segunda-feira, junho 13

Toda a verdade sobre a minha Primeira Gravidez.


Há 13 anos atrás… Estaria a viver o fim da minha primeira gravidez. O fim de uma gravidez mágica, perfeita. O fim de uma gravidez que acrescentou vida, magia, um futuro e uma família à minha vida.

Nunca escrevi sobre isto antes. Sempre senti arriscado demais. Mas, sabem que mais? Passados 13 anos estou cansada de esconder-me, de colocar o medo e os receios em primeiro lugar. Se voltarmos atrás no tempo, recordaremos como tudo começou…

 

Era Outubro de 2008. A minha vida estava virada do avesso, estava completamente “de pernas para o ar”. Tinha mudado de curso no ano anterior, começado uma nova relação,… Estava numa fase nova e tinha tudo para encontrar o meu ponto de equilíbrio e para ser feliz. Menos a felicidade. Ah, e a liberdade para a sentir. Depois de uma longa jornada, de tentativas de formas diferentes, tinha chegado à conclusão de que onde eu vivia isso não era possível. Precisava de fazer esse luto. (Não vou entrar em pormenores. É delicado demais para partilhar. Prometo que, um dia, haverei de lá chegar. Mas talvez não por aqui.)

De forma romântica, “para procurar ser livre e feliz”, deixei a casa dos meus pais nesse ano e mês. No mesmo dia, percebi que perdera aquela família para sempre. Imaginava dificuldades para ultrapassar quando tomei a decisão de ir “passar uns dias fora de casa”. Precisávamos de distância uns dos outros para repensar na vida, na nossa relação. Sempre analisei muito todas as situações e a verdade é que também o medo me fez agir com precaução. E ainda bem. Por segurança, por prevenção.

Apesar de não entrar em pormenores, vocês podem imaginar o quão desafiador o terá sido. Estaria a viver o momento mais turbulento da minha vida e não imaginaria sequer viver uma gravidez ao mesmo tempo. Nunca a tinha planeado, nem sequer imaginado. A verdade é que a vida não obedece a planos, porque ela sabe mesmo o que faz.

Semanas depois de sair de casa descobri que estava grávida. Estava grávida! Eu! Uma menina, frágil, meio perdida, a tentar encontrar o rumo certo para a sua vida. Mas era real! Eu estava grávida do Gabi. Iria ser mãe! Era mãe! Não houve decisão a tomar porque não houve sequer questão a ponderar. Estava grávida do meu anjo! Sabia que era uma dádiva! Só podia ser. Sem família, sem nada que me pertencesse mais, decidi encarar o futuro com o apoio que me fora ofertado (o melhor apoio do mundo no momento mais crucial).

No meio do reboliço daquela fase, vivi a gravidez entre dois extremos: a felicidade de quem tem um bebé a gerar-se dentro de si e de quem vive uma quantidade infinita de problemas, que não pode controlar e com os quais precisa de lidar e enfrentar.

Fui acusada de tudo e mais alguma coisa. Fui insultada, perseguida. Senti-me ameaçada. Mas eu tinha que o proteger. Eu tinha que ser forte, de ter paz para dar o melhor de mim ao meu primeiro bebé. Nem acredito que eu, ainda menina, me tornei mãe. Se, por um lado, não tinha mais ninguém para chamar de família, por outro tinha TUDO o que precisava para começar a construir a minha própria família: o meu primeiro bebé.

Durante a gravidez não fiz mais do que acreditava ser necessário. Cuidei de mim tanto quanto pude, da alimentação, estudei muito, bebi toda a informação. Esta parte não foi difícil porque estava a estudar o módulo de pediatria no meu segundo ano de terapia ocupacional. Como foi importante aprender sobre tudo aquilo. Como foi importante viver esta experiência durante aquele momento.

Por outro lado, chorei muito. Chorei pelo luto, pelo medo, pelas dúvidas e pelo pesadelo que assombrava do outro lado. Chorei por tudo o que tinha perdido: lugares, pessoas, memórias da minha infância e do meu eu passado, que nunca mais recuperei.

Mas eu era mãe. Não era apenas uma menina acabada de sair de casa. Era uma nova mulher, chamada pela vida para amadurecer à força. Mas tinha que ser. Teve que ser para que eu encontrasse um novo propósito de vida.

 

Tentei mudar de vida e procurar uma liberdade que nunca tive, para viver a minha vida. Mas nada disso aconteceu. Tive que aprender que ser livre não é só sobre fazer o que queremos, quando queremos. É muito mais subtil. Ser livre é ter a possibilidade de escolha, mesmo que condicionada por aquilo que te faz feliz. E fez todo o sentido aprender aquela lição. Era isso que eu, sem saber, procurava. E a vida deu-me, mais depressa do que alguma vez imaginara, essa lição.

 

A minha primeira gravidez será sempre um marco gigante na minha história. Se todos bebés têm um propósito, não tenho dúvidas que o propósito do Gabi foi o de dar um propósito à minha vida.

Aproveitei a gravidez ao máximo. Fui muito feliz. E ainda sou, de cada vez que paro para a recordar.

 

Se há mães que passam por sustos durante a gravidez, os sustos que passei foram por ruídos externos, por tantas outras coisas, que por muito que me tivessem feito chorar, fortaleceram-me. Porque eu ganhei dois motivos para viver.

 

Obrigada, Vida, por esta oportunidade de viver!





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