Ser mãe é uma missão colossal. Precisamos
orientar, ensinar, apoiar e criticar, sempre da forma mais simpática e
assertiva possível. Precisamos transmitir valores num mundo que cada vez menos os
possui. No fundo, somos obrigadas a ter atitudes tão contrastantes, que não
admira que os nossos filhos, por vezes, fiquem confusos.
Logo a começar o dia, temos que ensinar
a cumprir horários, ao mesmo tempo que reclamamos deles. Temos que ensinar a
apreciar o tempo, faça sol ou faça chuva, mesmo quando reclamamos com o
nevoeiro que nos impede de ver um palmo à frente da cara. Precisamos ensinar
que não precisamos de bens materiais para sermos felizes, mas somos obrigadas a
permitir que os nossos filhos levem brinquedos para a escola, para que se
sintam mais felizes no recreio. Temos que ensinar a partilhar, mesmo quando
dizemos “só levas o carrinho se o voltares a trazer”. Temos que ensinar a
abraçar, mesmo depois de avisarmos “não te encostes à cabeça dos teus amigos”.
Temos que ensinar a partilhar, mas não gostamos que dividem o lanche. Temos que
ensinar a estar em silêncio, mas obrigamos a partilhar todo o seu dia. Temos
que ensinar que a escola é importante, mesmo depois de reclamarmos com a
segunda-feira. Temos que ensinar que devemos ser amigos de todos, mas não
gostamos quando eles andam com aquele menino que tem má fama. E, precisamos
muitas vezes, de inventar histórias, acontecimentos, relatos na primeira
pessoa, mesmo ensinando que é feio mentir, exagerar nos factos ou fazer-nos de
vítimas. Ensinamos a saber perdoar, mas passamos a vida a dizer “não brinques
com aquele, porque chamou-te nomes”.
Temos que ensinar o valor da amizade e
ensinar que aquele menino que lhe bateu não é bom amigo. Temos que ensinar a
cumprir horários, mas explicar que precisamos relaxar. Temos que ensinar a
estudar, mas demonstrar que estudar não é tudo na vida. Temos que criar uma
rotina, mas explicar que fugir dela é necessário.
Ensinamos que fazer desporto é
importante e até reclamamos quando nos pedem uma justificação para naquele dia
não fazer educação física, mas nunca conseguimos cumprir um plano semanal de
treino. Ensinamos que a alimentação saudável é imprescindível para a nossa
saúde, mas utilizamos frases como “apetecia-me mesmo um chocolate”, “uma
francesinha é que ia bem”. Ensinamos a ter empatia, mas reclamamos com o
vizinho porque não compreendemos nada do que ele faz. Ensinamos a ser
inclusivos, mas reclamamos com a escola por existirem crianças com necessidades
especiais na sua turma. Ensinamos a ser arrumados, mas a nossa casa não está
sempre perfeita. Ensinamos, exigimos, explicamos. Por vezes, falamos demais.
Por vezes, exigimos demais deles por não sermos capazes de cumprir tudo
sozinhos. Por vezes, queremos moldar um ser pequenino à nossa imagem e
semelhança, mas esquecemos que as nossas atitudes devem ser, em primeiro lugar,
coerentes, constantes e felizes.
Ser mãe é realmente uma tarefa incrível.
E, esta mistura de comportamentos começa logo no momento da descoberta da
gravidez, quando somos capazes de ficar ansiosas, com receio, mas ao mesmo
tempo, transbordar felicidade.
Ser mãe é maravilhoso. Não há mães
perfeitas, não há filhos perfeitos. Não há mães absolutamente invencíveis, nem
há filhos sem falhas. Por isso, vamos apoiar-nos umas às outras, sem censuras,
sem inveja, sem presunção.
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