terça-feira, maio 8

As mães também adoecem…


As  mães também adoecem, mas não deviam.
Quando adoecemos, há necessidade de reorganizar tanta coisa, que só pelo trabalho que dá, devia ser proibido as mães adoecerem. Há coisas que são mais simples de solicitar a outras pessoas, mas há aquelas que têm um jeito diferente de se realizarem e, por isso, é tão complicado pedir ajuda. Não quer dizer que seja melhor ou pior, mas mãe que se preze gosta de fazer as coisas à sua maneira. E é esta forma diferente, este jeito próprio de cada uma de nós, que deixa marcas na memória dos nossos filhos. Por isso, nos recordamos daquela comida que só a nossa mãe sabia fazer, por exemplo.
Quando uma mãe adoece, há uma parte de nós que desaparece. É como se a nossa vida, de repente, deixasse de fazer o mesmo sentido, ficasse paralisada entre o querer ser capaz e o não o ser.
Quando adoecemos e deixamos de ter capacidade para trabalhar, por muito que gostemos do nosso trabalho, acabamos por compreender que é apenas uma fase. Às vezes, até agradecemos uma ou outra doença para conseguirmos uns dias longe da empresa (ahahah).
Quando adoecemos antes de um evento importante, ficamos furiosas por não poderemos participar ou usar aquele vestido que nos ficou caríssimo. Ficamos tristes, mas no fundo, acabamos por compreender e esquecer. Afinal, mais eventos ou ocasiões especiais existirão no futuro.
Mas, quando adoecemos e deixamos de ser capazes de exercer o nosso papel de mãe na sua plenitude, sentimos uma frustração, um vazio… Sentimo-nos incompletas, tristes e revoltadas.
Quando uma mãe adoece, aprende a dar ainda mais valor à saúde, ao autocuidado. Faz promessas de que tudo irá mudar, porque apenas quer melhorar. Agradecemos cada noite mal dormida, e todas as tarefas morosas e repetitivas, que deixamos de ser capazes de cumprir. Prometemos não reclamar mais.
Infelizmente, já passei por momentos tão difíceis que até o pegar ao colo tornava-se algo doloroso. Tantas foram as vezes que chorei por não ser capaz de coisas tão simples e belas como essa. Mas, mesmo assim, não desisti. Porque sou mãe. E, as mães são assim. São persistentes. São chatas. São perseverantes. Por muito que nos custe, seja física ou emocionalmente, tentamos mostrar valentia, e a todo o custo, tentamos manter-nos de pé, até quando a nossa única vontade é ficar deitada.
No meio de cada fraqueza, só tenho uma certeza: quero aproveitar a vida da melhor forma possível. Quero partilhar momentos em família. Criar memórias. Mostrar que, independentemente da fase ou da dificuldade, é muito importante ser forte. É isso que nos faz crescer. Não adianta prometer aos nossos filhos a imortalidade ou dizer-lhes que tudo está bem, quando os olhos deles veem uma realidade diferente. É necessário explicar-lhes que não é fácil, mas tudo se consegue com força de vontade e muito amor.
Muita força para todas as mães que precisam dela. E, para quem não precisa tanto, agradeçam a sorte de serem capazes de se levantarem de noite para embalar…



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