Desde que fui mãe pela segunda vez e a
nossa família ficou completa que os desafios têm sido alguns.
A maternidade é como a gravidez. Toda a
gente resume as coisas menos agradáveis, porque as melhores são realmente as
mais fascinantes e, o nosso cérebro, quase elimina as dificuldades. Mas, como
aqui falamos da realidade tal e qual ela é, não poderia deixar de partilhar
convosco aquela que considero ser a maior dificuldade de ser mãe de dois.
Este é um sentimento meu, vivido no
último ano, por isso, pode não traduzir a realidade de toda a gente. Mas, se
vocês são mães de pelo menos dois, partilhem qual é a vossa maior dificuldade.
Para mim, o maior desafio está na
dificuldade de dividir a atenção com os dois ao mesmo tempo. Claro está que,
com uma diferença de 7 anos e meio, o fator idade não é um grande aliado. Pelo
menos, durante este primeiro ano, as estratégias utilizadas vão variando
bastante, de forma a tentarmos encontrar um meio-termo que nos permita estar
atentos ao que mais falta faz a cada um.
Mas, estar sozinha com os dois é um
desafio que uns dias me deixa exausta, outros dias frustrada. O Gabriel está
numa fase em que precisa de atenção para conversar. A Estrela precisa de
atenção para brincar, para interagir de forma mais simples, com mais estímulos.
Tentar satisfazer as necessidades básicas da mais pequena e conseguir manter
uma conversa com princípio, meio e fim com o mais velho é uma tarefa difícil.
Sobretudo naqueles fins de dia em que o meu cansaço, o sono da Estrela,
traduzido em irrequietação, a somar à falta de paciência do Gabriel, que quer
conversar e não tem condições. Ser mãe de dois mudou muitas coisas na minha
atitude e forma de olhar o mundo. Mas, não mudei a forma como quero abraçar
cada filho. Queria tanto ser capaz de lhes dar tudo o que eles precisam, a toda
a hora. Como eu queria que isso fosse possível. Mas, não é. Não é fácil. Tento
aceitar esta condição de não ser capaz de me dividir em dois seres
completamente autónomos, mas não consigo. Queria ter algum tipo de super poder para conseguir dar sempre o melhor de mim a cada um deles. Por vezes, sou obrigada a pedir
silêncio a um, para ser capaz de acalmar o outro. Outras vezes, sou obrigada a
ligar a televisão para entreter um, para ser capaz de dar atenção a outro.
Para aquelas pessoas mais esperançosas,
que acreditam que há atividades capazes de satisfazer as vontades e desejos dos
dois, deixem-me que vos diga que isso existe durante uma pequena parte do tempo
que precisamos partilhar com os nossos filhos. Há atividades que tentamos
realizar em conjunto. Isso sim. Agora, se elas dão certo é outra questão. Há
brincadeiras que eles começam a partilhar. Agora, por quanto tempo conseguem os
dois estar focados e felizes na atividade, essa é outra questão.
Ser mãe de dois é maravilhoso. Há muitas
coisas boas, muitas que simplificamos e nos dão uma visão muito mais realista e
prática da vida, mas existem coisas como esta, que não são, de todo, fáceis de
gerir.
Houvesse a facilidade em aniquilar o
cansaço que, por vezes, se apodera do nosso corpo e pensamento, e talvez, tudo
fosse mais fácil.
Se vocês são mães de dois e isto nunca
aconteceu convosco como uma dificuldade, deixem as vossas dicas. Eu acredito
que, por cá, isto irá melhorar, mas não podia deixar de registar isto nesta
data. Talvez daqui a um ano a maior dificuldade seja outra.