terça-feira, novembro 23

MATERNIDADE REAL

 MATERNIDADE REAL

Ontem falávamos levemente sobre paciência nos stories. A maioria de nós vive no limite de a perder. Ora por sobrecarga, ora por cansaço acumulado, ora por dificuldade em compreender as emoções, ora por tantas outras razões.

Vivemos sobrelotados de tantos recursos, mas a paciência para os aproveitar não é assim tanta. Vivemos numa era de liberdade e independência tal, mas somos reféns de nós mesmos.

Vivemos numa era onde todos tentamos criar relações bonitas uns com os outros mas depois falta a paciência para cuidar de quem está mais perto de nós?

Porquê?

A resposta não é simples nem unidireccional. A resposta reside numa teia de factores, alguns hereditários, outros culturais, outros pessoais, contextuais, relacionais,... O mundo onde nos envolvemos afeta a nossa resistência e a nossa capacidade para ter mais ou menos paciência. Mas a forma como a perdemos depende de nós. Depende de nós entender e tentar parar antes de chegarmos ao limite onde ela não existe mais. Depende de nós procurar soluções ou estratégias para manter a paz em situações dolorosas e difíceis.

Ninguém é perfeito. Até o ser mais paciente do mundo, em situações continuadas de stress, com limitações ao seu descanso, terá tendência a perder a sua paciência.

Esse ser podia ser uma mãe.

As mães vivem isto. Nós, mães, vivemos sobrecarregadas de tarefas e responsabilidades que ninguém vê. Muitos não entendem. Cultural, social ou pessoalmente somos incumbidas de as desempenhar?

Abdicamos do nosso sono profundo para dormir de olho aberto na esperança de acudir cada barulhinho no silêncio da noite?

Abdicamos do que gostamos para dar oportunidades aos nossos de fazerem e envolverem-se em coisas que eles também possam gostar?

Colocamos em espera projetos e objetivos profissionais para estarmos mais presentes numa fase em que eles mais precisam de nós, a infância?

Elevamos os auto cuidados a um extra e uma forma de quase "recompensação"? E os amigos ficam no mesmo lugar porque se forem de verdade, podem nem ajudar, mas estarão lá sempre que nos apetecer chorar? O casamento ou a nossa relação amorosa nem se coloca em questão? Estamos no mesmo barco, quer queiramos ou não?

➡️Apesar das oportunidades para aprender como gerir emoções serem maiores hoje em dia. Apesar de as oportunidades para integrar um qualquer grupo serem quase universais. Apesar de se defenderem os direitos e deveres do ser humano como algo que deveria ser mais tranversal. A verdade é que as mães continuam sobrecarregadas. E não é um cansaço que se resolva com uma noite bem dormida, uma ida ao spa ou um fim de semana prolongado. É um desgaste mais enraizado. Mais difícil de resolver. E claro, a paciência pode sim estar diretamente relacionada. O que vos aconselho a fazer? A escutarem-se e a colocarem mais limites, antes de chegarem ao vosso limite. Mas limites não só no que aceitam dos outros, mas limites no que também exigem de vocês. Somos mães. Não somos robôs. Quando perdermos a paciência, olhemos ao redor e tentemos encontrar onde podemos intervir da próxima vez para evitar esse estado. Não é fácil. Mas podemos sempre tentar até conseguirmos chegar a um lugar mais calmo e em paz... força mamãs.




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