Vamos falar sobre o desmame?
Gosto muito de partilhar histórias pelo início, de
forma a contextualizar cada uma.
Mas, faremos diferente desta vez. Vamos começar
pelo fim?
A história que tenho para vos contar é sobre o
desmame total da Estrela.
Amamentei a Estrela até aos 3 anos. Sim, 3 anos. Foram
36 meses de muita maminha.
Mas houve um dia em que tudo terminou.
Vou confessar-vos uma coisa: já andava a pensar
sobre quando e como terminar o desmame há algum tempo. Volta e meia, tornava-se
difícil conciliar tudo e ser capaz de aproveitar da melhor forma aquele momento
que era das duas. Sentia-me mais ansiosa, porque ela demorava muito tempo a
mamar e só adormecia na mama após muito tempo. Mas, porque acredito que algumas
decisões são irreversíveis (e este tipo de decisões mais ainda) fui esperando
por um momento em que sentisse que a cabeça e o coração se alinhariam de forma
a ter a certeza da minha decisão (o cansaço retira-nos, muitas vezes, a
capacidade de racionalizar).
Não há propriamente um dia que possa partilhar e
dizer: aquele dia mudou tudo. Não. Amamentar é muito mais do que um ou dois
momentos, é um processo bem demorado e complexo. Foram semanas (talvez meses?)
de planeamento até à decisão final.
Estaríamos perto de completar os 3 anos da Estrela,
e já de olho posto numa mudança de país comecei a rever de que forma nos
poderíamos adaptar com mais ou menos dificuldade dadas as exigências da altura
(incluindo da maminha na hora de deitar). Nada estava definido para a nossa
saída do país, não teríamos para onde ir, não sabíamos se lá ficaríamos de
verdade à primeira tentativa, nada. Por isso, eu sabia que precisaríamos de
algum tipo de “liberdade” na hora das rotinas para que tanto o Gabi como a
Estrela não sentissem tanto a mudança.
Mudar não é algo novo na nossa vida e por isso há
estratégias que vou antecipando, sobretudo as que estão relacionadas com o
impacto que as experiências terão no processo de adaptação.
Eu sabia que a amamentação seria um entrave. Porque
seria eu a pessoa necessária naquele período da noite. Não que não o fosse sem
a maminha, mas não queria que a Estrela associasse o desmame à mudança de país.
Isso poderia ter um impacto maior em todo o processo de adaptação ao novo país.
Eu não queria de todo que ela associasse o fim de algo que lhe dava prazer a
algo que queria que ela sentisse como positivo na nossa vida. E por isso quis
antecipar. A Estrela completava 3 anos cerca de 1 mês antes de viajarmos para o
Reino Unido. Era o timing perfeito. Então, por essa altura conversei com ela e
disse-lhe que o leite tinha terminado. Apertei o mamilo para que ela visse e
ela aceitou.
Apesar do olhar meio desconfiado, de surpresa, por
não estar à espera daquela situação, ela mostrou-se aberta a essa mudança. Uma
ou outra vez ela pediu maminha, sem grande persistência. E eu apenas continuei
com o mesmo discurso por todo o tempo que foi necessário, sempre de forma
amigável, não como imposição, mas mostrando de certa forma que para mim também
seria algo novo e que também me custava terminar.
Ela nunca se queixou, compreendeu e aceitou que o
leite acabou. De alguma forma, o aconchego da maminha foi suprido por outro
tipo de carinho, por colo, abraços e beijinhos.
Hoje, mais de 1 ano depois do desmame total ela
recorda que “bebeu o leitinho todo das maminhas” e por isso acabou.
Correu muito bem desta forma. Podia não ter sido
assim.
Mas acredito que quando somos capazes de alinhar a
razão com o coração e nos deixamos guiar pela fé tudo corre da melhor forma
possível.
Até parece fácil assim não é?
No próximo post deixarei 5 estratégias que poderão
ser úteis para quem estiver a pensar num desmame.
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