segunda-feira, agosto 10

Tinha 21 anos...

Tinha 21 anos quando engravidei pela primeira vez.

Tinha acabado de sair de casa para lutar por tudo aquilo que acreditava. Levava na bagagem a experiência de vida, a resiliência, a esperança e a força de viver. Levava na bagagem o amor, os sonhos e a fé de que com amor somos capazes de conquistar o mundo.

Levava a dúvida e o medo do amanhã, mas a esperança de viver uma vida sem imposições, de descobrir o verdadeiro significado da palavra “viver”.

Mas, sábia como é a vida, pouco tempo depois, engravidei. E foi aí, que pela primeira vez, percebi que nada acontece por acaso. Que em cada acaso há uma lição. E, nesse momento, eu percebi que nunca seria livre de verdade. Mas foi precisamente nesse momento que comecei a aprender, de verdade, o que é viver.

Percebi que o sonho ou a ilusão de viver uma vida longe de imposições, sem horários ou restrições nunca chegaria. Percebi que a minha missão de vida começara ali. Seria mãe e, mais do que em qualquer outro momento da minha vida, eu precisava de me reajustar, de me adaptar e entregar a algo novo. Teria em mãos alguém ainda mais importante do que eu para cuidar, para amar, para depositar tudo aquilo em que acreditava.

O Gabriel nasceu para me dar uma família. O Gabriel nasceu para me fazer ser o pilar de uma. Quando me tornei mãe, pude sentir na pele o que é isto de cuidar de alguém. E foi tão bom. Pela primeira vez na vida tive a confirmação de que nunca tinha estado errada. Pela primeira vez na vida, a vida deu-me razão.

Se, por um lado, a ilusão outrora perdida, de ser “livre” neste mundo caiu por terra; por outro, ganhei a minha própria família. A vida deu-me como presente alguém para que nunca me sentisse sozinha.

Foi das aprendizagens mais especiais de todas. Acredito que nada acontece por acaso, que tudo tem o tempo certo para acontecer. E o Gabriel não podia ter vindo numa altura melhor.

Dizem, por aí, que os melhores planos surgem sem planos. Talvez tenham razão… 



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