segunda-feira, novembro 29

Almost 25 (#maisdezdeexperiencia) - Parte 1


Inspirei-me. Escrevi quase 3 páginas de texto. Mas sabem que mais? Nem disse tudo. ahah. A uma semaa  dos meus 35 (medooo!!) deixo uma reflexão. Ou várias. Mas dividi em duas partes para vos dar tempo para ler :)


"Quem olha para nós não saberá nunca do que somos capazes. Não, pelo menos enquanto, não mostrarmos que talvez sejamos mais capazes do que imaginam.

Quem olha para nós vê o que transmitimos e o que os seus olhos querem ver. Somos julgados pelo aspeto exterior e condenados, a bem ou a mal, por aquilo que julgam sobre nós. Os teus olhos vêm nos outros o reflexo das tuas experiências, não das do outro.

Apesar deste ar sereno, aparentemente tranquilo de quem parece ter tido uma vida perfeita e imaculada, sem problemas e sempre despreocupada, está alguém que já passou por muito. Hoje sou capaz de falar sobre isto sem um peso qualquer às costas, como se nem isso eu pudesse afirmar. Mas durante muito tempo não o fui. Escondia-me de tudo, sobretudo das qualidades que os outros referiam. Hoje, não o digo para me vangloriar, digo-o apenas porque prometi não calar.

Por detrás de uma aparência tranquila estão histórias, por vezes, macabras, de alguém que temeu de perto a morte, a sua e a dos seus. Está a história de alguém que fugiu e se escondeu. Que deixou tudo para trás e foi obrigada a aceitar que nada mais voltaria a ser seu. Está alguém que teve que começar de novo, e que pelo caminho abraçou alguém que apareceu para ser seu. Está a história de alguém que foi julgada, criticada e difamada por atos que nunca cometeu. Mas nunca, em momento algum, tentou difamar quem lhe fez mal e nunca a compreendeu. Desde sempre, prometi defender e viver apenas da verdade, para mim e para os que se tornaram os meus. Ignorei e afastei-me de tudo o que pudesse destruir ainda mais a paz que queria viver.

Os anos passaram e depois de saradas as feridas do passado, de colocadas as pedras em tudo o que nunca mais poderia ser recuperado, surgiram mais desafios. Os desafios comuns às mães que tentam estar presentes e que vivem a maternidade como uma missão. Não por capricho, mas porque defendem que os seus terão melhores armas e competências para impor os seus limites e para lutarem por aquilo que defendem, sem medo. Que defendem que na infância adquirimos as melhores ferramentas e que sem elas a vida futura será bem mais difícil. Mas, por detrás de uma mãe presente, que tenta superar os seus medos e desafiar-se em todos os seus dilemas, está uma pessoa que não dorme, que às vezes nem sabe o que come e que às vezes, porque o cansaço e a frustração são maiores, também se esconde. Esconde de si mesma, para que ninguém a veja e possa, em silêncio, trabalhar as suas dificuldades. Porque essa mãe quer ser capaz de dar o melhor aos seus. Quer ser capaz de compreender onde pode melhorar e quer, ainda ser capaz de dar o que teve de bom e ser capaz de não transmitir o que não foi tão bom. Por detrás de uma pessoa que parece ter nascido para ser mãe está uma jovem que cresceu à força, e que começou a maternidade sem nunca se ter preparado para isso, com o suporte e a ajuda da nova família que a acolheu. Por detrás de uma mãe que parece ter sempre um conselho para dar está uma pessoa que teve que se reinventar sozinha, com dois filhos para cuidar, uma casa e dois trabalhos pelo meio. Está uma pessoa que, engolindo muito choro percebeu, que as teorias só são bonitas nos livros, que a maternidade não é essa história de encantar. O difícil está em aplicar dia após dia o que defendemos, doando-nos aos outros sem interrupção, para que no final da história possam existir seres humanos que receberam colo, carinho e compreensão."



Continua...

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