quinta-feira, setembro 2

E se a vossa criança fosse “especial”?

Para este novo ano, deixo uma reflexão diferente, a pensar em todos aqueles que passam por inquietações talvez um "bocadinho" diferentes das nossas...


E se a vossa criança fosse “especial”?

Todas são, na realidade. Todas as crianças são especiais, cada uma à sua maneira. Mas, não encontrando uma outra forma de descrever aquelas cujas necessidades básicas requerem um suporte extra, decidi chamá-las assim “especiais”. Porque é assim que a sua vida é: diferente, mas muito muito especial. Focada no que realmente é essencial.

Mas, introduções à parte, já pensaram como se sentiriam se as vossas crianças precisassem de um auxílio extra neste novo início de escola?

A cada novo começo de escola focamo-nos em como os nossos filhos “sobreviverão” dentro de uma sala de aula, em como se “aguentarão” longe do seu conforto ou ninho… Questionamo-nos se serão ou não capazes de pedir ajuda, de reclamar atenção, de fazer amigos, de responder à professora e de interagir com a comunidade escolar.

Mas, há uma parte das crianças, igual ou diferente das nossas, que requerem um especial cuidado, que requerem uma atenção redobrada, que precisam que conversem com elas, mesmo que não sejam capazes de o fazer.

E neste grupo de crianças encontramos os seus pais, os seus cuidadores e os seus responsáveis, que talvez não saibam ao certo o que é sentir os mesmos desconfortos e inquetações que tanto preocupam muitos de nós.

Estes pais estarão focados em inquietações muito maiores, mais delicadas e, talvez mais difíceis de satisfazer.

Muitos destes pais partem do princípio que as suas crianças não serão capazes de comunicar, de se manifestar, de reclamar atenção, de criar contactos e de construir relações por si próprias. Talvez estes pais questionem-se sobre se existirá alguém para apoiar as suas crianças, se essa pessoa estará disponível para conversar com elas, para lhes mostrar o contexto escolar numa outra dimensão.

Muitas destas crianças requerem um cuidado diferente, e os pais questionar-se-ão como será pertencer a uma escola, tantas e tantas vezes não adaptada e ajustada às suas necessidades.

Não deve ser fácil gerir todas as inquietações inerentes, partindo do princípio que as suas crianças não são capazes de comunicar, outras nem sequer de se manifestarem e outras que não são sequer capazes de abrir o seu próprio lanche e de o conseguirem saborear.

Não será fácil gerir tantas inquietações inerentes ao receio de como será o novo ano escolar, quando se parte do princípio que existe um entrave ao brincar e ao construir relações de amizade.

Depois de mais de um ano em pandemia, que o nosso foco seja ligeiramente diferente. Que possamos olhar mais para além dos nossos, e de alguma forma, os possamos preparar para todas as realidades que eles poderão encontrar. Que sejamos capazes de acolher e respeitar que nem todos sentimos o mesmo e que as inquietações de cada um podem mudar, dependendo do foco de cada um.

Para este ano, que estejamos mais preparados para explicar aos nossos a diversidade que cada um deles poderá encontrar e, ao mesmo tempo, as dificuldades que o outro pode atravessar.

Se prepararmos as novas gerações para a diferença, se lhes treinarmos desde cedo a empatia, talvez possamos mais depressa chegar a um mundo onde todos nos olhemos de forma igual.

Que este novo ano letivo possamos abrir os olhos, os nossos e os dos nossos filhos, e sejamos todos capazes de aceitar, integrar e apoiar as crianças que mesmo sendo diferentes são como as outras, todas iguais.

 


@blogdamamalu

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