segunda-feira, dezembro 17

Eu sou do tempo em que uma imagem valia mais do que mil palavras.


Digo “sou do tempo”, porque agora não é bem assim.
Antigamente, uma foto servia de prova para qualquer coisa.
Antigamente, uma foto resumia histórias sem fim, recordava momentos e pessoas que fizeram parte de toda uma época ou data especial.
Antigamente, bastava uma foto para que nunca mais esquecêssemos tudo o que aconteceu naquele dia…
Com uma foto recordávamos o quão feliz fomos naquele lugar, recordamos que ali ao lado vivia alguém, que agora está longe, com o qual, naquela rua, brincávamos ao peão…

Eu sou do tempo em que bastava uma foto para que uma parte da nossa história ficasse registada, tal qual ela existiu.
Hoje em dia, não é bem assim.
Hoje em dia, registam-se fotos maravilhosas, momentos perfeitos e pessoas felizes.
Hoje em dia, as fotos são criadas e recriadas vezes sem conta, por pessoas de todos os cantos do mundo. São recriadas em locais idênticos, independentemente de a foto ser registada em Portugal ou na China.
Hoje em dia, as fotos são alteradas antes de se tornarem fotos palpáveis. Vagueiam na internet e fazem-nos desejar ter fotos iguais…
Mas, elas não nos dizem nada. São captadas em datas planeadas, locais selecionados com precisão. São adornadas de pormenores que não utilizamos no dia-a-dia e, que muitas vezes, nem fazem sentido existirem no mesmo local.
Hoje em dia, as fotos são lindas e maravilhosas, mas não nos contam nada. Nem uma história. Nem o momento que vivemos.
Elas não nos dizem nada sobre as pessoas, com as quais passamos a tarde, ou o dia, ou as férias. Porque, por vezes, as pessoas que acompanham estas fotos só servem para isso mesmo, acompanhar.
Os cenários são fictícios, as roupas emprestadas e as pessoas transmitem emoções que se sentem obrigadas a partilhar.
Tudo é perfeição, tudo é mágico, tudo é um sonho que parece real.
Mas, faltam-lhes conteúdo, história, memórias…
Faltam-lhes o essencial. Por isso, hoje em dia, as fotos não valem mais do que mil palavras… Mas, antes valessem.


PS: Claro que há exceções em ambas as situações. Mas, entendedores entenderão. (ahah)

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