terça-feira, julho 12

É ou não é difícil ser mãe de um adolescente?

É ou não é difícil ser mãe de um adolescente?

É ou não é desafiante?

É ou não motivador? Interessante?

Pois é…

De repente (não de repente, mas por vezes, dá essa sensação), os filhos crescem e tornam-se donos da sua própria opinião.

As crianças que outrora aceitavam sem questionar tudo o que lhes tínhamos para oferecer, agora começaram a duvidar e a questionar se tem mesmo que ser assim.

E, como se não bastasse, ainda adicionam vontades próprias, que muitas vezes são diferentes das nossas.

Querem fazer o que lhes apetece, no horário que eles próprios tendem a definir (ou será impor?).

Desconsideram-nos vezes sem conta, afinal já não somos mais os seus heróis.

É ou não é difícil aceitar que tudo, de repente, mudou?

Pois é… Eu ainda acredito que parte deste ajuste é nosso. Eles vivem a nova fase, mas não a viveremos nós também?

Até que ponto a nossa capacidade de aceitação e de ajuste tem ou não impacto com o que eles agora são?

Até que ponto não seremos nós um elemento de stress e causador de parte da confusão?

Até que ponto estaremos nós preparadas para assumir que somos, finalmente, mães de adolescentes?

Até que ponto não estaremos presas a medos, embora que irracionais, de coisas que lhes podem acontecer de mal? Afinal, agora são eles que irão decidir o que querem aceitar ou não.

Ainda acredito que parte desta jornada é nossa. E como tal é também para mim que devo olhar. É sobre mim, em primeiro lugar, que devo refletir.

Quais são os vossos maiores medos? O que mais vos preocupa? E ainda, o que tem sido mais difícil por aí?

Contem-me tudo, iremos explorar cada um desses pontos nas próximas semanas.

 

(Continuaremos por aqui, sem stories, porque o meu telemóvel partido não funciona).




segunda-feira, julho 11

Sem telemóvel... Mas com uma questão?

 Continuo sem telemóvel... E assim ficarei até encontrar um bom negócio (é forreta que chama? É sim senhor!).


Hoje não vos trago uma história, uma ideia ou uma reflexão. Mas juro que só vim aqui depois de refletir sobre um assunto que se escrevesse agora podia dar que falar. Prometo que partilharei em breve o que hoje escrevi só para mim.


Entretanto... Contem-me, se quiserem contar: O que mais vos inspira em alguém? Vocês partilham isso com todas as pessoas que vos inspiram? Ou guardam só para vocês?


Vou gostar muito de ler as vossas respostas. :)


Uma Boa Semana para todos,

beijinhos,

Lu





quarta-feira, julho 6

Ansiedade Infantil: 5 Dicas práticas que podem ajudar o seu filho!


Todos nós, em geral, uns de forma mais profunda do que outros (se é que o posso dizer desta forma) conhecemos a ansiedade. A ansiedade é algo normal e comum a todos os seres humanos. O desconhecido, o medo desenvolvido através de experiências prévias ou até o medo irracional, muitos deles, associados a diferentes etapas do desenvolvimento, propiciam a experiência de ansiedade. Entre elas, a ansiedade infantil.

 

Antes de pensarmos em estratégias para lidar com a ansiedade é importante perceber o que é a ansiedade afinal.

 

Apesar de a associamos, frequentemente, a algo difícil e doloroso, a ansiedade é uma emoção normal. Ao som da palavra “ansiedade” pensamos quase automaticamente em algo que surge fora do nosso controlo e nos leva para um estado menos confortável. E esta associação, que carregamos por múltiplas razões, acaba por passar para os nossos filhos.

Querem saber como?

 

Antes de entrarmos na parte que vos quero falar, há que relembrar que nem todos os sintomas de ansiedade podem ser atenuados APENAS com estratégias práticas. Há que ter em consideração que a ansiedade pode resultar numa perturbação, que pode surgir em qualquer idade. Desde os mais novos aos mais velhos, todos estamos suscetíveis a experienciar uma perturbação de ansiedade. Nós, adultos, podemos precisar de ajuda profissional, de recorrer a um psicólogo ou psiquiatra, com as crianças devemos fazer o mesmo (o psicólogo e o pedopsiquiatra podem ajudar).

 

A ansiedade infantil pode ser causada por fatores hereditários, aprendizagem do meio, estilos de educação parental ou até mesmo a por situações de vida.

Há ainda que relembrar que as crianças passam por etapas de desenvolvimento diferentes, durante as quais apresentam medos comuns. O medo de ficar sozinho, de dormir num quarto escuro, de monstros, por exemplo, são alguns dos medos mais falados.

 

Enquanto mãe e terapeuta ocupacional procuro sempre focar a minha intervenção ou forma de viver à parte que posso controlar. De forma simples, procuro sempre e, em primeiro lugar, compreender se algo no meio onde as minhas crianças estão inseridas, na forma como me sinto ou na forma como interajo com as minhas crianças está a contribuir para determinada situação.

 

Desta forma, iremos focar-nos em dicas que podem ajudar as nossas crianças de forma prática. Apesar de acreditar que as dicas que irei deixar-vos são ótimas dicas para aplicarem com qualquer criança, sei que podem não resultar com todas. E nesse caso, será necessário procurar ajuda e investir um bocadinho mais, mas por ser demasiado complexo entrar por aí, hoje não irei entrar por aí.

Por isso, antes que leiam as dicas que vos quero deixar, lembrem-se que estamos apenas a falar de uma parte dos casos.

 

Primeira dica: Avaliação

Acredito que, antes de qualquer estratégia, é necessário fazer uma boa avaliação. E a avaliação não deve ser apenas baseada na criança e nos sintomas que ela apresenta. Obviamente que a criança deve ser o ponto de partida e é muito importante estarmos atentos a todos os sinais e identificarmos todos os sintomas emocionais, físicos ou comportamentais. Uma dor de barriga, um pedido para ficar em casa, um pedido de colo “a mais”, uma queixa extra, a falta de apetite, a irritabilidade e algumas dificuldades em dormir são apenas alguns dos sintomas que são importantes identificar.

 

Depois de identificados os sintomas é importante compreender a sua duração. Há quanto tempo surgiram? Têm acontecido de forma continuada ou intermitente? Conseguem identificar algum motivo para que esses sintomas tenham surgido? Por vezes, os motivos são facilmente identificados. Outras vezes não. Por isso é muito importante passar à etapa seguinte…

 

Para qualquer um dos sintomas é importante compreender TODOS os contextos onde a criança está inserida: o contexto familiar, o contexto escolar e todos os outros contextos que ela possa frequentar. É importante identificar se algo mudou, se algo a deixou triste, se de alguma forma, algo a está a perturbar. Por vezes, as crianças chegam a casa e dizem que não querem ir à escola, não porque a escola esteja a ser difícil, mas talvez por outras razões. Por vezes, é porque a mãe ou o pai mudou de trabalho, de rotinas, ora porque está mais presente ou ausente, ora porque está mais agitado ou isolado, impaciente ou irritado. Como criança que é, é normal que tenha dificuldade em expressar o que a preocupa de verdade. E é normal que projete esse desconforto noutras áreas.

 

Por isso, acredito que antes de qualquer estratégia é importante analisar tudo isto e recolher o máximo de informação.

Conversar em família, compreender o que mudou dentro da própria casa a nível de rotinas, de pessoas que a frequentam, de atividades que realizam. Conversar com a escola para compreender como a criança tem estado, com quem tem brincado, se há algo mais para além do que conseguimos ver.

 

Depois… Como sempre digo: olhar para dentro de nós mesmos. Como estou? Como me tenho sentido? Ansiosa? Preocupada? O que tenho feito? Algo diferente? As crianças são sensíveis a alterações e elas compreendem quando também estamos preocupados. Compreender como estamos e tentar reajustar algo se for necessário será importante antes de passar à fase seguinte. Por vezes, este passo é crucial para que os passos seguintes resultem ou não…

 

A fase das estratégias.

Um dos nossos comportamentos frequentes perante crianças ansiosas é o evitamento. Nenhum pai/mãe gosta de ver um filho sofrer. E como não as queremos ver ansiosas, tentamos protege-las dessa emoção. Pedimos que não fiquem ansiosas, prometemos que vai passar, dizemos que vai ficar tudo bem, e por aí fora. É necessário contrariar este comportamento e passar do evitamento à aceitação. É bom que as crianças saibam o que é a ansiedade e mais importante ainda, que a saibam identificar, reconhecer e gerir.

 

Segunda dica:

Por isso, a dica seguinte é: dêem-lhe espaço para que possa sentir como é, para que possa “conhecer” a ansiedade. Mas, como? Explicando-lhe o que isso é. Explicando-lhe que sentir ansiedade é normal. Que toda a gente sente o mesmo quando faz algo pela primeira vez. Sou muito apologista dos exemplos práticos. Para uma criança, que nunca viveu uma determinada situação e para a qual o pensamento abstrato ainda está em construção, é importante compreender a situação de forma mais clara. Demonstrem, com exemplos práticos, que nós também nos sentimos ansiosos quando fazemos algo diferente, que nos sentíamos ansiosos quando fazíamos algo pela primeira vez, quando tínhamos a mesma idade que ela. Com exemplos, torna-se mais fácil para as crianças entenderem a mensagem. Sobretudo com crianças pequenas, é importante partilhar uma história que seja simples, concreta e fácil de compreender. Não incluam demasiada informação. Usem apenas a informação necessária para que a criança consiga focar a atenção no que é realmente essencial. A comunicação tem poder. E com crianças esse poder é quase surreal. Uma boa comunicação, descomplicada e focada apenas no essencial pode transformar uma experiência que se esperava difícil numa experiencia prazerosa. Se puderem incluir um exemplo vosso tanto melhor (senão, inventem um na hora, não inventem demasiado, mas façam uns “truques de magia”). Uma “mentirinha” não irá fazer mal.

 

Depois de aceitarmos a ansiedade como algo normal e passarmos a mensagem à nossa criança de que é normal sentir-se dessa forma, é importante passar à ação propriamente dita.

 

Terceira dica

Dependendo da situação, poderá ser importante conhecer o local. Uma visita ao local onde precisam de ir, um vídeo no youtube que mostre o local ou a experiência pode ser vantajoso. Uma das vantagens da tecnologia é a possibilidade de encontrarmos as mais diversas experiências online. Tentem procurar as que transmitem uma mensagem positiva.

 

Se a criança irá ser submetida a uma experiência “exigente” como uma operação, por exemplo, vocês podem explicar parte do processo. Não contem tudo. Nunca contem tudo (pode ser demasiado). Foquem-se nos medos que a criança apresentar. Não explorem mais do que ela contar. Por vezes, somos nós que lhes introduzimos medos sem percebermos. Ao perguntarmos a um filho “tens algum medo?”, por exemplo, ou algo do género, por vezes estamos a escarafunchar problemas que ela nem tem. Mas porque os transmitimos ela vai dizer que sim e isso pode escalar para um medo real (mesmo que, por vezes, possa ser irracional).

Não contem tudo, mas contem algumas coisas. Passem a mensagem de forma positiva, reduzindo os seus medos a algo mais fácil de lidar.

Por exemplo, ao invés de lhes dizerem “Estás com medo? Tens medo que possa doer? Pode doer um bocadinho…” digam-lhe “quando a operação terminar não voltarás a ter as mesmas dificuldades que tens tido. Mas não sabemos muito bem se vai doer, porque todos somos diferentes. Se calhar pode doer um bocadinho mas vai passar rápido, só precisamos de ficar 3 dias no hospital. Sabes, alguns meninos não sentem dor, outros sentem um bocadinho e vamos conhecer muitos meninos que fizeram o mesmo que tu. E sabes, se doer um bocadinho podes tomar remedinho para ajudar. E vamos preparar uma mala especial, podes levar o teu boneco preferido”. A forma como comunicamos, mais uma vez, pode fazer toda a diferença.

Transmitir que não sabem ao certo se irá sentir dor, que existe essa possibilidade mas nem todos somos iguais, que depois de acordar ficará a descansar, e aí enumerem todos os aspetos positivos. Antes de relatarem e focarem na parte difícil, experimentem começar pela parte positiva de forma a captarem a sua atenção. Começar pelo oposto pode prender a sua atenção para a parte difícil e a criança pode perder o foco depois e aí a mensagem positiva já não chegará. Certifiquem-se de que a criança está disposta a escutar. Não adianta conversar se o recetor estiver cansado ou desinteressado.

Resumidamente, ajudem que a criança a focar-se no lado positivo dessa experiência. E só depois, mas durante a mesma conversa, introduzam os desconfortos associados. O poder da comunicação é muito importante e a forma como lhes comunicamos algo faz toda a diferença na forma como irão receber a mensagem e viver a experiência.

Se passarmos a mensagem positiva de que aquilo é importante, mas que é normal sentir medo, desconforto, que é normal chorar, damos espaço à criança para sentir tudo o que tem que sentir, mas sempre com a mensagem de que aquilo é essencial e normal. Que acima de tudo é isso, normal. Acolher, normalizar e relativizar são sempre as melhores estratégias para qualquer situação.

 

Quarta Dica: Outra estratégia que faz parte da minha lista de recomendações é dar TEMPO à criança para ela assimilar a mensagem. Mas não dar tempo demais. Como assim? O tempo que devemos dar a uma criança de 4 ou 5 anos é completamente diferente do que uma criança de 7 ou 8 precisa.

Uma criança pequena não tem o mesmo entendimento sobre o tempo que uma criança maior. Pensem no countdown para o Natal. As crianças pequenas não compreendem o que são 24 dias, enquanto as maiores podem compreender. Por outro lado, usar pistas visuais pode ajudar a criança a não ficar tão ansiosa. Mas isto dependerá da situação, da criança e obviamente da dinâmica familiar.

Outro aspeto que terá impacto é a fase de desenvolvimento que a criança está a atravessar. Por isso, se sentem que a vossa criança está a viver uma fase bastante delicada e tem sido difícil ajudá-la a controlar a ansiedade, não contem tudo com antecedência. Contem perto do acontecimento. Mas até lá, trabalhem para lhe dar estabilidade emocional. Foquem-se em promover rotinas estruturadas e satisfatórias. Procurem ainda, durante esse tempo, passar a mensagem com exemplos de outras situações, utilizando a brincadeira como meio para passar a mensagem de forma bem informal. Outra forma de as preparar pode ser através de objetos. Incluam um objeto (ou mesmo alimento) na sua rotina para que a criança se familiarize com isso antes da situação real.

 

Quinta Dica: Por fim, acreditem em vocês e na vossa capacidade de gestão. Acreditem que, por muito difícil que seja para vocês contornarem esta situação, vocês são capazes de ajudar a vossa criança como ninguém.

E claro, se com todas estas estratégias, implementadas com consistência, sentirem que mesmo assim, a ansiedade não vai embora, por favor, não esperem mais tempo e procurem ajuda de um profissional.

Se por outro lado, identificaram que algo do que escrevi pode ajudar, mas ficaram com dúvidas e gostavam de explorar, estou disponível para conversar. Se puder ajudar, será um prazer. Senão, posso sempre orientar a procurar um profissional diferente.




terça-feira, julho 5

Como está o Gabi, afinal?

 

Como está o Gabi?

 

Assim. Tal e qual um adolescente que busca definir os seus limites. Tal e qual um adolescente que tenta impor os seus limites, também.

 

Perguntarem sobre o Gabi, nesta fase, é mais ou menos como perguntarem sobre o estado do tempo. Ora, uns dias calmo, solarengo, animado, outros dias, turbulento, cinzento, agitado.

 

O Gabi está um adolescente e, como tal, todas as suas emoções estão à flor da pele. Umas vezes de forma intensa, outras vezes de forma mais tranquila.

 

Sei que muitas vezes (pais de adolescentes certamente compreenderão) perguntámo-nos porque tem que ser assim. Sabem que mais, quanto mais reflito sobre esta fase mais acredito que não podia ser diferente. O Gabi está na fase que deveria estar. E isso deixa-me, de alguma forma, tranquila.

 

O Gabi vai à escola, tem amigos, uma ou outra atividade extra curricular. Em casa, os pais passaram de heróis a chatos, o que não é de estranhar. A irmã tanto é a sua companheira de brincadeiras, como a sua desmancha-prazeres. Portanto, creio que está tudo no devido lugar.

 

Para mim, que sou apaixonada pelo desenvolvimento humano, é curioso (e assustador) olhar para o Gabi e perceber tudo o que ele trouxe consigo da infância. Nesta fase, em que eles se querem assumir e fazer as suas próprias leis darem certo, é espantoso ver o quão positivamente ou negativamente os afetamos com as experiências e exemplos que lhes passamos.

 

Confesso que estou numa fase em que preciso de dedicar-me mais a aprender sobre a adolescência. Porque eu acredito que o difícil não é ter um filho adolescente, o difícil é saber como lidar com um.

Mas, essa parte nós podemos explorar, não é verdade?

E é por isso, que às terças teremos encontro marcado para conversar mais sobre esta fase tão temida pelos pais.

Preparados para aprender junto comigo?

Pais de adolescentes, estamos juntos?




segunda-feira, julho 4

Rainha da minha própria vida.

 

Gostava de ser rainha da minha própria vida. Mas, a verdade, é que (ainda) não sou.

Gostava de sentir-me princesa, de sentir que a coroa é minha. Mas a realidade não é bem assim.

 

Nunca fui princesa, nunca serei rainha.

Mas, eu tento. Eu tento colocar a coroa e sentir-me uma.

 

Se, tomar a decisão de nos tornarmos rainhas contar, então eu sou uma autêntica rainha:

A rainha das tentativas. A rainha da persistência. A rainha da resiliência. A rainha da fé.

Afinal, talvez seja um bocadinho rainha da minha própria vida.

Afinal, estou cheia de valores que fazem do meu reinado o único que eu quero viver.

 

A vida não é feita apenas de fases boas. É nas fases difíceis que devemos ter a ousadia de nos sentirmos rainha e tomarmos as rédeas do nosso próprio reinado. Afinal, só temos uma oportunidade para reinar. Afinal, ninguém sabe quando vai terminar.

Se tens algo para mudar, mas se te faltam as forças, recupera primeiro e depois veste a coroa.

Se tens energia mas não sabes por onde começar, imagina-te uma rainha, por onde as mudanças deveriam começar?

 

Estamos a meio do ano. É altura de fazer os balanços necessários e acreditar que seremos rainhas do nosso próprio reinado.

Se não te sentes rainha, faz-te uma!

Eu ficarei aqui para ver-te triunfar!