Tenho a ligeira sensação de que o 25 de abril já não significa o mesmo. Tenho a ligeira sensação de que já não se vibra pela mesma vitória, a da liberdade. Não acredito que seja por estar longe, mas pela forma como se escreve sobre este dia.
Nunca fui a melhor a história. Mas com os acontecimentos recentes, de guerra e de massacre, de atentado à liberdade humana, tenho repensado no quão horripilante deve ser viver em ditadura. O medo paralisa. O medo impede de viver. O medo ofusca a visão e debilita. O medo tira vidas. Viver em ditadura deve ser algo assustador. Há quem diga que há quem se acostume. Talvez. Mas aí não estará a viver.
Num mundo cada vez mais aberto à mudança e à diferença, assusta-me o facto de também se revelar aberto a uma nova forma de ditadura: a ditadura do poder, do comunismo disfarçado de liberdade, ao salazarismo mascarado de "igualdade". Assusta-me que, em tempos como o nosso, em que qualquer um sobe ao poder com mais facilidade, que pessoas ocas e disfarçadas de bom messias se apuderem e derrubem o que se construiu. Se algum dia isso acontecer, aqui ou um outro qualquer lugar, o povo também tem culpa. Nós, que seremos o povo que o permitiu, devemos dar-nos ao trabalho de refletir e repensar sobre o que está a ser dito e prometido, e não ir atrás do que é mais bonito ou popular.
A liberdade é interpretada de diferentes formas. E normalmente cada um atribui o significado que quer. Mas que não voltemos a ser privados de uma liberdade que é básica, a de ter o direito de viver no país que se nasceu (ou se escolheu viver).
Sejamos livres. E que repensemos as nossas escolhas de cada vez que elas puderem retirar-nos ou acrescentar-nos liberdade, a liberdade que merecemos viver.
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