Quando tu nasceste, eu estava preparada
para as várias dificuldades e desafios que um bebé pequeno pode acarretar.
Preparei-me para as cólicas, para os sonos trocados, para amamentar, para mudar
a rotina, para gerir um novo bebé e o mano ao mesmo tempo. Estava preparada
para o fazer sozinha. Estava preparada para as mudanças na minha imagem, para
deixar de tomar banho em condições, para deixar de me pentear, de me olhar ao
espelho e até para não dar importância aos comentários alheios.
Preparei-me tanto melhor desta vez! Sentia
que estava bem preparada, principalmente para o que senti mais dificuldade
quando o Gabi nasceu.
Mas, ao mesmo tempo que me foquei na tua
chegada, no mano que iria continuar a precisar da mamã, no papá que iria
continuar a precisar de uns bocadinhos a sós com a mamã, esqueci-me de mim.
Esqueci-me de preparar-me para a eventualidade de uma doença. Esqueci-me de
preparar-me para a eventualidade de surgirem imprevistos que me afetassem a
mim. Talvez ninguém esteja preparado para ficar doente. Talvez ninguém esteja
preparado para ficar sem força, para viver com dores e sentir-se limitado. Na
verdade, talvez não haja preparação possível. Mas, talvez se me tivesse
lembrado que isso podia acontecer, tudo tivesse sido mais fácil. Sou uma pessoa
de planos, que precisa de se “programar”. Apesar de aceitar as incertezas da
vida, sejam elas causadas por nós ou não, gosto de manter o mínimo de
organização. E desta vez tinha tudo planeado para dar certo. E começou por dar.
Os primeiros tempos foram maravilhosos. Tu eras uma bebé tranquila. Eu
acreditava que estava a fazer o que era certo, as coisas pareciam que estavam a
ser muito mais fáceis desta vez. Tudo estava perfeito. Mas, aquele dia…. Aquele
dia em que a dor nas costas apareceu veio mudar tudo. Eu não queria aceitar.
Julguei que ficaria bem novamente, que seria passageiro. Mas não foi. A dor persistiu,
persistiu e persistiu tanto que quis testar os meus limites. E os meus planos
começaram a fracassar… Tivemos que criar o plano b, c, d, e todos os que foram
sendo necessários, porque adoecer não estava de todo nos meus planos. Eu não
estava preparada para enfrentar um desafio tão grande, principalmente na altura
em que sentia mais feliz…
Mas, de nada nos servem os desafios se nada
aprendermos com eles. E eu aprendi tanto, mas tanto que é impossível descrever
o turbilhão que foi gerir tudo isso. Aprendi tanto sobre mim, sobre os outros,
sobre nós. Cresci um bocadinho mais. Tendo ficado mais fraca, tornei-me mais
forte. E hoje sei que posso falar sobre tudo isso sem paralisar.
Um grande beijinho!
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