Estava a olhar para as minhas redes sociais a pensar que por vezes, nos últimos tempos, me sinto um bocadinho egoísta. Tantas fotos minhas publicadas, uma após a outra. E depois lembrei-me que as fotos não dizem muito. Cada uma é escolhida pelo conteúdo. E muitas delas são desafios para mim mesma. Ao mesmo tempo, lembrei-me que um dos motivos pelos quais escrevo e me desafio a partilhar mais e mais, é porque desse lado, felizmente, há muita gente como eu. Pessoas sensíveis, mas fortes. Pessoas que valorizam detalhes, mas que apesar dos obstáculos conseguem sonhar grande. Pessoas que dão valor à vida pela essência que ela nos traz. Pessoas que viveram e vivem desafios e não culpam nem julgam os outros. E pessoas que aprenderam que mais valia não contar com ninguém.
Introduções àparte - vocês sabem o quanto gosto delas - vamos ao tema de hoje...
Aprendi a não esperar nada de ninguém. Aprendi a sobreviver no meio de críticas, no meio de um ambiente em que era colocada para baixo, em que me pediam para ser diferente, onde me tentaram convencer de que ser quem sou estava errado.
Foram as pessoas em quem mais confiei que mais me magoaram. É sempre assim, não é mesmo? Não nos magoam aqueles de quem não esperamos nada.
Mas, a dor de ser magoado por aqueles que esperamos que estejam do nosso lado custa. Fica entranhada. E molda-nos por completo.
Eu transformei essa dor em independência. Aprendi que esperar algo de alguém seria mais doloroso do que fazer tudo sozinha. Aprendi que esperar algo de alguém só me trazia mágoa, dor e frustação. Afinal de contas, quando esperei, acabei por ter que me desenrascar da mesma forma. E muitas vezes, depois de escutar críticas, de me julgarem por ser como sou.
Aprendi que a única pessoa com a qual poderia contar era eu mesma. Afinal, com qualidades e defeitos, eu sou a única que estou sempre comigo, para resolver o que for necessário. Sou independente. A vida ensinou-me que sou autosuficiente, que sou capaz de tudo sozinha.
As lições que a vida me trouxe fizeram de mim a pessoa desenrascada, que não tem medo de nada.
E há algo nisto que gostava de desmistificar. Não precisamos parecer ou agir de forma rude para sermos autosuficientes. Não precisamos de falar alto, nem dizer palavrões, nem usar cabelo curto, nem de vestir calças para sermos capazes de tudo.
Vivemos numa sociedade que ainda associa a sensibilidade à falta de força, à falta de capacidade. Mas está tão errado.
Podemos continuar a ser femininas. Podemos continuar a usar vestidinho curto, salto alto, maquilhagem. Não são os acessórios que nos retiram a capacidade de darmos conta dos nossos afazeres. O que nos traz essa capacidade não se vê, porque vem de dentro, vem muitas vezes da dor que nos ensinou a sermos independentes, a não esperar ajuda.
Há uma ideia errada qualquer na sociedade de que só os homens são capazes de certas coisas, e de que as mulheres precisam deles para se conseguirem virar. Meus amigos... Felizmente não é bem assim.
Eu sou feminina e continuo a fazer tudo. Se um dia me arrumo para sair, e no outro uso fato de treino manchado é porque eu escolhi assim. Eu tenho essa opção. E não será a sociedade nem nenhuma das vozes que me tentaram diminuir que me irão fazer desistir de continuar a ser como sou.
Talvez a sociedade nos tente convencer de que sozinhas não somos nada, porque talvez a sociedade tenha medo das mulheres independentes.
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