O
Gabriel anda no segundo ano da escola primária.
Este
ano, teve uma professora nova. Uma particularidade desta professora é o de não
mandar TPCs para casa. Aliás, raras serão as vezes que o irá fazer. Ela defende
que o tempo na sala de aula deve ser suficiente para que os meninos possam
aprender e consolidar a matéria. E em relação aos TPCs privilegia a exploração
de diferentes temáticas, ao invés da realização de fichas de trabalho.
Por
tradição, e nós portugueses somos um povo de hábitos limitados, custa-nos
aceitar que um professor não dê trabalhos de casa. No entanto, quando os TPCs
são diários também temos a mania de reclamar.
Depois
da dose de TPCs que o Gabriel trouxe o ano passado, que eram diários, fiquei a
pensar muito sobre esta questão. Não me fazia sentido que ele, depois de um dia
de escola, com atividades extra curriculares, tivesse que se robotizar e cumprir
os TPCs todos os dias.
Não
podemos esquecer-nos que as crianças precisam de tempo para brincar, socializar
e descansar. E, para não bastar, não podemos esquecer-nos que nem todos os dias
estão com toda a frescura do mundo para tarefas da escola.
Vocês
gostam de chegar a casa, depois de um dia de trabalho, e trazer ainda mais
trabalho para casa? Acredito que não. A não ser que sejam masoquistas, mas aí a
história será diferente.
Quem
me conhece, sabe que defendo sempre a evolução. E, apesar de ser habitual que a
maior parte dos professores obrigue a fazer TPCs diários, porque não “pensar
fora da caixa”? Porque não dar o benefício da dúvida e pensar numa perspetiva
diferente?
Fazer
os TPCs não é a mesma coisa que ESTUDAR. Concordo que o estudar deve ser “treinado”,
com base na motivação e na negociação. Devemos incutir nos nossos filhos a
vantagem que o estudo após as aulas pode trazer. Mas, sempre com moderação.
Quando
éramos estudantes, conseguíamos estudar todos os dias depois das aulas? Quantos
de nós estudávamos na véspera dos testes e até mesmo dos exames?
Nada
será mais benéfico para a aprendizagem do que o sono, a alimentação e a
felicidade. Por isso, cá por casa, defendemos que estas são as coisas
obrigatórias e tudo o resto será acessório.
A
tarefa é árdua, bem sabemos. Mas, este ano estamos dispostos a cumprir um objetivo:
ensinar ao Gabriel que existe uma diferença enorme entre fazer os TPCs e
ESTUDAR. E, que o estudo é bastante necessário e assim será durante todo o seu
percurso académico.
Estudar deve partir dele. Não é necessário um professor dizer-lhe o que tem que fazer e quando o deve fazer. Ele deverá ser capaz de compreender que rever a matéria, completar exercícios diferentes dos do livro, fazer determinados jogos ou até assistir a alguns vídeos pode ajudá-lo a consolidar o que aprendeu na sala de aula. Para além disso, deverá ser capaz de compreender que as coisas que não aprender à primeira, só com treino e persistência conseguirá atingir. E nós, pais, somos os responsáveis por lhe ensinar que tudo isso é importante. Mas, antes de mais, não nos devemos esquecer que ele é apenas criança e precisa dos seus cinco minutos de distração.
Por
isso, só tenho a agradecer o fato desta professora permitir ao meu filho que
ele possa ter tempo para desenvolver outras competências, para além da capacidade
para realizar exercícios de escrita ou cálculo sempre dentro do mesmo formato
de escrita em papel.
E
vocês? São defensores natos dos TPCs ou concordam comigo que no ESTUDAR é que
está o ganho?
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