Simples assim. O olhos refletem o cansaço, mas também a felicidade de
quem vive a vida de forma simples, que valoriza as pequenas grandes coisas, os
pequenos grandes momentos, passados com as pessoas mais importantes e especiais.
Hoje parei um bocadinho e observei-me numa fotografia. No meu dia-a-dia,
não mascaro a minha aparência, nem a minha alma. Não uso maquilhagem, secador
nem verniz. Acordo, lavo o rosto e visto a pele de mãe, a mesma pele com que
passei a noite… Hoje, ao olhar para essa fotografia, imaginei o que imaginarão
os demais, de mim, da minha aparência, pálida e cansada. E, porque as
aparências nos enganam, iludem ou desiludem, resolvi escrever o que me vai na
alma, porque isso, não há espelho nenhum que reflita, e também não há aparência
alguma que consiga transmitir o que vai na mente e no coração de cada um de
nós.
Quem me vê na rua, no supermercado ou até numa fila de trânsito vê uma
pessoa cansada, com o rosto pálido, as olheiras enormes, o olhar parado no
tempo. Quem me vê lá fora, não faz ideia da quantidade de coisas que se passam
dentro da minha cabeça. Vê um olhar vazio, talvez distante, mas um pensamento
atolado de momentos maravilhosos. Quem me vê na rua, talvez imagine uma pessoa
triste, pela postura curva, o cabelo atado à toa, sem grandes penteados. Mas,
não imagina as cores que o meu coração tem. Quem me vê lá fora, talvez imagine
uma pessoa triste, que deambula sem sentido nas estradas da rua. Mas, quem me
vê na rua, vê apenas o exterior, porque o interior o corpo não reflete. Quem me
vê na rua não imagina a quantidade de amor que existe dentro do meu pequeno
coração. Quem me vê na rua, talvez imagine uma pessoa sem grande vontade de se
arranjar, a julgar pelas roupas, fora de moda, casuais, simples e práticas.
Mas, quem me vê na rua não imagina a quantidade de beleza que os meus dias têm,
nem sequer faz ideia de que não há moda maior do que dar amor a um filho (ou
dois…).
Muitas são as vezes em que, por sermos apenas nós mesmos, ficamos com
receio de sair à rua. Muitas são as vezes, que por imposição da sociedade nos
queremos mascarar, vestir a melhor roupa, colocar o melhor batom. Eu também já
o quis. E continuarei a querer, apenas quando me apetecer. Que sejamos capazes
de nos despir de preconceitos, e assumir os nossos valores, sem camuflagem nem
acessórios. Que sejamos corajosos para nos mostrar ao mundo e esperançosos para
acreditar que o mundo estará disponível para olhar para nós, como seres
humanos, para além do que aparentamos ser. Eu sou mãe, e terei sempre o rosto
cansado. Que este cansaço seja proporcional à minha dedicação. Agradeço cada olheira
por serem resultado de muita entrega, com saúde. Agradeço cada ruga, por serem
resultado de muita dedicação, observação e crescimento. Ser mãe dá-nos a
possibilidade de renascermos, de voltarmos a reviver o nosso passado e a
selecionar o melhor que a vida nos deu, para o transmitirmos como ensinamentos,
aos nossos maiores tesouros.
Obrigada vida, por tudo o que me ensinas e colocas no meu caminho.
Obrigada vida, por todas as montanhas que sou obrigada a trepar. Obrigada vida,
por todos os desertos em que sou obrigada a caminhar. Obrigada vida, por todos
os oceanos com que me vejo perdida, a navegar sem rumo, destino ou direção. Obrigada
vida, por todas as viagens, aquelas que percorro de forma intencional e as que
colocas na minha bagagem, de forma espontânea. Todos os momentos enchem a minha
história de aprendizagens, sabedoria e mais valor. Todos os desafios tornam-me
uma pessoa mais capaz de aproveitar cada nova oportunidade, da forma mais maravilhosa
e responsável possível.
Poderia escrever muito mais, reler e
desenvolver estes pensamentos. Mas, vou dar prioridade a quem chama por mim e,
neste momento, valores mais altos esperam por mim…
Boa Semana para todos vocês! Sejam
livres, vivam a vossa vida, sem pensar nos olhares alheios. A aparência ilude,
mas o coração não.
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