Inspirei-me. Escrevi quase 3 páginas de texto. Mas sabem que mais? Nem disse tudo. ahah. A uma semaa dos meus 35 (medooo!!) deixo uma reflexão. Ou várias. Mas dividi em duas partes para vos dar tempo para ler :)
"Quem olha para
nós não saberá nunca do que somos capazes. Não, pelo menos enquanto, não
mostrarmos que talvez sejamos mais capazes do que imaginam.
Quem olha para
nós vê o que transmitimos e o que os seus olhos querem ver. Somos julgados pelo
aspeto exterior e condenados, a bem ou a mal, por aquilo que julgam sobre nós.
Os teus olhos vêm nos outros o reflexo das tuas experiências, não das do outro.
Apesar deste
ar sereno, aparentemente tranquilo de quem parece ter tido uma vida perfeita e
imaculada, sem problemas e sempre despreocupada, está alguém que já passou por
muito. Hoje sou capaz de falar sobre isto sem um peso qualquer às costas, como
se nem isso eu pudesse afirmar. Mas durante muito tempo não o fui. Escondia-me de
tudo, sobretudo das qualidades que os outros referiam. Hoje, não o digo para me
vangloriar, digo-o apenas porque prometi não calar.
Por detrás de
uma aparência tranquila estão histórias, por vezes, macabras, de alguém que temeu
de perto a morte, a sua e a dos seus. Está a história de alguém que fugiu e se
escondeu. Que deixou tudo para trás e foi obrigada a aceitar que nada mais
voltaria a ser seu. Está alguém que teve que começar de novo, e que pelo
caminho abraçou alguém que apareceu para ser seu. Está a história de alguém que
foi julgada, criticada e difamada por atos que nunca cometeu. Mas nunca, em
momento algum, tentou difamar quem lhe fez mal e nunca a compreendeu. Desde sempre,
prometi defender e viver apenas da verdade, para mim e para os que se tornaram
os meus. Ignorei e afastei-me de tudo o que pudesse destruir ainda mais a paz
que queria viver.
Os anos
passaram e depois de saradas as feridas do passado, de colocadas as pedras em
tudo o que nunca mais poderia ser recuperado, surgiram mais desafios. Os
desafios comuns às mães que tentam estar presentes e que vivem a maternidade
como uma missão. Não por capricho, mas porque defendem que os seus terão
melhores armas e competências para impor os seus limites e para lutarem por
aquilo que defendem, sem medo. Que defendem que na infância adquirimos as
melhores ferramentas e que sem elas a vida futura será bem mais difícil. Mas, por
detrás de uma mãe presente, que tenta superar os seus medos e desafiar-se em
todos os seus dilemas, está uma pessoa que não dorme, que às vezes nem sabe o
que come e que às vezes, porque o cansaço e a frustração são maiores, também se
esconde. Esconde de si mesma, para que ninguém a veja e possa, em silêncio,
trabalhar as suas dificuldades. Porque essa mãe quer ser capaz de dar o melhor
aos seus. Quer ser capaz de compreender onde pode melhorar e quer, ainda ser
capaz de dar o que teve de bom e ser capaz de não transmitir o que não foi tão
bom. Por detrás de uma pessoa que parece ter nascido para ser mãe está uma
jovem que cresceu à força, e que começou a maternidade sem nunca se ter
preparado para isso, com o suporte e a ajuda da nova família que a acolheu. Por
detrás de uma mãe que parece ter sempre um conselho para dar está uma pessoa
que teve que se reinventar sozinha, com dois filhos para cuidar, uma casa e
dois trabalhos pelo meio. Está uma pessoa que, engolindo muito choro percebeu,
que as teorias só são bonitas nos livros, que a maternidade não é essa história
de encantar. O difícil está em aplicar dia após dia o que defendemos, doando-nos
aos outros sem interrupção, para que no final da história possam existir seres
humanos que receberam colo, carinho e compreensão."
Continua...
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