Quando um filho entra na escola, uma parte de nós regressa lá.
Revivemos
todos uma espécie de recomeço, com uma intensidade diferente, mas talvez com
uma nostalgia cada vez maior.
Recordamos
o nosso trajeto enquanto estudantes, os melhores momentos e sentimos um aperto
no peito a cada parte da história que se revelou como mais desafiante.
De forma
mais ou menos consciente, revivemos o nosso processo escolar ao mesmo tempo que
acompanhamos o dos nossos filhos.
Recordamos
as nossas emoções e tantas vezes as nossas sensações.
Vocês
sabiam que os nossos sentidos também guardam memórias?
O nosso sistema
visual reaviva-nos memórias das imagens dos novos materiais, da nossa
mochila mais ou menos colorida, das imagens que escolhíamos para a capa de cada
disciplina, dos rostos dos professores,…
O olfativo
remonta-nos a memórias tão doces como a do cheiro das canetas multicoloridas ou
o cheiro dos livros abertos pela primeira vez… Quem se recorda daquele cheiro a
folha nova, a página nunca antes folheada?
O sistema
tátil remonta-nos a memórias macias como eram as folhas dos cadernos, sem
marcas ou “orelhas”, lisos e perfeitos para serem embelezados de todas as cores…
O auditivo,
por sua vez, presenteia-nos com memórias das melhores gargalhadas, partilhadas
pelos corredores, ou com memórias de choro ou gritos que se dispersavam, tantas
vezes, aquando do toque da campainha escolar…
O sistema
proprioceptivo marca-nos com memórias mais próximas, como o abraço apertado da
saudade dos amigos que não se viram nem falaram durante o verão inteiro, o
aperto de mão da professora ou ainda do toque nas costas do colega na fila de
trás… Também carrega memórias mais desafiantes como jogos de recreio. Quem se
recorda do peso que era carregar colegas às costas, um após o outro,
intervalados pelo aviso do “Aqui vai aço”?
O sistema
vestibular lembra-nos muitas das peripécias que vivíamos no recreio… São disso
exemplo o jogo do elástico ou da corda, ou o jogo do rodopio, onde agarrados às
mãos uns dos outros rodávamos sem parar.
E o
paladar? Esse será a gosto. Dizem que gostos não se discutem, mas acredito que
muitos de nós nos recordemos do sabor do leite da escola… Ou do pão com queijo
ou fiambre que chegava, tantas vezes, amassado ao recreio escolar. E ainda…
Quem nunca espreitou a ementa e desejou “aquela” comida especial para aquele
dia em que teria aulas o dia todo?
Se é
verdade que as emoções nos marcam, é também verdade que os sentidos nos tatuam.
Penetram na nossa memória de uma forma profunda e, muitas vezes, difícil de
apagar.
Neste novo
início de ano, já tinham parado para recordar todas estas emoções? Quais as
sensações que mais vos marcaram?
Quanto a
nós, façamos todos este exercício para recordarmos sentidos e memórias dos
nossos tempos de escola.
Reorganizando
as nossas memórias, seremos mais capazes e estaremos mais disponíveis para
ajudar os nossos filhos a criarem as suas próprias memórias.
É tão bom
apreciar cada sentido e guardar, com amor e nostalgia, tudo o que eles nos
proporcionaram.
Que seja um
ano repleto de boas memórias e que os sentidos possam ser todos bem estimulados!
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