabriel!


Tu significas tudo na minha vida, tu significas o inexplicável. Tu traduzes à minha vida mais sentido do que tudo o resto junto! Sempre ouvi dizer que ser mãe é algo fascinante, mas agora que o sinto na pele, digo que ser mãe é a coisa mais maravilhosa que existe no Mundo! É vivermos todos os dias um mundo novo, é descobrirmos todos os dias algo novo num novo alguém, que se gerou dentro de nós e que tem de nós tudo aquilo que somos e não somos, tudo aquilo que podemos dar e tudo aquilo que inventamos só para te completar!

Ser tua mãe é a melhor coisa que me podia ter acontecido na vida! Apesar de poderem existir momentos em que arrancar cabelos seria algo que me possa parecer normal, apesar de por vezes me dares vontade de gritar bem mais alto do que o próprio tom da minha voz me permite, ser tua mãe ultrapassa tudo isso! Ser tua mãe é muito mais do que o melhor dos sonhos que eu alguma vez tive ou alguma vez terei.
Amo sê-lo porque te AMO ainda MAIS!

Mas bem... Quase 4 anos, dizia eu!

As tuas constantes evoluções deixam-me tão feliz quanto perplexa! Ver-te crescer a todos os níveis é um prazer...
Estás numa fase tão gira, tão divertida, tão atraente, tão fascinante, tão engraçada, tão tão ... tão tudo!

Resumindo alguns dos teus últimos feitos (e aprendizagens):
1. Adoras imitar! De vez em quando lembras-te e começas a imitar tudo o que os teus papás dizem. E imitas, imitas, imitas... E riste imenso com isso!
2. Dás respostas muito prontas e muito inteligentes.
3. Gabi: "Mamã, gostas de mim até onde? Até ao céu?"
Mamã: "Sim, meu amor. Gosto de ti até ao céu. E tu, gostas da mamã até onde?"
Gabi: "Até aos Planetas e o Mundo inteiro."
:D A primeira vez que ouvi isto deu-me uma enorme vontade de me perder a rir!:DD
Pelos vistos são coisas que aprendeu com o pai :)
4. Os telefonemas dele acabam sempre como os da avó: "Beijinhos, beijinhos, beijinhos." :)
5. Mas agora aprendeu a passar o telemóvel: "Vou passar ao papá, está bem?"»





Tirando a parte de escrever que por vezes apetece arrancar cabelos, que de verdade não me recordo. Recordo o Gabi como uma criança tão tranquila, sem birras, sem qualquer dificuldade a não ser para comer e dormir... E, talvez seja por isso que esta frase está lá. Era realmente um filme para que comesse algo para além da sopa (que durava 2 horas para comer). Enfim... Nem quero pensar, foi quase noutra vida!

Tudo o resto recordo-me como se fosse hoje...

Tão bom arquivar memórias.

ATIVIDADE DO DIA: Numbers with Snail

Bom dia!

Por cá, continuamos a explorar os números de forma bem tranquila. A última atividade surgiu por "pedido" da Estrela. Ela queria brincar com o caracol do seu novo jogo de enfiamentos do lidl.
Rapidamente, criamos um caracol só para ela, a quem ela chama o caracol rápido. :)

Esta é mais uma das atividades que pode ser reajustada a tantos outros temas.

Basta desenhar o caracol e os números. A criança terá que colar o autocolante respetivo no número.
Elas adoram. Sobretudo se sentirem que nos estão a ensinar ;) Esta é mais uma dica que permite o seu envolvimento: se a criança demonstra querer terminar a atividade, invertam papéis e perguntem "Posso terminar eu? Ajudas-me? Como se faz?" E ela rapidamente voltará a atividade muito feliz por vos ensinar :)

Vamos colocar os caracóis para correr?




 

segunda-feira, novembro 9

Quem é a mamã Lu?

Olá!


No início de 2016 contratei um serviço para dar um novo aspeto ao blog. Na altura, era necessária uma descrição sobre mim: Quem é a mamã Lu? Lembro-me de serem muitas as dúvidas sobre o que deveria ou não escrever. Deve ter sido uma das primeiras descrições que escrevi a meu respeito (senão a primeira).

E à boa maneira da Lu, aquela que começa a escrever e não acaba, escrevi uma descrição enorme! Li tantas descrições noutros blogs e eram todas tão pequenas. Nem sei como conseguiram. ahah

Na altura, o Gabi tinha 7 anos e eu era ainda mãe de primeira viagem.







Quase 5 anos depois,com mais uma filha pelo caminho e tantas histórias de vida, está na hora de rever o que escrevi.

Mas antes de o fazer, convido-vos a lerem a primeira descrição e a deixarem a vossa opinião com base no que já sabem sobre mim. Será que mudei assim tanto? Vou gostar de saber ;)

Leiam tudo aqui:


Apresentação => Quem é a mamã Lu?

ATIVIDADE DO DIA: Looking for...

 Bom dia!

Como atividade para este início de semana trago-vos uma das que têm feito mais sucesso por cá.

Looking for... É uma atividade de exploração, que combina o movimento e o esconde-esconde de objetos com a associação de, neste caso, letras.



Para esta atividade costumo utilizar o quadro de escrever de pé (do IKEA). Desenho as letras dentro de corações e, em post it, desenho as mesmas letras. Começamos pelo AEIOU para ser mais simples. A criança procura o post it pela casa e regressa para o colar no respetivo local no quadro.

Por cá, fazemos a atividade várias vezes seguidas, intercalando quem esconde de quem procura. Como brincamos as duas, uma vez escondo eu, na vez seguinte, a Estrela.

É uma ótima atividade para introduzir as letras. Mas é igualmente ótima para se utilizar com todos os temas que quiserem. Desde cores, a números, a contas matemáticas, a palavras, à combinação de uma palavra com o seu desenho, à procura da letra em falta... TUDO TUDO é válido!

É uma excelente atividade também para treinar a caligrafia, solicitando à criança, no final de cada peça encontrada, para escrever a a letra que existe no post it encontrado.

Como vêem, com um simples jogo podemos recriar inúmeros. Não é difícil pois não? ;)

Ficam as várias sugestões.

Se não tiverem o quadro do IKEA nem outro que permita escrever ou apagar, podem fazê-lo num vidro, por exemplo, escrevendo a marcador (no final sai tudo) ou mesmo numa folha de papel. Se não tiverem post its, podem usar um bocadinho de fita cola, cola, ou apenas deixar que a criança coloque sobre uma base a peça encontrada.

Este tipo de atividades pode ser realizado com todas as crianças, em todas as faixas etárias, bastando ajustar o que se procura.

Brincar é tão fácil, não é?

Espero que tenham gostado desta sugetão tanto quanto nós.

Se fizerem, contem-me tudo para eu poder ver como reagem os vossos meninos :)

Boa Semana*

domingo, novembro 8

To think about...

Olá!


Espero que o vosso fim de semana tenha corrido da melhor forma possível.

Por cá, foi bem aproveitado e deu para fazer um pouco de tudo. Entre filmes, passeio, cuidar da casa e atividades com os meninos, o tempo esticou. Terminamos com saúde e isso é o mais importante.

Para terminar este fim de semana deixo-vos com uma frase. Uma daquelas frases que muitos pais precisam de conhecer, ler e reler até compreender.

Educar é exigente, todos o sabemos. Mas saber quem somos é imprecindível para compreendermos melhor quais os pontos da nossa história e da nossa personalidade que contribuem positiva ou negativamente para a relação que estabelecemos com os nossos maiores amores.

Eles nascem para aprender connosco. E nós, devemos aproveitar esta oportunidade para trabalhar sobre quem somos antes de exigirmos o que quer que seja.

Fica a frase e o desafio: se pensarem nesta semana e no fim de semana que terminam, o que aconteceu que queriam mudar? O que vos perturbou? E porquê?

Façam este exercício sempre que forem capazes e muitas coisas poderão melhorar ;)




GAME: Go Fish

 Olá!


Quais os vossos planos para este domingo?

O tempo frio e, este ano, a propagação do vírus, pedem uma vida mais recatada. Os jogos, desde os mais clássicos aos mais inovadores, são ótimos aliados para proporcionar momentos divertidos a toda a família.


Hoje partilho um jogo muito simples, ideal para todas as idades: o jogo da pesca (em inglês Go Fish). Este jogo dispensa apresentações e acredito que fará parte da memória de tantos de nós.


O que vos mostro nesta imagem foi comprado por cá e contém 4 jogos diferentes. Mas podem jogar com um baralho de cartas tradicional.


Encontram o baralho de cartas com várias temáticas e será sempre um bom presente para o amigo secreto (este ano talvez feito online) ou para lembranças.


















sábado, novembro 7

Expetativa VERSUS realidade

 Olá!


Espero que estejam todos bem desse lado.

Hoje damos início a uma nova rubrica por aqui. Uma série de fotografias que refletem o dia a dia com os filhos, no tradicional jogo de Expetativa VERSUS Realidade.

Quantas vezes não desejamos que o dia-a-dia corra da melhor forma, que consigamos os melhores resultados, mas por vezes, não são nada mais do que dias meio confusos?...

Este é um projeto muito especial. É um dos projetos que arquivei quando fiquei doente, lá no ano em que a Estrela nasceu. Hoje é o dia perfeito para vos mostrar!



Espero pela vossa opinião. :)

Digam-me se isso também acontece aí por casa de vez em quando? ;)

Continuação de um ótimo fim de semana,


Beijinhos

Lu

sexta-feira, novembro 6

Mudar de país? Só com uma condição!

A mudança de país foi pensada durante muito tempo. Antes da mudança, tínhamos alguns objetivos para cumprir, a Estrela precisava crescer um pouco mais, o Gabi aprender inglês e nós precisávamos de preparar uma série de burocracias.

Mas, o tempo foi passando e grande parte das coisas ficaram por resolver. E tantas outras fomos adiando, alterando, adaptando e reajustando porque quanto mais a realidade se tornava concreta mais percebíamos onde os planos tinham que ser ajustados.

A primeira condição que consideramos importante para a mudança estava relacionada com o timming para cada um de nós a fazer. Pensamos e repensamos várias formas de vir para cá.  Pensamos nas hipóteses de vir um e depois o outro, de vir um de nós com os meninos e todas as formas que consideramos possíveis.

Mas, no meio de todas as hipóteses só uma nos movia de verdade: a de nos mantermos unidos, nunca nos afastando uns dos outros.

Desde sempre vivemos muito uns para os outros, passamos por todos os desafios que fomos encontrando em conjunto; não seria na mudança de país que nos haveríamos de separar.

Se é para viver uma aventura, que seja todos juntos, de uma só vez. Para algumas pessoas, era a decisão mais arriscada de todas. A mais dispendiosa e que poderia resultar pior.

Mas na realidade, de todas os planeamentos "furados" pelo covid, este foi o único que resultou na perfeição. A oportunidade de nunca nos termos dividido permitiu-nos viver toda a mudança sempre em família.

Nem sei como seria ficar longe uns dos outros por causa de um vírus que nem se sabe quando irá terminar. Nem sei como seria se tívessemos que esperar divididos pelo dia em que nos podessemos voltar a abraçar. Nem sei, mas nem quero pensar.

Nada acontece por acaso, e se assim é, esta foi talvez a melhor razão.




ATIVIDADE DO DIA: Vestir Princesas

 Olá!


A atividade do dia de hoje é uma atividade adaptada.

Utilizando os desenhos de princesas para brincar com plasticina da totschooling.net nós construímos roupas com papel como podem ver na foto abaixo.

Escolhemos a personagem Elsa porque é uma das preferidas da Estrela.



Já tínhamos realizado esta atividade anteriormente e a Estrela tinha adorado. Desta vez, aumentei o grau de dificuldade e, em conjunto com ela, construímos a roupa com papel rasgado e "amassado" com os dedos.

Realizar atividades manuais com as crianças permite explorar inúmeras competências, estimular a permanência na atividade, o planeamento e execução da mesma, a concentração, e tantas outras competências essenciais nas mais variadas ocupações.

A dica que vos deixo é baseada sempre na mesma: introduzem estas atividades em colaboração com a criança. Não há qualquer problema em construirem em conjunto atividades deste género. Com o tempo, a ajuda necessária será cada vez menor. A vossa ajuda permite captar o interesse da criança por este tipo de atividades e, no fundo, respeitar a sua resistência a este tipo de atividades. Esta é uma atividade bastante exigente para crianças pequenas e a nossa colaboração permite gerir os seus sentimentos de frustração, que podem ser decisivos na vontade de continuar ou até mesmo de tentar novamente uma atividade do género.

Podem utilizar este recurso para brincar com plasticina ou para realizar colagens com os mais variados materiais, pinturas, e tudo o que a vossa criatividade permitir ;)

Conseguem fazer download do documento no site desta página em:

Dress-up totschooling.net


Neste website incrível conseguem encontrar este e outros materiais gratuitos para impressão. É mais um dos que utilizo bastante por cá.



quinta-feira, novembro 5

Prometi não vos falhar, mas falhei…

Prometi não vos falhar, mas falhei…

Falhei quando vos pedi para esperar,

Falhei quando pedi para me deixar descansar,

Falhei quando vos mandei calar.

 

Prometi não vos falhar, mas falhei…

Falhei quando precisei de cuidar um bocadinho de mim,

Porque há muito me anulava.

Falhei quando precisei de energia,

Porque há muito não a sentia.

 

Prometi não vos falhar, mas falhei…

Falhei quando saltamos uma refeição,

Falhei quando vos coloquei a ver televisão,

Falhei quando não o banho passou a ser dia sim, dia não.

 

Prometi não vos falhar, mas falhei…

Falhei quando precisei de respirar,

Falhei quando as forças estavam a acabar,

Falhei quando o piloto automático teimava em não desligar.

 

Prometi não vos falhar, mas falhei…

Falhei quando vos levantei a voz,

Falhei quando vos ralhei,

Falhei quando a cabeça cansada tirou a voz ao coração.

 

E no final de cada uma destas vezes, chorei.

Chorei e prometi a mim mesma tentar de novo, uma e outra vez.


Mesmo que, por vezes, as forças sejam poucas para cuidar de vocês os dois,

o coração nunca ficará cansado de cuidar dos dois,

porque cuidar é uma das mais bonitas formas de amar.






Atividade do Dia: Numbers

A atividade de hoje é uma atividade muito simples: esconder números e peças pequenas dentro de uma caixa com arroz.

O objetivo é procurar e colocar nos respetivos espaços num cartão previamente desenhado (este foi desenhado à mão com marcador na hora da atividade).

Desde muito cedo, as crianças começam a verbalizar os números e a sua sequência de 0 a 10. Mas, elas estão apenas a "debitar" aquela sequência por memorização. A noção de quantidade dos números surge depois. A realização de atividades de contagem como esta, por exemplo, permite tornar mais concreta a quantidade associada ao número. É uma das atividades mais simples.

Não importa que a criança não realize a atividade até ao fim logo nas primeiras vezes. Mais importante é dar tempo à criança para ir adquirindo a noção de quantidade e acompanhar para que não se perca durante a atividade. 

Para além desta aprendizagem podemos associar ainda a estimulação da motricidade fina, por exemplo. Podemos fazê-lo desta forma, apenas com os dedos ou acrescentar uma pinça para dificultar a tarefa.

Quanto aos cartões, podem fazer como eu e desenhar os números, imprimir ou comprar.

Estes números pequenos comprei no aliexpress e as pecinhas numa loja de pechinchas. 😄

Se quiserem posso deixar links para comprar este tipo de materiais, muito acessíveis e versáteis. 








quarta-feira, novembro 4

"E apenas brincar, não chega?"

 Estes dias, num dos textos que partilhei sobre atividades, levantaram a questão “E apenas brincar, não chega?”

 Esta pergunta faz-me pensar em vários aspetos relacionados com tudo o que se tem vivido e partilhado pela internet. Irei deixar-vos alguns aspetos que considero relevantes ter em consideração, não a conclusão sobre nenhum estudo científico.

Em primeiro lugar, temos que situar o que para nós é definido como “não chega”. Posso entender que algo não é suficiente e outra mãe pode entender que é demais. Se pensarmos em doces é muito fácil perceber este conceito. Para uma mãe, dar um chocolate por semana pode ser demasiado (o ideal seria comer apenas em aniversários), para outra, um chocolate por semana pode ser pouco (ela comia 5 por dia e não ganhou diabetes). Este é um exemplo simples e concreto para nos ajudar a definir o que é afinal o “não chega”. Cada um de nós terá o seu “limite” imaginário em relação ao que pretende fazer com os seus filhos.

Em relação às atividades e à estimulação, podemos também ter vários tetos. Uma mãe pode desejar criar um filho que se sinta apenas feliz, outra pode desejar criar um Einstein em ponto pequeno, bilingue, que saiba ler aos 4 anos e escrever o nome manuscrito aos 5. (Exagerei um bocadinho na comparação só para definir que os objetivos podem ser realmente diferentes).

Se eu pensar no “não chega” como algo que será suficiente para que a criança desenvolva dentro dos parâmetros conhecidos como normais “é mais do que suficiente”.

 

Mas, vamos pensar por partes:

 

O BRINCAR DE ANTIGAMENTE VERSUS O BRINCAR DE HOJE EM DIA

Se recuarmos no tempo e pensarmos na forma como brincávamos no nosso tempo e como as crianças brincam hoje em dia teremos várias respostas a esta questão.

No nosso tempo (e não precisamos recuar assim tanto para perceber grandes diferenças) de que fomos estimulados? Quantas atividades estruturadas vocês fizeram na vossa primeira infância? Fizeram alguma? De que tipo? Quem preparou? Onde?

Talvez se recordem facilmente de uma ou outra atividade “diferente” lá pela primária ou ensino básico. Eram poucas e tão fascinantes, não eram?

Sentiram que essa falta de oportunidade para explorar materiais “diferentes” vos deixou longe da “normalidade” ou de um objetivo? Sentiram que ficaram mais condicionados por isso?

E hoje, sentem-se menos capazes por ter sido assim? Por não terem sido sujeitos a uma estimulação precoce criada a partir de atividades preparadas e planeadas pelos vossos pais?

Aqui poderíamos entrar pelo debate de alguns estudos científicos, mas não quero entrar pela base científica, até porque os bons estudos limitam-nos em termos de variáveis e quero debater este tema de forma livre. Vamos simplificar e utilizar apenas a experiência de vida?

 

BRINCAR DE FORMA LIVRE VERSUS BRINCAR DE FORMA ESTRUTURADA

Partindo do pressuposto que a principal ocupação da criança é o brincar, e enquanto terapeuta ocupacional posso diferenciar uma atividade que lhe é apresentada de uma que é criada por si mesma como uma atividade que é estruturada e uma que é espontânea (ou livre), respetivamente.

Imaginando o cenário da atividade que lhe é apresentada, compreendamos que a criança apenas viu o resultado final e nada fez para brincar com aquilo. Se pensarem nas partilhas que veem por aí, quantas atividades apresentadas às crianças foram construídas por elas antes de lhes chegarem às mãos? A criança vê a atividade no momento em que a tem disponível para brincar.

E quantas vezes repetem-se essas atividades? Fazem-se uma vez e arrumam-se para sempre? E se a criança gostar muito? Repete-se no dia a seguir? E no outro e no outro e no outro, sempre que ela pedir?

Por outro lado, uma atividade livre é aquela que a criança criou, a partir de um material ou de algo que lhe deram ou ela própria encontrou. Este tipo de atividade, que a criança prepara dá-lhe, por si só, uma envolvência emocional maior e uma capacidade de planeamento, auto-controlo e criatividade superiores. Ela tem que esperar pelo resultado final para a poder usar. Ela sabe o quanto custou e tem que a cuidar, ela idealizou o conceito e concretizou, ela quer explorar o que acabou de inventar. Nota-se, até pela descrição que o próprio processo é um processo mais demorado, e por si só, já faz parte do brincar.

 

BEBÉS VERSUS CRIANÇAS

Não podemos esquecer de algo fundamental: os dois grandes grupos de crianças: os bebés, dos 0 aos 3 anos, que requerem muita atenção e muita orientação e as crianças a partir dos 3 anos, idade a partir da qual começam a revelar um crescente potencial para desenvolverem as atividades que mais as estimula.

Imaginemos os bebés e voltemos atrás no tempo. Imaginem-se bebés, com base no que se recordam ou vos contaram: Quantas atividades eram planeadas? Quantas vezes meteram a mão no arroz, na gelatina ou na tinta para procurar objetos ou apenas explorar livremente? Talvez não se recordem de histórias deste género (e a recordar, talvez sejam poucas). Mas certamente recordar-se-ão das vezes que foram ao parque passear, andar de triciclo, às cavalitas, de fazer o avião, dos assobios e de todas essas atividades que grande parte dos familiares produz quando pega um bebé no colo. Não precisavam (ou praticamente não precisavam) de objetos para brincar.

Há uma mudança significativa na forma como a nossa sociedade vive atualmente e essa forma de viver difere de região para região, de país para país. Na sociedade em geral, em Portugal sobreutdo, uma das grandes diferenças que encontramos é o número de elementos que rodeiam as crianças. Hoje em dia o número de elementos em redor de uma criança é menor. As crianças vivem mais isoladas, longe de uma comunidade segura e diversificada o suficiente para a estimular. As crianças possuem menos pessoas de referência porque as famílias tendencialmente são mais pequenas.

Em relação aos bebés, há uma maior necessidade de se "reinventarem" atividades e formas de o "entreter". Defendo que se um bebé pequeno não frequentar a creche é realmente importante que os pais se dediquem a ele. Mas no fundo, defendo sempre isso. É nosso dever enquanto pais estar presentes para os nossos filhos, sobretudo nas idades em que mais precisam de nós. E por muito que seja aliciante criar atividades diversificadas e explorar tudo o que vemos por aí, não há uma real necessidade inventar-se demasiado. Aproveitar o que a natureza nos dá e as ferramentas que o nosso corpo nos permite criar serão boas formas de permitir à criança a estimulação de todos os seus sentidos e de colocar à prova todas as suas competências. Assim, e no meio de uma rotina, muitas vezes, exigente, basta utilizar os elementos da natureza, a voz e o próprio corpo para criar atividades bem estimulantes e ótimas para o desenvolvimento da criança.

Claro que tudo isto aplica-se se a criança apresentar um desenvolvimento padrão dentro dos parâmetros conhecidos como normais. Crianças que evidenciem sinais de alarme necessitarão de um acompanhamento especializado, de forma a potenciar a estimulação de competências específicas. E está mais do que provado que qualquer intervenção precoce permitirá melhores resultados. Mas isso é como outra doença qualquer. Uma criança que não vê bem ao longe precisará de óculos para ajudar a ver melhor. A sua natureza não lhe permite chegar mais longe, mas uma ajuda extra pode permitir-lhe ter uma vida “normal”.

 

Relativamente a crianças maiores, sobretudo a partir dos 3 anos, 3 anos e meio notamos um crescente aumento de competências e a brincadeira flui cada vez mais naturalmente. Ela é capaz de recriar vários cenários, de explorar e dar vida a diferentes materiais e o seu tempo de permanência em cada atividade é cada vez maior. Da mesma forma, defendo que devemos estar sempre de olho na criança e, no caso de estar sózinha connosco, devemos fazer-lhe companhia. Conheço realidades diferentes e não se podem esquecer as crianças que são "abandonadas" dentro da sua própria habitação. Pais que cuidam mais deles do que dos próprios filhos continua a ser uma realidade, infelizmente. Mas, se estivermos disponíveis para aprender com elas, se pararmos para as escutar, elas irão conduzir-nos com muita naturalidade para o que pretendem explorar. Quando há irmãos é mais fácil criar mais momentos de interação. 

AFINAL, BRINCAR É SUFICIENTE?

Brincar é fundamental. É (ou deve ser) a principal ocupação de qualquer criança.

Promover atividades diferentes às crianças é ótimo, mas na realidade, o que produzimos de forma natural no nosso dia-a-dia cria um impacto maior na sua personalidade e forma de viver. A relação que estabelecemos com elas, a forma como as orientamos, a forma como cuidamos delas e a forma como as introduzimos nas nossas tarefas é crucial para todas as aprendizagens que ela possa vir a ter.

Sou apologista da estimulação precoce por todas as razões e mais algumas que trago da minha área profissional. Mas sei, enquanto mãe, a dificuldade que existe em criar um equilíbrio entre todas as variáveis que constituem o dia-a-dia de tantas mães, muitas como eu, com uma rede de suporte muito curta ou inexistente. Por isso, para vos tranquilizar, posso apenas dizer: as crianças chegam lá, na grande maioria dos casos. Não são necessárias atividades XPTO ou muito atrativas ao olhar (ao nosso e ao delas). Para mim, é ótimo explorar coisas diferentes, é ótimo contemplar o comportamento da criança. Mas, não temos que ser todas iguais. E, se quiserem e conseguirem incluir uma ou outra atividade diferente, apenas desfrutem do momento. Apreciem a forma como a criança se envolve na atividade e como é capaz de brincar. Senão, levem a criança convosco para todo o lado, conversem com ela, cantem, dancem e leiam juntos. Será mais do que suficiente.

Não se preocupem se não desenvolvem atividades muito diferentes das que fizeram parte do vosso percurso. Não é necessário ser criativo para permitir à criança um desenvolvimento normal e feliz. E há sempre aqueles jogos básicos, que todas as crianças acabam por receber e que são ótimas ferramentas para as "testar": os jogos de tabuleiro, dominó, puzzles, plasticina,... E tudo o que a natureza e comunidade nos coloca à disposição.

E lembrem-se sempre: dar à criança a oportunidade de não ter com o que brincar é por si só uma forma de a estimular. Ela sentirá necessidade de criar algo para se "entreter". Afinal de contas, ela só pensa em brincar ;)

Por isso, à pergunta “não basta apenas brincar?” Acho que já vos dei uma resposta.


PS: Poderíamos analisar mais variáveis, mas acho que abordei algumas das mais "importantes" para a questão que foi levantada.

E vocês, o que pensam sobre tudo isto? Afinal, apenas brincar é ou não suficiente?