segunda-feira, maio 16

Andei a enganar-me, não só a mim, mas a eles também...

Tenho algo a confessar: tenho andado a enganar-me. Nunca tinha entendido isso desta forma. Foram anos e anos no mesmo registo. Mas a verdade é que eu andei a enganar-me. E só percebi isso finalmente, porque pude ver através dos meus filhos que não andei a enganar-me apenas a mim. Enganei-os a eles, também.

Ser mãe e ter a responsabilidade de ser o exemplo tem muito que se lhe diga...

Quando nascemos como mãe, nasce connosco uma culpa maior do que o mundo. Nasce um ser que quer transcender-se para ser capaz de tudo.

Ser mãe tornou-me capaz de superar o mundo. Tornou-me capaz de fazer tudo e mais alguma coisa pelos meus, e pelos outros, também. Um dia após o outro. Anos e anos a fio. Tornou-me capaz de viver para assumir papéis, para dar tudo o que tenho e o que não tenho aos outros. Tornou-me capaz de carregar a responsabilidade, a culpa, e todos os tipos de carga às costas, sem julgar.  Tornou-me capaz de colocar-me em último lugar. E pior, tornou-me capaz de aguentar como se isso fosse responsabilidade minha.

Mas... a verdade é que, à medida que os meus filhos crescem, eu cresço também. E com esse crescimento fui percebendo, aqui e ali, que não tem nem pode ser assim.

Não ando a enganar-me apenas a mim. Ando a enganá-los a eles, também. Mostrando-lhes o modelo errado. Mostrando-lhes que podemos abdicar de nós para a vida toda. E isso não é verdade.

Conseguimos e podemos, se quisermos, abdicar de nós mesmos em prol de sonhos, objetivos, pessoas, e tantas outras coisas mais, por algum tempo, por um tempo determinado. Talvez o consigamos fazer por anos. Pela vida toda, não. Nem é suposto.

Pelos meus filhos, mas também por mim, eu compreendi que mereço mais. E por isso, mesmo que a esperança falhe, eu sei que, não só por mim, mas também por eles, eu preciso de resolver esta situação. Antes que o seu impacto se torne mais sério. Em neles, mas também em mim.






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