segunda-feira, abril 1

Hoje tirei sonhos da gaveta. E custou-me tanto…


Durante todos estes anos (os 10 que já partilhei convosco, ou resumidamente, desde que fui mãe), tenho guardado todos os meus sonhos e alguns projetos, na gaveta… Por entre várias tentativas de arranque, a verdade é que pouco saíram do papel. Literalmente, estavam mesmo guardados na gaveta (e em algumas caixas, vá). De há uns tempos para cá, - talvez desde que percebi que o sonho de um trabalho estável, que me satisfaça profissionalmente, não existe em Portugal - esses sonhos foram adquirido forma, lentamente.
Hoje foi um dia especial. Estive a remexer em todas as coisas que tenho guardadas, e só posso dizer que dói demais. É como mexer numa ferida aberta, que nunca cicatrizou, mas que também nunca levou pontos. Custa pensar que são tantos os sonhos que continuam guardados… Quem me conhece de verdade sabe como sou. Exigente, delicada, dedicada e apaixonada por tudo aquilo que faço. Gosto de fazer as coisas de forma correta e consciente. Não gosto do show off que se cria por algo que não existe. Gosto de construir os alicerces bem assentes no chão, nos meus princípios e valores. Não consigo concretizar sem antes planear.
Mas, mesmo com tantos projetos, tenho vivido em segundo plano. A maternidade levou-me para um patamar que não é só meu.

Tenho trabalhado em trabalhos temporários que, mais tarde ou mais cedo, acabam por terminar. E, sempre que terminam, a minha deceção para com o mundo do trabalho aumenta. Ao mesmo tempo, a minha vontade de lutar pelos meus sonhos, também. Nunca imaginei estar numa situação profissional tão instável aos 32 anos. Nunca defini planos no tempo, mas acho que tinha em mente até aos 30 ter estabilidade profissional, num emprego que talvez pudesse ser para a vida. Inconscientemente, talvez sonhasse realizar novos sonhos, a partir daí, em família. A verdade é que as coisas não têm sido tão simples nem favoráveis.
Sei que existem tantas outras pessoas na mesma situação. E, talvez por isso, apenas por isso, partilhe convosco este texto tão pessoal. Não gosto muito de falar sobre as minhas coisas de forma tão pormenorizada. Ainda existem pessoas más e sem empatia a circular por aí. Mas, se neste momento tenho que me decidir quanto ao futuro destes sonhos, a verdade é que há algum tempo decidi não mais calar, e por isso, cá estou a deitar cá para fora, esta realidade que de nada me orgulha.
Neste momento, tenho uma decisão a tomar. Para além de todas as outras que implicam diretamente a minha família, sei que eu preciso dar uma resposta a estas dúvidas, a estes sonhos. Avançar ou abandonar?
Estes dias, alguém muito especial, com muita experiência de vida, disse-me: “não desista dos seus sonhos. Eu estive 15 anos para iniciar os meus.”
Tenho abdicado de tanta coisa pelos filhos, tal como essa pessoa. Eles só são crianças uma vez. E, um dia, não irão depender mais de mim. Sei que construir algo que me satisfaça faz falta e sentido. Mas, ao mesmo tempo, quero ser uma mãe sempre presente. Queria lutar por algo, sem deixar para segundo plano aquilo que é a minha prioridade. Por isso, neste momento, estou numa fase de repensar. Repensar sobre o que faço com tudo isto. Se tenho coragem para desistir ou se ganho coragem para avançar. Nunca desisti de nada, nem nunca avancei sem coragem…
E vocês? Já desistiram de algum sonho? Ou arriscaram em algum? Como correu?



Um comentário:

  1. Força e segue o teu coração contra tudo e todos é assim que eles te vão recordar quando já não estiveres cá e vais-lhe ensinar tanto assim como vais aprender. FORÇA segue o teu coração.
    No inicio até pode estar tudo desfocado e pensares que não vais "estar" (entre aspas pq eles estão sempre connosco 😉) com eles, e haverá momentos q sim, q n vais estar com eles o tempo q querias, mas qd deres conta, qd menos esperares tudo fica claro.
    FORÇA 💕

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