É um misto de sentimentos rever a gravidez do Gabriel. Aliás, é sempre um misto de sentimentos rever qualquer gravidez, não é mesmo?
Vou tentar resumir algumas memórias, algumas das que mais marcaram essa fase:
Eu não estava preparada para engravidar. Não sabia nada de nada, não tinha planeado o corpo nem a mente para essa transição. Mas o Gabi veio ocupar o lugar mais especial da minha vida. E assim que o vi e ouvi na primeira ecografia eu sabia que ele seria a minha primeira grande missão nesta vida.
A gravidez foi muito tranquila. O primeiro semestre foi marcado pelos típicos enjoos, controlados a comprimidos. E o último trimestre foi marcado pela azia e pelas dificuldades em dormir (nada de muito anormal). Mas foram sintomas que encarei como normais (não saber muito sobre um determinado assunto ajuda a encarar o momento sem ansiedade em relação ao futuro).
O meu maior medo era o parto. Ficava ansiosa quando me perguntavam sobre o parto, se já tinha pensado sobre ele. Deveria pensar? Na minha cabeça era muito confuso pensar sobre aquele momento de expulsão. Não queria pensar. Preferia deixar andar.
´Como continuei a estudar, as minhas
colegas de curso foram um GRANDE APOIO. Foram completamente incríveis! Não sei
como explicar, mas recordo cada uma com tanto carinho. O carinho que colocaram
na minha gravidez e no nosso futuro bebé TO foi incrível. Elas preocupavam-se
comigo, queriam fazer festinhas na minha barriga, saber sobre o bebé que estava
a gerar-se dentro de mim… Eu sentia que vivia num mundo encantado, onde tudo
era bom. (Se alguma colega desse tempo ler isto, saibam que serei eternamente
grata por todo o carinho. Obrigada!)
Durante esse ano de curso aprendemos tudo sobre o desenvolvimento infantil. E foi aí que encontrei a minha maior fonte de informação. Eu sabia sobre as causas perinatais, as pós natais e tudo o que podia impactar no desenvolvimento do meu bebé. Então levei a missão a sério e fiz tudo o que pude para que corresse bem. Apesar de saber que existiam coisas que não podia controlar, eu queria manter a consciência tranquila de que fizera a minha parte.
A minha barriga demorou para aparecer. Talvez só a partir do 4 ou 5 mês se começou a tornar mais saliente. Eu continuava ativa, sem implicações ao nível da mobilidade. Estendia roupa em cima dos bancos (a minha sogra estava sempre a dizer para estar quieta, para não arriscar. Mas quem me conhece sabe que é difícil parar). Era um ser humano que se estava a gerar dentro de mim. E eu estava tão grata por isso. Era impossível parar, eu tinha vida a dobrar.
Conversava com ele todos os dias, a sair de casa, durante o trajeto para a faculdade, a chegar a casa, ao anoitecer… O Gabi transformou mesmo o meu novo mundo.
E apesar de todas as dificuldades, medos, angústias e dúvidas que existiam, o bebé Gabi era a minha paz. Eu precisava de me manter calma para o bem dele. Eu precisava de o proteger de tudo o que estava a acontecer. Eu precisava mesmo de crescer.
Foi mesmo mágico. E eu só podia (e
posso) agradecer por ter tido a oportunidade de ter vivido esta primeira
gravidez desta forma.
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