terça-feira, abril 20

O desmame da Estrela - começar pelo final [Experiências de maternidade]

Vamos falar sobre o desmame?

Gosto muito de partilhar histórias pelo início, de forma a contextualizar cada uma.

Mas, faremos diferente desta vez. Vamos começar pelo fim?

 

A história que tenho para vos contar é sobre o desmame total da Estrela.

Amamentei a Estrela até aos 3 anos. Sim, 3 anos. Foram 36 meses de muita maminha.

Mas houve um dia em que tudo terminou.

 

Vou confessar-vos uma coisa: já andava a pensar sobre quando e como terminar o desmame há algum tempo. Volta e meia, tornava-se difícil conciliar tudo e ser capaz de aproveitar da melhor forma aquele momento que era das duas. Sentia-me mais ansiosa, porque ela demorava muito tempo a mamar e só adormecia na mama após muito tempo. Mas, porque acredito que algumas decisões são irreversíveis (e este tipo de decisões mais ainda) fui esperando por um momento em que sentisse que a cabeça e o coração se alinhariam de forma a ter a certeza da minha decisão (o cansaço retira-nos, muitas vezes, a capacidade de racionalizar).

Não há propriamente um dia que possa partilhar e dizer: aquele dia mudou tudo. Não. Amamentar é muito mais do que um ou dois momentos, é um processo bem demorado e complexo. Foram semanas (talvez meses?) de planeamento até à decisão final.

 

Estaríamos perto de completar os 3 anos da Estrela, e já de olho posto numa mudança de país comecei a rever de que forma nos poderíamos adaptar com mais ou menos dificuldade dadas as exigências da altura (incluindo da maminha na hora de deitar). Nada estava definido para a nossa saída do país, não teríamos para onde ir, não sabíamos se lá ficaríamos de verdade à primeira tentativa, nada. Por isso, eu sabia que precisaríamos de algum tipo de “liberdade” na hora das rotinas para que tanto o Gabi como a Estrela não sentissem tanto a mudança.

 

Mudar não é algo novo na nossa vida e por isso há estratégias que vou antecipando, sobretudo as que estão relacionadas com o impacto que as experiências terão no processo de adaptação.

Eu sabia que a amamentação seria um entrave. Porque seria eu a pessoa necessária naquele período da noite. Não que não o fosse sem a maminha, mas não queria que a Estrela associasse o desmame à mudança de país. Isso poderia ter um impacto maior em todo o processo de adaptação ao novo país. Eu não queria de todo que ela associasse o fim de algo que lhe dava prazer a algo que queria que ela sentisse como positivo na nossa vida. E por isso quis antecipar. A Estrela completava 3 anos cerca de 1 mês antes de viajarmos para o Reino Unido. Era o timing perfeito. Então, por essa altura conversei com ela e disse-lhe que o leite tinha terminado. Apertei o mamilo para que ela visse e ela aceitou.

Apesar do olhar meio desconfiado, de surpresa, por não estar à espera daquela situação, ela mostrou-se aberta a essa mudança. Uma ou outra vez ela pediu maminha, sem grande persistência. E eu apenas continuei com o mesmo discurso por todo o tempo que foi necessário, sempre de forma amigável, não como imposição, mas mostrando de certa forma que para mim também seria algo novo e que também me custava terminar.

Ela nunca se queixou, compreendeu e aceitou que o leite acabou. De alguma forma, o aconchego da maminha foi suprido por outro tipo de carinho, por colo, abraços e beijinhos.

 

Hoje, mais de 1 ano depois do desmame total ela recorda que “bebeu o leitinho todo das maminhas” e por isso acabou.

Correu muito bem desta forma. Podia não ter sido assim.

Mas acredito que quando somos capazes de alinhar a razão com o coração e nos deixamos guiar pela fé tudo corre da melhor forma possível.

 

Até parece fácil assim não é?

No próximo post deixarei 5 estratégias que poderão ser úteis para quem estiver a pensar num desmame.




Nenhum comentário:

Postar um comentário