segunda-feira, janeiro 27

A vida sem vocês não seria vida


A vida sem vocês não seria vida.
A vida sem vocês nunca existiu de verdade.
Estes dias li um texto de uma mãe, semelhante a outros que já havia lido. Essa mãe dizia que a vida sem os filhos seria tão mais fácil.
Pensei em como seria a minha vida sem vocês e não a consigo sequer imaginar. A vida antes de vocês não existiu como vida. A vida antes de vocês não era vida. Antes de vocês, não vivi. Nasci no momento anterior a ser mãe. Nasci no momento imediatamente anterior a nascer de novo. Por isso, na realidade, nem tempo tive para nascer enquanto pessoa e já estava a nascer enquanto mãe.
É estranho pensar nisto assim. Mas não imagino uma vida diferente desta. Não tive a oportunidade de viver a “minha vida”, à minha maneira, segundo as minhas regras. Não tive a oportunidade de acordar à hora que queria, de me deitar à hora que bem me apetecia, de sair quando me dava vontade. Não tive a oportunidade de ser eu antes de ser quem eu, na realidade sou. E, talvez nem fosse eu mesma se tudo isso tivesse acontecido. Talvez nem existisse desta forma. Talvez nem soubesse o valor da vida tão ao pormenor. Talvez não vos valorizasse tanto. Talvez não valorizasse tanto que o tempo é fugaz, que um dia, terei, se a lei da vida o permitir, tempo para tudo o que não fiz e para tudo o que ficou por fazer. Talvez, um dia, terei a oportunidade de sentir que a vida é mais fácil sem vocês, mas para já, vocês vieram dar um novo rumo à minha vida e torna-la tão maravilhosa, que seria impossível pensar que antes de vocês tudo era mais fácil. Talvez não soubesse quem era, talvez não me tivesse encontrado de verdade.
Não sei se a vida teria sido mais fácil antes de vocês, mas sei que a minha vida só existiu depois disso.




terça-feira, janeiro 7

3 anos e uma chucha [Diário do Gabi]



Esta semana a Estrela completa 3 anos. Mas, para não começar já a falar dela e, porque prometi que daria um bocadinho mais de protagonismo ao Gabi por aqui, hoje trago uma história sobre ele. Afinal de contas, foi por ele que este blog surgiu como blog de uma mãe, mas com a vinda da Estrela e com o facto de passarmos muito tempo juntas, as partilhas tornam-se, muitas vezes, sobre ela.
Sobre o Gabi podia dizer muitas coisas. Mas, é inevitável recordar os seus 3 anos, uma vez que a irmã está prestes a completá-los.
Fui recordar os momentos dos 3 anos do Gabi e reparei num pormenor muito importante: a chucha. O Gabi usou chucha desde a maternidade. Na altura, chorava tanto mas tanto, que as enfermeiras sugeriram oferecer chucha. (Imaginam o tanto de choro não imaginam? Ahah)
O Gabi usou chucha e, como qualquer criança, um dia teria que a largar. (Não é socialmente aceite usar a chucha até à faculdade). Por isso, e porque ele já não a usava na creche, uns meses antes de completar 3 anos combinamos com ele uma coisa: Ele faria 3 anos, ficaria a ser um menino crescido (todos gostam de ser grandes) e a bisavó dar-lhe-ia uma bicicleta, como presente pelo aniversário.
Aos poucos, fomos preparando o Gabi até ele estar completamente convencido de que seria assim.
Tínhamos noção de que poderia não resultar, que ele podia arrepender-se e não querer largar a chucha.
Eis que o dia dele chega. Como prometido, recebeu a sua primeira bicicleta. Ele estava radiante. Deve ter sido um dos presentes que mais adorou até hoje.
Depois de receber a bicicleta, ele próprio lembrou-se de que já não precisaria da chupeta. Levou-a até ao caixote do lixo e colocou-lhe um fim.
(Óbvio que de seguida fui lá buscar a chupeta, não fosse a coisa correr mal).
Na primeira ou segunda noite ainda perguntou pela chupeta. Explicamos o que tinha acontecido e o que combinamos, com calma e tempo para perceber como reagiria.
Ele concordou e nunca mais pediu a chucha.
Correu muito melhor do que podíamos imaginar.
E assim, os seus 3 anos terão para sempre uma história para contar.

segunda-feira, janeiro 6

Quem dera que as palavras fizessem magia...


Tenho a sorte de ter quem me leia. Tenho a sorte maior ainda de ter alguém disponível para ler com atenção o que escrevo. Escrever para a internet e para o mundo não é uma coisa simples, dizem por aí. Sinceramente, prefiro nem pensar que do outro lado do teclado está alguém. Escrevo de forma direta e espontânea, aquilo que me vem à ideia. Escrevo sem pensar muito, como se estivesse a conversar com um confidente. Da mesma forma que as palavras que dizemos não se podem apagar, prefiro escrever sem corrigir. Torna tudo mais genuíno, mais puro, mais meu. Perco-me em cada texto da mesma forma que me perco ao pensar. Muitos são os textos que escrevi e nunca partilhei. Escrever faz parte da minha vida como respirar ou comer. Escrevo desde sempre, como se na escrita encontrasse o meu melhor amigo. E, na realidade, é nela que o encontro.
Hoje, mais uma vez, li um comentário tão bom, mas tão bom, que parei tudo e vim até aqui. Precisava expressar o que aquele comentário despoletou. São vários os comentários que chegam e enchem o meu coração de amor. Hoje um dos comentários desejava que este ano trouxesse muitas “palavras mágicas”.
E ao responder “quem dera que as palavras fizessem magia” senti necessidade de dizer tudo o que desejava ser magia…

Quem dera que as palavras fizessem magia… Não as minhas, mas as de todos nós.
Quem dera que as palavras fossem capazes de espalhar magia, aquela que falta aos olhos dos homens.
Quem dera que as palavras fossem capazes de retratar magia, tal como nas histórias encantadas ou nos mais belos filmes de amor.
Quem dera as palavras fossem todas de magia e se transformassem em palavras belas, simples e cuidadas, ao sair de cada um de nós.
Quem dera as palavras fossem todas mágicas, tão mágicas, que fossem capazes de transformar as ideias e os ideais de tantos e tantos homens na Terra.

Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas e faria das minhas as palavras mais belas do mundo, capazes de penetrar no pensamento de quem as lê, de se enraizarem no coração de cada um de vós.
Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas e dedicar-me-ia a enaltecer a beleza das crianças, acabando assim com a maldade contra elas.
Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas e dedicar-me-ia a defender os fracos, tornando-os fortes perante os que os diminuem.
Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas e dedicar-me-ia a espalhar a bondade e a justiça, de tal forma que, a mentira e a crueldade deixassem de existir.
Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas e dedicar-me-ia a provar de que nada nos adianta proferir palavras cruéis uns para com os outros.
Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas e os vilões virariam rouxinóis a pairar sobre jardins verdejantes.
Tivesse eu a capacidade de pronunciar palavras mágicas, e transformaria miséria em alimento para os pobres.

Fossem as minhas palavras mágicas e os meus textos não seriam apenas meus, mas do mundo.
Fossem as minhas palavras mágicas e os meus textos não seriam apenas pensamentos meus, aleatórios, simples e ingénuos, mas uma base incutida em cada em de nós.
Fossem as minhas palavras mágicas e os meus textos transformariam pessoas inúteis em produtivas, pessoas cruéis em delicadas, pessoas más em ativistas do bem,..
Fossem as minhas palavras mágicas ou tivesse eu a capacidade de fazer magia e o mundo talvez fosse um lugar melhor.
Não sendo, que a magia da criança que habita em cada um de nós, nos permita olhar para o mundo e acreditar que um dia, todos seremos capazes de o transformar num lugar melhor.

Obrigada por estarem desse lado, pelo carinho imenso com que me presenteiam tantas vezes. De facto, posso não ter palavras mágicas, capazes de mudar o mundo, mas acreditem que vocês contribuem para que o meu seja muito mais feliz. Gosto disto. Farei disto o meu passatempo sempre que puder. Ter o privilégio de vos ter aí, a aturar-me e ainda a transmitir tanto carinho é absolutamente incrível. OBRIGADA!




Boa Semana!


sábado, janeiro 4

É fácil ter filhos. Difícil é ser pai (ou mãe).




É fácil ter filhos. Difícil é ser pai (ou mãe).
Um filho nasce de uma vontade, de um desejo, de um sonho ou apenas do acaso.
Não importa a forma como é gerado, será sempre um filho que necessita de um pai (ou mãe).
Um filho nasce para trazer vida. Um pai nasce para dar vida.
Um filho nasce para aprender. Um pai nasce para ensinar.
Um filho nasce para integrar. Um pai nasce para o integrar.
Um filho nasce para ser acolhido. Um pai nasce para acolher.
Um filho nasce e revoluciona todas as vidas à sua volta. Um pai já lá está, para vivenciar cada revolução.
Um filho nasce para trazer mudança. Um pai nasce para ser diferente. Diferente do que era, do que foi. Para deixar de ser a prioridade e passar a priorizar. Para deixar de ser o centro das atenções para girar a atenção em torno de um novo ser.
Um filho não escolhe nascer. Um pai pode não escolher, mas mesmo assim, não poderá nunca abdicar do que fez. Um ser humano não é um brinquedo, um jogo ou um objeto que se cria e deita fora, que se despreza, que se maltrata. Um filho é o bem mais precioso da vida de todos nós. Um filho é alguém que nasce para ser nosso durante uns anos, mas que depois terá direito à sua liberdade.
Um pai nasce para viver aprisionado durante uns anos, não para cobrar a liberdade de alguém durante toda a vida.
Um filho nasce para ser feliz. Um pai nasce para o ajudar a encontrar a sua própria felicidade.
Um filho nasce para viver. Um pai não nasce para lhe tirar a vida.
Revoltam-me os casos de violência, de agressão, de atentado contra a integridade física e emocional das nossas crianças. Uma criança é um ser humano do mundo. Tudo o que sofrer hoje ficará para sempre com ela. Será refletido de diferentes formas no futuro. Terá marcas. Terá tatuado no peito, para sempre, tudo o que viveu.
Um dia será pai e terá a árdua tarefa de quebrar um ciclo vicioso de malícia, de maldade, de injustiça. Terá que travar lutas internas muito grandes, desnecessárias se tivesse sido apenas recebido com amor.
Um dia será pai e poderá perpetuar as suas marcas, causando feridas iguais ou semelhantes nos seus descendentes. E dessa forma, a história continuará igual, geração após geração.
Um filho nasce e não precisa de mais nada para além de amor.
Do que precisas tu quando não és capaz de o dar?
Quem foste tu quando eras criança?
Eras feliz? O que fizeram contigo para te tornares assim?
Um filho é parte de ti. Serias capaz de arruinar os teus próprios membros?
Um filho é a parte de dentro! Serias capaz de arrancar o teu próprio coração a sangue frio?
Então, porque o fazes com o teu filho?
Cuida dele. Mesmo que não saibas cuidar de ti.



quinta-feira, janeiro 2

Para este ano...

Que todos os nossos (e vossos) sonhos se realizem.
Que todos os nossos planos corram bem.
Que todos os nossos objetivos se cumpram.

Para este ano...
Que sejamos capazes de analisar mais e melhor,
Que sejamos mais capazes de partilhar opinião sem ofender o outro,
Que sejamos mais capazes de aceitar a opinião do outro como uma experiência e não como uma verdade absoluta.

Para este ano...
Que queiramos ser mais e melhor em relação a quem somos e não em relação ao que os outros aparentam ser,
Que queiramos dar mais e melhor aos nossos, seja em tempo ou compreensão,
Que queiramos fazer mais e melhor o que nos dá prazer.

Para este ano...
Que estejamos mais disponíveis para aprender,
Que estejamos mais disponíveis para escutar,
Que estejamos mais perto de quem gosta de nós.

Para este ano...
Que aprendamos mais sobre nós mesmos,
Que aprendamos mais sobre o mundo,
Que aprendamos que não precisamos que o mundo nos conheça, mas será importante que nós o conheçamos.

Para este ano...
Que não nos falte a saúde,
Que não nos falte o amor,
Que não nos falte a paz.

Para este ano...
Que sejamos todos mais felizes e mais conscientes do que é importante para ser feliz.

FELIZ ANO PARA TODOS 2020!


Janeiro.

Janeiro. O mês dela. Quase não escrevo a palavra "Janeiro". O ano começa e as atenções vão para a globalidade de todos os meses, ficando "Janeiro" confinado aos votos de "Bom ano novo". Mas, desde que janeiro passou a fazer parte da minha vida, sinto necessidade de falar dele, chamando-o pelo próprio nome.
Janeiro é o mês dela, da Estrelinha. Um dos meses mais importantes do ano para mim. (mas sobre isso falaremos depois, porque com toda a certeza o espírito do seu aniversário será intenso daqui a uns dias).

Apesar de ter imensos objetivos e planos para colocar em prática, este mês o plano é mesmo não ter qualquer tipo de plano. Fará sentido?
Retrocedendo um bocadinho no tempo... Em Janeiro do ano passado prometi nunca mais me afastar deste cantinho. Este é realmente o meu espaço, o lugar onde me encontro e onde me perco, o lugar onde me coloco em primeiro lugar e me torno um bocadinho "egocêntrica", coisa que nada tem a ver comigo fora daqui. Mas, cheguei à conclusão de que todos precisamos de um bocadinho só nosso. E aqui, mesmo que desse lado estejam cada vez mais pessoas, eu estou sozinha, com os meus botões e o teclado do computador, a debitar, de forma leve sobre o que a minha alma e vida transportam. E transbordam em tantas coisas, que vir até aqui é quase obrigatório, é uma espécie de "terapia".

Mas voltando ao plano de não haver um plano... Sendo este um dos meses mais importantes do ano, tenho noção de que o tempo para cá vir será, novamente, aleatório. Por isso, este ano, poupei-me às exigências habituais que faço em relação a mim mesma e prometi que não teria qualquer tipo de plano para este inicio de ano. Quero manter-me por aqui, quero alterar algumas coisas, falar mais sobre alguns temas e aprofundar outros. (in)Felizmente, ideias, planos e objetivos não me faltam. Mas na falta de tempo para tudo o que gostaria, vou permitir-me cumprir o mínimo, que é parar o corre corre do dia a dia e vir até aqui. E, ao mesmo tempo, acreditar que desse lado compreenderão que todas as partilhas aleatórias retratam apenas a vida real de uma mãe que imagina mil e uma coisas, que tem responsabilidades das quais não pode abdicar e que se coloca em último lugar na lista. Mas, que mesmo assim, não desiste de fazer o que gosta. E isto é realmente algo que me dá muito prazer.

Por isso, apesar de ser "tradição" revelar alguns planos no início do ano, não o farei por cá. Cada coisa a seu tempo. E agora é tempo de...?


quarta-feira, janeiro 1

Obrigada, 2019. [Diário da Lu]


No penúltimo dia do ano 2019 consegui parar um bocadinho para refletir e registar o que vivi ao longo do ano. Escrevi um texto demasiado longo, por isso, e porque o ano 2019 já está guardado nas gavetas da memória, deixo aqui um pequeno resumo sobre esse ano.

"Este ano foi especial. Mas nem sei porquê. Não enriqueci, não viajei, não fiz nada de muito diferente. Quer dizer, ganhei ontem 4 euros numa raspadinha. Estive na Serra da Estrela, na Lourinhã, nas Caldas da Rainha (ainda que tenha sido só para uma visita ao hospital), em Piodão, Alcobaça e até em Penafiel,… Faltou-me ir a Fátima, a Lisboa e às Maldivas. Mas, agora é tanta gente por lá que mais vale adiar até passar de moda. Fiz algo de diferente? Talvez. Fiz a minha primeira compra online. Mas essa foi pela vez do Pai Natal, por isso, nem sei se conta.
O Gabi completou 1 década e tornou-se finalista do primeiro ciclo. Como cresceu! Ou, devo dizer, como envelheci? Fiz cerca de 30 000 Km ao volante, mas não foi para muito mais do que para trabalhar.
Poderia ter sido um ano igual a tantos outros, mas foi bem desgastante. Foi um ano em que combati desafios e em que me desafiei. Foi um ano em que passei a olhar mais para mim e a dar-me mais valor. Foi um ano em que tomei decisões importantes, em que fiz escolhas especiais, em que deixei algumas coisas para agarrar outras. Foi um ano em que adormeci vezes sem conta ao deitar a Estrela, mas foi um ano em que comecei a ligar o computador uns minutinhos antes de dormir.
Foi um ano em que estive mais distante do que o habitual, mas é um dos anos que termina com dezembro a aquecer-me o coração, como poucos.
Sou de recomeços, por isso, é claro que fiz um testamento sobre este ano. Escrevi basicamente sobre o que sinto que o ano me acrescentou. É um texto bem longo e que faz parte do meu diário pessoal. Sem dúvida, este foi um ano especial. Não sei ao certo qual palavra o descreve, mas talvez descoberta seja a ideal."

A todas as pessoas que nos acompanharam ao longo deste ano, a todas as que estiveram sempre presentes e me apoiaram, um ENORME OBRIGADA!