Segunda feira é sinónimo de textinho desabafo, onde "falo" abertamente sobre mim e sobre os meus dilemas. Aqui, partilho a minha opinião sobre o mundo, sobre a forma como o percepciono e questiono.
Hoje, deixo alguns pensamentos que me ajudaram a definir o que quero para este cantinho e o motivo pelo qual continuo a partilhar tantas coisas publicamente. A internet tem evoluído e a forma como as pessoas acedem a ela, também. Durante esta evolução, já passei por várias fases, entre as quais, a de me questionar sobre o motivo pelo qual continuo a querer partilhar a minha visão sobre o mundo. Apesar de algumas coisas desagradáveis surgirem através da internet, defendo sempre todas as vantagens que ela traz. Por isso, coloco em questão tantas e tantas coisas, procurando, no fundo, uma resposta para mim e, quiçá. fazer-vos repensar comigo sobre tudo isto. Hoje, questiono-vos sobre o vosso propósito quando utilizam a internet, nomeadamente, quando utilizam as redes sociais?
Quanto a mim, aqui fica a resposta:
Eu
não venho à internet para obter aprovação. Se eu quisesse aprovação, pedia um
crédito ao banco ou inscrevia-me num novo ciclo de estudos.
Eu
também não venho à internet para criticar alguém. Aliás, devo ser das pessoas
que menos critica o outro. Para criticar já me tenho a mim. Talvez seja a única
pessoa com real conhecimento de causa para o fazer sobre mim mesma.
Eu
venho à internet partilhar pensamentos, fazer-vos pensar em pequenas partes do
que penso sobre mim enquanto pessoa e sobre o mundo que me (nos) rodeia. Eu venho à internet para trocar
ideias, partilhar experiências e crescer enquanto indivíduo.
Eu
venho à internet para conhecer pessoas, realidades iguais ou diferentes da
minha. Não venho à internet para provar que a minha realidade é a melhor.
Eu
venho à internet para trocar opiniões, para dar a minha e compreender a vossa. Não venho à internet para impor a minha opinião, mas sim para a moldar de forma a albergar pontos de vista diferentes.
Eu
venho à internet para me distrair, para sair da rotina, para “divagar”, para
ver o mundo e ao mesmo tempo sentir que não vi nada.
Às
vezes, sinto que falo demais, que dou opiniões em demasia. Nessas alturas,
questiono-me sobre o porquê de o fazer. De igual forma, questiono-me sobre qual será o propósito de quem vem até cá só para partilhar isto ou
aquilo, sem nexo ou fundamento, sem explicação, contextualização ou
justificação. Consigo compreender isso nos jovens, conseguia compreender isso
quando surgiram as redes sociais. Mas, ainda não consigo compreender isso
agora, quando se trata de pessoas mais velhas. Será solidão? Há vários estudos,
palpites e opiniões sobre a associação da solidão ao uso das redes sociais.
Será necessidade de aprovação? Falta de ego? De objetivos de vida? De
propósito? De trabalho? Tempo a mais? Ou falta de crítica? Será mero
divertimento? Ou entretenimento? Ou pura inocência, ignorância ou até
experiência? Não sei. Talvez já me tenha cruzado com pessoas assim, algumas
compreendo o objetivo e algumas existem com as quais é possível ter conversas
interessantes. Mas há outras que parecem a vitrina de uma montra. Que se
mostram, mas não se pode tocar. Que não respondem, não dão opinião, parece que
estão sempre ali, atentos a tudo e a todos, mas não viram nada para além delas
mesmo. Humm… Não sei. Serei eu a utilizadora errada da internet? Será que a
internet mudou de objetivos e cabe-me a mim regressar aos livros e às conversas
de café? Será que a internet tornou-se um lugar onde todos temos que ser produtores
de conteúdo, tornarmo-nos inspirações e pessoas famosas? Mas, até estas têm um percurso, mais ou menos sólido, mais ou menos consistente... Quando se expõe na internet já todos sabemos o que elas fazem ou até pensam. Será que utilizo tão mal a internet que
não percebi de que forma o mundo digital evoluiu e deveria remeter-me ao
silêncio e à minha ignorância? Será?
Ou
será que o nosso mundo está tendencialmente cada vez mais desorientado e
precisa que cada vez haja mais pessoas que o façam reconhecer as suas próprias
falhas? Será que o mundo precisa de pessoas que o faça criticar as suas
próprias atitudes?
Crescemos
críticos, olhamos para os nossos antepassados e somos capazes de criticar tim
tim por tim tim tudo o que fizeram de mal, tudo o que contribuiu para sermos
assim ou assado. Mas não somos capazes de olhar para nós e para o mundo atual e
perceber qual é o nosso papel? Que as gerações que se seguem precisam do nosso
exemplo, da nossa crítica, do nosso conhecimento sobre o mundo para evoluir e
ter a capacidade de levar o mundo para um lugar melhor?
Será
que é assim tão mau ter opinião? Será assim tão mau fazer os outros pensar
sobre si mesmos?
Não
sei… Isto são apenas questões e dúvidas que passam pela minha cabeça.
Acredito
que todos temos um propósito de vida. O meu passa por ajudar. A mim, aos meus e
ao próximo. E se essa ajuda passar para a aumentar a crítica, a capacidade de
análise, por contribuir para um mundo mais conhecedor de si mesmo, por aumentar a autocrítica em cada um e o seu conhecimento sobre si mesmo e sobre “este
local que é de todos nós”, então terei cumprido o meu dever. E enquanto
puder, defenderei com toda a minha força a verdade, a justiça e o direito à
opinião. Todos temos uma, não é mesmo. Qual é a tua?
PS.
Este texto foi escrito há algumas semanas. Partilho-o agora, no seguimento do evento no qual participei no Sábado passado (#bracarainfluencers). Lá ouvi falar sobre o propósito, sobre o que move cada um de nós, sobre o que nos dá prazer. E este texto foi escrito a pensar exatamente nisso: qual é o teu propósito? O que te faz feliz? Não
é novidade para quem me acompanha com atenção, que ando em processo de mudança
(sobretudo interna) há algum tempo. Acredito que nada acontece por acaso e tudo
tem um tempo certo para acontecer. Acredito que há coisas que se vão encaixando aos poucos, e que a vida se vai resolvendo se nos permitirmos
compreender melhor tudo o que nos faz agir de certa forma e tentarmos mudar o que não nos acresce valor. Partilho este texto porque hoje estou ciente do que quero, porque hoje exatamente qual que caminho que estou disposta a seguir. E só posso acreditar que O melhor está por vir!