segunda-feira, fevereiro 12

13 meses.

13 meses. 13 meses completa hoje a Estrela mais brilhante das nossas vidas. Podia começar este texto expressando a gratidão, o amor, as conquistas e a felicidade que irradia do meu peito por estes 13 meses maravilhosos. Mas, para que hoje seja diferente, e aproveitando que 13 é o tão conhecido número do azar, vou partilhar convosco os momentos mais difíceis que marcaram estes primeiros 13 meses de vida de um novo amor nas nossas vidas.
Muitos foram os desafios que enfrentamos ao longo destes meses. Muitas foram as dificuldades que tentamos contornar. Umas vezes desesperamos, outras tentamos ser fortes e acreditar sempre que iriam passar.
Ter um bebé pequeno, de 13 meses, tem muito que se lhe diga. Há momentos para tudo.
Há momentos em que o sono nos transforma em verdadeiros zombies, que devoram tudo o que encontram pela frente, de forma insaciável, irradiando aquele olhar perturbador, sempre sedentos de mais e mais alimento… Nestes momentos, transformamo-nos em robôs, tal e qual os que se vêem nos filmes (nos mais antigos, é claro), vivendo de forma automática, programados pelo chipe mais básico e simples, isentos de qualquer tipo de pensamento novo ou capacidade de raciocínio lógico.
Ao longo destes primeiros meses, nós, mães, abdicamos do nosso papel de mulher, para nos entregarmos literalmente à maternidade. É uma espécie de vida em celibato. Restringimos as nossas vontades, as nossas necessidades enquanto ser humano, abdicamos até das nossas bonitas vestimentas (as mesmas que deixaram de servir durante a gravidez) para utilizar uma espécie de manto ou túnica, sempre com a mesma aparência, de botões ou fecho no peito, preferencialmente (não vá a pequenada chorar desalmada em plena praça pública, cheia de fome… Assim, a “comida” fica sempre à mão…)
A falta de capacidade para vestir todos os papéis da nossa vida, como o de mulher, esposa ou amiga, deixam-nos sobreviver apenas como mãe. Há momentos em que ser mulher ou esposa nos faz muita falta, e outros em que precisamos de uma conversa que dure mais do que 5 minutos com uma amiga. Não é fácil abdicar de tudo ao mesmo tempo, durante tanto tempo. Não é fácil deixar de lado todos os outros papéis que assumimos, com igual paixão. Não vou contrapor dizendo que apesar de tudo, a maternidade é maravilhosa, porque hoje só estamos a explorar os momentos mais difíceis (só para não se esquecerem do objetivo do texto de hoje).

Prosseguindo… Durante estes primeiros 13 meses de ti, Estrela, houve momentos em que senti falta de um banho quente, relaxante, de cortar as unhas (todas de uma vez), de escovar os dentes (sem um chorinho de fundo), de lavar o cabelo (ao invés de o enrolar), de me olhar ao espelho (ao invés de o rejeitar), de ler um bom livro (ao invés de escutar uma canção de embalar...
Senti o meu coração entrar em colapso, sempre que choravas de um momento para o outro, com aquele choro agudo, desesperado, imaginando sempre o pior cenário: aquele em que tinhas caído e possivelmente iria encontrar-te de queixo partido, cabeça aberta e o pior nem digo… Dramas de mãe, quem os não tem? Mas, nestes primeiros meses de ti, as nossas hormonas ficam de tal forma alteradas que nos transformamos num dos melhores realizadores de drama, suspense e ação (dignas de um óscar), sendo que os cenários criados são, normalmente, proporcionais aos nossos medos e à nossa falta de descanso (ou seja, falta de raciocínio lógico, lá está!).

Durante estes 13 meses de amamentação, algumas vezes desejei que as mamas fossem portáteis, que não demorasses tanto tempo a mamar, que dormisses tranquilamente mais do que 2 horas seguidas, sem procurares a “chupeta” que não é chupeta, mas serve de chupeta e de tudo o resto. Várias foram as vezes que supliquei para que adormecesses, porque a resistência falhou…
Durante estes 13 meses, foram várias as vezes que senti falta de um aconchego, de um bom filme a dois, com ou sem pipocas, não importa, mas sem aquela preocupação de ir ver se respiravas, a cada 10 minutos, ou sem aquele sentimento de que “não vale a pena começar o filme porque não terei condições para o ver até ao final”.
Durante estes 13 meses, foram várias as vezes que senti falta de dar um abraço ao mano, em vez de apenas ordens, simples e banais, como mandar vestir, escovar os dentes ou dormir. Ter um segundo bebé em casa dificulta imenso a qualidade do tempo que conseguimos dispensar ao mano mais velho.

Durante estes 13 meses foram estes alguns dos desafios com os quais tivemos que lidar. Houve dias em que consegui fintá-los, mas outros em que senti uma enorme frustração por não ser capaz de ver apenas as coisas boas que vieste acrescentar às nossas vidas.
Completar 13 meses significa muito nas nossas vidas.
E na tua, ui! Nem se fala!

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