quinta-feira, setembro 17

E se o início de ano fosse num país diferente?

O nosso foi.

Pois bem… Imaginem um regresso às aulas com todas as variáveis que já conheceis, mas com uma variável nova: ser num país diferente, com uma língua que não é a vossa. Não há nada que seja familiar, nada. Apenas o vírus, porque esse chegou mais cedo.

 

Por isso, não posso dizer que seja propriamente um regresso às aulas, mas antes o começo de uma nova fase.

Dadas todas as circunstâncias e exigências relacionadas com a nossa mudança, tivemos conhecimento da escola pouco antes de começar o ano letivo. Não houve tempo para preparação nem tivemos sequer poder de decisão, não tivemos oportunidade para visitar a escola nem ninguém. Não conhecemos o rosto de ninguém antes do início da mesma. Só dois ou três e-mails trocados com os responsáveis. A lista de materiais, enviada por email, foi adquirida na semana anterior e voilá, eis que a escola começa e lá estávamos nós, prontos para mais uma aventura. O Gabi não fazia ideia qual escola iria começar. Viu-a por fora uma vez, uns dias antes, porque quisemos perceber onde ficava, afinal, a nova escola.

Poderíamos fazer drama, chorar, atirarmo-nos para o chão e espernear, reclamar pelas regras e pela falta de cuidado no que diz respeito à falta de medidas de segurança impostas contra o vírus. Mas não, optamos por uma postura de descoberta e é essa a postura que queremos transmitir e ensinar ao Gabi.

Nada surge de forma controlada. Nada. Os planos podem ser feitos anos, meses ou dias antes. A probabilidade de correr bem ou mal estará sempre lá.

E o vírus? Esse é a única coisa que não mudou. Os cuidados a ter e a manter são os mesmos desde o início de toda esta fase. O Gabi sabe todos os procedimentos de higiene, terá que os aplicar constantemente e não apenas pontualmente, como tem sido até agora. Estará num ambiente potencialmente contaminado e também ele, poderá ser portador. Mas a história havia sido contada muito antes do início do ano. Ele fará a sua parte e, mesmo que seja o único, manterá os cuidados possíveis. Ensino-o, muitas vezes, que a única coisa que podemos fazer para viver em paz é assumir atitudes que nos mantenham de consciência tranquila. Ele fez o que podia e mesmo assim ficou doente? Pelo menos, não ficará a pensar que a culpa foi dele, por descuido. Acredito que peso da responsabilidade é muito pior do que o peso da necessidade de manter os cuidados mínimos.

 

O primeiro dia…

A receção ao aluno foi um bocadinho assustadora: muita gente, todos os rostos e cenários completamente desconhecidos. Um cenário de fundo com um vírus algures, alojado e espalhado em tanta gente. Mas, os cuidados mínimos. Zero distância social, meia dúzia de máscaras e álcool com fartura. Talvez o álcool seja a solução que todos desconhecemos. (vamos tentar rir para não chorar).

No primeiro dia de escola viemos para casa de coração apertadinho, com uma palpitação qualquer, como se o Gabriel nunca tivesse andado na escola antes.

De facto, nunca andou nesta escola nem em nenhuma outra aqui. Tudo é novo. E por muito estranho que possa parecer, no meio de um cenário de pandemia, o que mais nos preocupa neste momento é a língua.

Como irá comunicar-se? Será capaz de expressar as suas necessidades? Como reagirá quando não compreender o que lhe disserem? Como irá processar a nova realidade?

O Gabriel é um menino inteligente. Tem aprendido inglês, mas mesmo assim ainda não é independente. Como irá correr?

 

Como correu o primeiro dia?

Quando o fomos buscar, ele vinha tranquilo. Aparentemente tranquilo. Como se estivesse a absorver tudo o que tinha acontecido. 

Partilhou as coisas boas e más, as suas inquietações. Fez o seu balanço e as comparações, óbvias, com a escola portuguesa.

Não teve mais apoio por ser estrangeiro, mas lá se safou e foi com os outros para onde indicaram.

Recebeu o seu primeiro horário escolar. Tudo novo. Um formato diferente de horário, disciplinas novas, rotinas novas,… Há um mundo novo para descobrir e acho que também eu, ainda estou a tentar processar toda a informação.

 

O saldo da primeira semana…

Numa escala de 0 a 10, digamos que ele avalia a primeira semana acima de 8.

Para nós, é um alívio sentir que o primeiro impacto foi positivo.

Para já, não se podem adiantar muitos pormenores, porque os primeiros dias contam apenas para a primeira impressão. Mas, daqui a uns tempos faremos a devida atualização. Sei que desse lado vocês desejam tanto quanto nós que tudo corra bem. E correrá, vamos acreditar.




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