segunda-feira, setembro 6

Quando um filho entra na escola, uma parte de nós regressa lá.

Quando um filho entra na escola, uma parte de nós regressa lá.

Revivemos todos uma espécie de recomeço, com uma intensidade diferente, mas talvez com uma nostalgia cada vez maior.

Recordamos o nosso trajeto enquanto estudantes, os melhores momentos e sentimos um aperto no peito a cada parte da história que se revelou como mais desafiante.

De forma mais ou menos consciente, revivemos o nosso processo escolar ao mesmo tempo que acompanhamos o dos nossos filhos.

Recordamos as nossas emoções e tantas vezes as nossas sensações.

Vocês sabiam que os nossos sentidos também guardam memórias?


O nosso sistema visual reaviva-nos memórias das imagens dos novos materiais, da nossa mochila mais ou menos colorida, das imagens que escolhíamos para a capa de cada disciplina, dos rostos dos professores,…

O olfativo remonta-nos a memórias tão doces como a do cheiro das canetas multicoloridas ou o cheiro dos livros abertos pela primeira vez… Quem se recorda daquele cheiro a folha nova, a página nunca antes folheada?

O sistema tátil remonta-nos a memórias macias como eram as folhas dos cadernos, sem marcas ou “orelhas”, lisos e perfeitos para serem embelezados de todas as cores…

O auditivo, por sua vez, presenteia-nos com memórias das melhores gargalhadas, partilhadas pelos corredores, ou com memórias de choro ou gritos que se dispersavam, tantas vezes, aquando do toque da campainha escolar…

O sistema proprioceptivo marca-nos com memórias mais próximas, como o abraço apertado da saudade dos amigos que não se viram nem falaram durante o verão inteiro, o aperto de mão da professora ou ainda do toque nas costas do colega na fila de trás… Também carrega memórias mais desafiantes como jogos de recreio. Quem se recorda do peso que era carregar colegas às costas, um após o outro, intervalados pelo aviso do “Aqui vai aço”?

O sistema vestibular lembra-nos muitas das peripécias que vivíamos no recreio… São disso exemplo o jogo do elástico ou da corda, ou o jogo do rodopio, onde agarrados às mãos uns dos outros rodávamos sem parar.

E o paladar? Esse será a gosto. Dizem que gostos não se discutem, mas acredito que muitos de nós nos recordemos do sabor do leite da escola… Ou do pão com queijo ou fiambre que chegava, tantas vezes, amassado ao recreio escolar. E ainda… Quem nunca espreitou a ementa e desejou “aquela” comida especial para aquele dia em que teria aulas o dia todo?

 

Se é verdade que as emoções nos marcam, é também verdade que os sentidos nos tatuam. Penetram na nossa memória de uma forma profunda e, muitas vezes, difícil de apagar.

 

Neste novo início de ano, já tinham parado para recordar todas estas emoções? Quais as sensações que mais vos marcaram?

Quanto a nós, façamos todos este exercício para recordarmos sentidos e memórias dos nossos tempos de escola.

Reorganizando as nossas memórias, seremos mais capazes e estaremos mais disponíveis para ajudar os nossos filhos a criarem as suas próprias memórias.

É tão bom apreciar cada sentido e guardar, com amor e nostalgia, tudo o que eles nos proporcionaram.

Que seja um ano repleto de boas memórias e que os sentidos possam ser todos bem estimulados!

 


 

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