Têm sido inúmeras as vezes que depois de
me questionarem sobre o sexo da bebé, as pessoas demonstram um certo
contentamento por ser uma menina. Ouvem-se comentários como “Oh, que giro, vai
ter um casalinho”, “oh, tão bom, ficou com o casalinho”, “oh, isso é que é
acertar”,…
Eu respondo sempre com um “sim, é
bonito”, “sim, vai ser um casalinho”, “sim, …” Mas, sinceramente, para além de
ter mais receio de educar uma menina do que um menino, para além de ser
interessante a experiência de ter duas vidas tão “diferentes” a meu cuidado, fico
a pensar tantas vezes no absurdo que este assunto é.
Ora… Quando planeamos ter um filho, não
deve ser prioridade o sexo. Seja menino, menina ou até se torne um ser
bissexual será meu filho sempre. Não importa se é menino ou menina, não importa
se serão um casal, dois meninos ou duas meninas. Aceitar a maternidade é
aceitar ensinar experiências, dar a possibilidade de crescer, ver, ajudar e
promover o desenvolvimento de um ser, seja qual for a sua natureza.
Para mim, ser mãe, é muito mais do que
saber que tenho um menino e uma menina. Não me imagino mãe de uma menina, por
ser menina. Sempre acreditei que estaria destinado um “casalinho” para a minha
família. Não perguntem porquê. Mas continuo a achar absurdo ver a reação de
“quase felicidade” que as pessoas demonstram ao presenciar um casal de filhos,
mete-me confusão que assim seja. Serão menino e menina, tudo bem, mas e se
fossem dois meninos? Iria ficar menos feliz por isso? Óbvio que não. Sei que
existem pessoas, algumas já mães, que idealizam o segundo filho do sexo oposto
ao primeiro. Mas, para quê idealizar? Para quê serem diferentes? O que fará
diferença nas vossas vidas? Filho é filho. Independentemente de ser menino ou
menina, terão sempre as suas particularidades, serão sempre especiais, à sua
maneira. Teremos sempre de abdicar do nosso tempo para lhes dar atenção,
carinho, amor,… Mesmo que agora nasça menina, não é garantido que terá gostos
diferentes do mano. Poderá não gostar de ir às compras comigo, de vestir saias
(eu preferia calças quando era criança, por exemplo). Não é por ser menina que
será mais “delicada”. Mas, o que é isto da delicadeza?! Um menino não pode (e
deve) ser igualmente delicado? Não pode gostar de pormenores? O Gabriel adora
pormenores, trabalhos manuais, dá imenso valor ao ver a mãe bem arranjada, sabe
distinguir o que é o bem e o mal, sabe comportar-se corretamente, ficar quieto
(claro que tem as suas exceções, mas não é mais “rude” por ser menino).
Não usa maquilhagem?! Não! Mas, não pode
usar roupa cor-de-rosa só por ser menino? Não pode ser cuidadoso no trato? É
maricas por isso?! Mas o que é isto? Apesar de estarmos a evoluir, estas coisas
metem-me muita confusão ainda.
Queremos, por um lado, mostrar que somos
modernos, que não somos racistas, mas ao querermos e idealizarmos uma menina,
por ser diferente do menino, não estaremos a cair no pensamento machista e
atrasado?
Não sei… Por vezes questiono-me sobre
isso.
Estou muito feliz por ter uma menina. É
claro que estou. Mas, se me perguntarem se fico mais feliz por ser um
casalinho? Não, não fico. Seria igual. Exatamente igual. Terei dois filhos,
como sempre quis, e isso é o mais importante de tudo. Sejam bonitos ou feios,
gordos ou magros, só quero que sejam pessoas felizes e que saibam aproveitar as
coisas boas da vida.
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