quarta-feira, janeiro 3

Sobre aqueles dias em que queremos robotizar os miúdos!

OH não! Outra vez não! Ecoa o grito daquela voz na nossa cabeça, quando o dia começa com a mesma agitação do dia anterior.
Come o pão! Bebe o leite! Já lavaste os dentes? Ainda não calçaste as meias? Despacha-te, que já estamos atrasados! Ainda não assinei o recado? Mas porque só o deste agora?
O regresso à rotina, neste novo ano, faz-me repensar sobre aqueles comportamentos que teimam em perseguir-nos, a nós, homens e mulheres que vivemos controlados por um relógio, como se fossemos um robot. E é como robôs que queremos, por vezes, educar os nossos filhos.
Agora não dá, temos que jantar. Hoje já não dá, está tarde. Agora não podemos, outro dia. Se fosse mais cedo, se não fosse tão tarde. Se não houvesse escola amanhã, se não tivéssemos chegado tão tarde hoje… todos os dias, encontramos mil e uma desculpas para não atender às vontades dos nossos filhos.
Continuo a achar que todos vivemos por fases, e há estas fases, em que o tempo de qualidade é substituído pelo tempo de quantidade, que até ver, é sempre pouco para tudo. São os horários – deles e os nossos -, são as responsabilidades, é o cansaço, a falta de energia, aquela constipação,… São muitas as coisas que nos tentam, a todo o custo, levar por caminhos difíceis de trilhar. São muitas as coisas que, todos os dias, tentamos contornar para que o dia seja o mais produtivo possível. Mas, quantas vezes, não nos deitamos com aquela sensação de que fizemos tudo ao contrário e que, talvez se tivéssemos feito isto ou aquilo, teríamos tido tempo para fazer um jogo, ler uma história, ou simplesmente conversar atentamente com os nossos filhos…
A vida passa a uma velocidade alucinante. Digo eu, mas diz toda a gente com quem converso. Mas, na realidade, a vida não passa. Nós passamos pela vida, sem a viver de verdade. É bom parar e repensar sobre isto, de vez em quando. É quando paramos e refletimos que voltamos a ganhar coragem para mudar o que queremos mudar, mas por culpa dos horários que nós próprios criamos, nunca somos capazes de o fazer.
Neste novo ano, vamos refletir sobre isto. Vamos tentar não stressar tanto com os nossos filhos. Vamos tentar escutá-los quando eles precisarem. Vamos tentar contar aquela história, ver aquele filme. Nunca será tudo perfeito. Mas, se não for perfeito, pelo menos que seja perfeito o tempo que dispensamos por eles, para eles.

Eles crescem, nós envelhecemos. Se não lhes ensinarmos o valor do tempo em qualidade, depois serão eles que não terão tempo para nós…

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