Digo
“sou do tempo”, porque agora não é bem assim.
Antigamente,
uma foto servia de prova para qualquer coisa.
Antigamente,
uma foto resumia histórias sem fim, recordava momentos e pessoas que fizeram
parte de toda uma época ou data especial.
Antigamente,
bastava uma foto para que nunca mais esquecêssemos tudo o que aconteceu naquele
dia…
Com
uma foto recordávamos o quão feliz fomos naquele lugar, recordamos que ali ao
lado vivia alguém, que agora está longe, com o qual, naquela rua, brincávamos
ao peão…
Eu
sou do tempo em que bastava uma foto para que uma parte da nossa história
ficasse registada, tal qual ela existiu.
Hoje
em dia, não é bem assim.
Hoje
em dia, registam-se fotos maravilhosas, momentos perfeitos e pessoas felizes.
Hoje
em dia, as fotos são criadas e recriadas vezes sem conta, por pessoas de todos
os cantos do mundo. São recriadas em locais idênticos, independentemente de a
foto ser registada em Portugal ou na China.
Hoje
em dia, as fotos são alteradas antes de se tornarem fotos palpáveis. Vagueiam
na internet e fazem-nos desejar ter fotos iguais…
Mas,
elas não nos dizem nada. São captadas em datas planeadas, locais selecionados
com precisão. São adornadas de pormenores que não utilizamos no dia-a-dia e,
que muitas vezes, nem fazem sentido existirem no mesmo local.
Hoje
em dia, as fotos são lindas e maravilhosas, mas não nos contam nada. Nem uma
história. Nem o momento que vivemos.
Elas
não nos dizem nada sobre as pessoas, com as quais passamos a tarde, ou o dia,
ou as férias. Porque, por vezes, as pessoas que acompanham estas fotos só
servem para isso mesmo, acompanhar.
Os
cenários são fictícios, as roupas emprestadas e as pessoas transmitem emoções
que se sentem obrigadas a partilhar.
Tudo
é perfeição, tudo é mágico, tudo é um sonho que parece real.
Mas,
faltam-lhes conteúdo, história, memórias…
Faltam-lhes
o essencial. Por isso, hoje em dia, as fotos não valem mais do que mil palavras…
Mas, antes valessem.
PS: Claro que há exceções em ambas as situações. Mas, entendedores entenderão. (ahah)
PS: Claro que há exceções em ambas as situações. Mas, entendedores entenderão. (ahah)
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