quarta-feira, janeiro 4

De que cor queres pintar a tua maternidade?

 

Se, em tempos, se pintava a maternidade de cor-de-rosa, e se vendiam fórmulas incríveis para ter filhos perfeitos, hoje em dia tenho a ligeira sensação de que se quer partilhar a maternidade como sendo um bocadinho mais difícil (usando uma linguagem simpática).

Virou trend dizer que a maternidade não é assim tão fácil, que é desafiante, que é exigente, que tem isto ou aquilo de dificuldade, contrapondo qualquer lado positivo. O que isso nos traz? Uma mudança de paradigma, ou seja, de perspetiva. Automaticamente, focamos nessas exigências e esquecemos que a maternidade pode sim ser cor-de-rosa. Porque não?

 

No meio do meu processo de descoberta e desenvolvimento pessoal dei por mim, muitas vezes, a aceitar que a dificuldade faz parte da maternidade. Não existem dois dias iguais. Não existem filhos perfeitos. Não existem mães sobrenaturais. Blá, Blá, Blá…Mas o que me afetou seriamente foi quando percebi que tinha deixado de tentar de encontrar a solução, porque estava apenas focada em aceitar cada desafio como o novo normal.

Talvez porque seja teimosa, comecei a refletir sobre isso e percebi que o que existem são “realidades” diferentes. E é cada uma dessas realidades que vai decidir se a maternidade é mais ou menos “cor-de-rosa”, mais ou menos “exigente”. E essa realidade somos nós que a criamos, com base naquilo que defendemos, na forma como a encaramos.

 

Com o aumento das partilhas e de conteúdo sobre a “vida real”, somos inundados com histórias, muitas vezes defendidas como se fossem a missão que veio para transformar o mundo e acordar os mais sonhadores. No meio disto, deixamo-nos, tantas vezes, contaminar pela visão dos outros. Quer queiramos quer não, passamos a olhar para a nossa maternidade com o olhar da outra mãe. Preocupamo-nos com assuntos que nem são nossos. E, muitas vezes, sem percebermos, levamos para a nossa vida algo a mais, que não nos pertence. E isso, de forma mais ou menos consciente, impacta a nossa postura, expetativa, perspetiva, comportamento e até os nossos sentimentos em relação a nós mesmas, enquanto mães e em relação à maternidade em geral.

 

Se há uns anos, lutávamos todos (os que éramos pais) para tornarmos o nosso dia-a-dia mais “perfeito”, hoje em dia, parece que ninguém quer mais saber. Afinal a maternidade é exigente, por sinal. Caímos no oposto de permitir que cada dia seja imperfeito. E, desculpem-me os mais sensíveis, não tem que ser tão assim.

Partindo do pressuposto que tanto a perfeição como a imperfeição não existem, escrevo estes termos apenas como meras expressões, subjetivas, consoante o ponto de vista de cada um.

 

O que procuram vocês para o vosso dia? Procuram dar o vosso melhor? Ou aceitar que nunca será “perfeito”?

Procuram tentar práticas que resultem melhor? Ou assumir que nunca as encontrarão?

Procuram soluções para os desafios e imprevistos que surgem, por vezes, diariamente? Ou estão focados no problema, sabendo de antemão que não há solução?

O facto de se partilharam tantas experiências diferentes de maternidade pode conduzir-nos a perspetivas diferentes daquela que é a nossa. E isso pode tornar-se meio confuso. Chegamos a um ponto que não sabemos mais se estamos a viver de acordo com os nossos princípios ou de acordo com os princípios das outras mães.

 

Eu sou o tipo de mãe que tenta dar o melhor. Sou aquela que tenta olhar para o lado positivo e, quando deparo um aspeto menos positivo tento encontrar a solução. Ou adaptar, ou remediar a situação. Não sou de todo uma mãe conformista. Apesar de, por algum tempo, ter “entrado” por esse campo. Esta experiência não é assim tão linear, mas dei por mim a dizer para mim mesma “deixa lá, é normal. Deixa lá, é sempre assim. Deixa lá…” Mas não foi nesse deixa lá porque a maternidade não é perfeita, que as coisas funcionaram melhor.

E foi aí que, em reflexão, fui percebendo que também eu estava a ficar contaminada pelo “excesso de informação”, tanta dela descartável, assente em princípios do nada, mas que quando partilhada com convicção e em tanta quantidade nos leva a acreditar que isso é a verdade.

Se assim é, olhem, eu prefiro andar enganada. E prefiro optar por uma maternidade onde irei lutar pelo seu lado cor-de-rosa.

Cada um pinta a sua vida da cor que quer. Isso tem a ver com o foco e atenção que dá ao que está ao seu redor. Hoje, eu escolho dar o meu melhor. E amanhã também. E escolho, acima de tudo, focar nas coisas boas e ignorar as restantes.

Escolho não aceitar que todos os dias serão “normalzinhos” e se existir um “perfeito” é normal. Eu prefiro o oposto, prefiro lutar por dias “perfeitos” e se existir um difícil é porque é normal.

Para este ano, decidi ser cada vez mais eu, decidi que irei ignorar um bocadinho mais que o ano anterior o que se passa pelo mundo. Há muito ruído pelas redes sociais. Eu não quero ser alimentada por ele. Posto isto, a intenção é falar sobre a maternidade segundo aquilo em que acredito, o que defendo como sendo o real, trazendo uma parte de experiência pessoal, outra parte profissional e claro, uma parte de teoria por detrás de tudo isso. Por outras palavras, irei tentar partilhar aquilo que eu chamo o meio-termo. É aí que tento viver. (Apesar de saber que isso não é nada comercial.)

Não há maternidades perfeitas. Nem há maternidades imperfeitas. A maternidade está nos pais. E na forma como a encaramos. Como a pretendem encarar durante este ano? Focando e aceitando os desafios? Ou alimentando dias cada vez melhores?

Podemos tudo. Afinal de contas, a maternidade parte dos pais.

 


Espero que este post faça sentido. Talvez em vídeo ficasse mais fácil transmitir a ideia. Mas a esta hora, o outfit é o pijama, por isso, achei que ficava mal. J

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