Sou
eu que a escrevo, mas poderia ser qualquer outra mãe…
Tinha
que escrever só para os avós…
Os
avós são aqueles seres maravilhosos, incansáveis, que dão tudo por tudo para
fazer mais e mais pelos seus netos.
É
de louvar toda a preocupação e vontade de estar perto.
No
entanto, queridos avós, nesta fase de pós parto há algumas coisas que gostaria
de vos dizer.
Espero
que não me levem a mal, mas são coisas tão simples que podem ficar esquecidas.
Não sou a única a achar isso, não sou a única grávida com este tipo de
pensamentos. Somos a maioria. Talvez todas. Mas, poucas têm coragem de o dizer.
Por receio de criar atritos, por receio de daí advirem chatices, a maior parte
de nós, vem-se controlando há muito tempo.
Mas,
hoje, hoje é o dia ideal para vos dizer algumas coisas. Antes de julgarem o que
vos irei dizer, não se esqueçam que o faço por admirar imenso o vosso papel na
vida dos meus filhos.
Começando
pelo princípio…
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O bebé nasceu. O bebé não sabe quem é o avô ou a avó. Não sabe o que significa
esta relação. O bebé conhece a mãe, o pai e o irmão. E é deles que ele precisa,
antes de todo o mundo. O bebé vai reconhecendo o avô e a avó com o tempo. Não
queiram apertá-lo ou beijá-lo como se fosse um boneco. É um ser sensível, que precisa
de sentir-se confortável. Precisa do colo da mãe, precisa do seu cantinho na
alcofa. Não precisa de ser embalado o tempo todo.
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Todos os avós têm histórias e experiências para contar. Mas, nós também.
Lembrem-se que as coisas mudaram tanto, mas tanto, que o que fazia sentido no
vosso tempo agora não faz. E sei que o que faz sentido agora não fará um dia
quando eu for avó, também. Nós temos tantos medos, tantos desejos, tantas
expetativas. Conhecer esta ou aquela história não nos acrescenta muito, a não
ser que estejamos à procura dela.
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Os avós têm medos. Nós sabemos que sim. Têm medo da dificuldade, têm medo das
quedas, têm medo dos vírus e até das outras visitas que possamos receber. Mas,
avós tenham calma. Nós temos esses medos, também. Reforçarem esses nossos medos
não nos irá ajudar, em nada. Aumentará ainda mais os nossos medos, as nossas
dúvidas e pode provocar-nos um grande desequilíbrio. Porque, ao mesmo tempo que
queremos resolver e diminuir as nossas preocupações, não queremos ouvir as preocupações
de mais ninguém.
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Os avós são sensíveis. Sim, os avós ficam muito sensíveis com o nascimento de
um bebé. Mas, não precisam, sabem? Temos uma vida pela frente para criar laços
e afetos. Temos uma vida pela frente para criar memórias, para partilhar
momentos. Esperem pela altura certa para o fazer. Se já temos a nossa rotina
para nos encontrarmos, o bebé estará incluído. O bebé não ficará de fora e, à
medida que for crescendo, irá perceber quem são os avós, e qual é o papel que
exercem nas nossas vidas. Se vocês significam muito para nós, também
significarão muito para os nossos filhos. Não queiram que o bebé fique apenas
convosco, porque ele é “apenas” um neto. O bebé deve ficar com os pais. Sabem
aqueles pais que não querem estar com os filhos e vocês são os primeiros a
criticar? Porque acham mal? Pois… Nós não somos assim. Orgulhem-se por
querermos os nossos filhos sempre perto de nós, orgulhem-se por darmos tudo por
tudo para lidar com tudo e mesmo assim, estarmos presentes, para os melhores presentes
da nossa vida!
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Avós, vocês são pessoas sensíveis, eu sei. Mas, acreditem que esta fase é muito
mais sensível para nós. No primeiro filho, nós, casal, debatemos tanto sobre a
educação, sobre o tempo a dois, sobre os passeios, sobre os convívios. São
tantos os debates que existem. Mas, é uma fase muito mais sensível para nós,
acreditem! No segundo filho, temos a experiência do primeiro. Temos consciência
que será uma fase cansativa para ambos. E, temos o acréscimo de ter o filho
mais velho, que precisa de nós. Continua a precisar da nossa atenção, das
nossas conversas, das nossas brincadeiras, dos nossos passeios a três, que
agora serão a quarto. A dificuldade é, por um lado, maior. Por outro, é
facilitada por algumas estratégias que adquirimos da primeira vez. Mas,
continua a ser uma fase sensível para ambos. Nós estamos sensíveis. Nós
precisamos de nos reorganizar, novamente. Avós, vocês já viveram tanto, vocês
já conheceram tantos casais que não resistiram a estas mudanças. Só vos pedimos
um pouco de paciência. Permitam que a nossa sensibilidade exista, permitam-nos
reorganizarmo-nos uma vez mais.
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Avós, vocês são tão importantes para nós. Se não o fossem, não teríamos o
cuidado de vos dizer tudo isto. Se não o fossem, bastava um “Cheguem-se para
lá” e estava tudo resolvido. Mas, não é isso que queremos para nós nem para os
nossos filhos. E, acreditamos que não será isso que querem também…
Queridos
avós, respeitem a nossa sensibilidade, dêem-nos espaço para nos reorganizarmos.
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Se não conseguirmos gerir tudo sozinhos, sabemos em quem confiar. E vocês serão
sempre os primeiros a quem pediremos ajuda. Porque lá está, significam muito
para nós. Podemos contar convosco?