Nem tudo é um
mar de rosas. Nem todas as vidas que transcendem perfeição são, de facto,
perfeitas. Existem muitos problemas que ainda não têm solução. Existem muitos
problemas que ainda não impactam da forma que deveriam e ficam, tantas e tantas
vezes, esquecidos e outras quantas disfarçados.
Hoje, dia 25
de Novembro, Dia Internacional
para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres falemos sobre
Violência.
A Violência Contra as Mulheres ocorre com mais frequência
do que julgamos ser possível. Ocorre mais perto do que queremos acreditar.
Ocorre sobre mais formas do que as que tendemos a relatar.
Durante a pandemia, muitas foram as mulheres que se
sujeitaram a uma vida ainda mais difícil, eu diria até lamentável. Muitas foram
as mulheres que ficaram presas junto com o agressor, muitas vezes, sem ter
sequer forma de comunicar ou pedir ajuda.
Infelizmente, a nossa sociedade ainda fecha os olhos e
compactua com situações destas. São muitas as pessoas que conhecem realidades
de violência e, mesmo assim, dão razão ao agressor. São muitos os colegas e
amigos que vêm nas palavras e atitudes do agressor uma forma de masculinidade e
amor. São muitas as mulheres que subjugam outras mulheres porque “se fosse com
elas” nada seria igual, “sairiam da situação sem pestanejar”.
A verdade é que não é assim. Muitas mulheres são abusadas
psicologicamente, porque são “umas PTS”, porque “são umas vagabundas,
miseráveis e não merecem sequer viver”. Outras sofrem violência física porque “eu
bato-te porque gosto de ti”, “quero que aprendas que quem manda sou eu”. Outras
sofrem violência sexual porque “estavam a pedi-las”, porque eles “não são de
ferro”. Outras tantas sofrem violência patrimonial, porque “eu quero posso e
mando em tudo e tu dependerás sempre de mim”. Outras mulheres sofrem violência
moral e, umas tantas vezes, para além de agressão são julgadas como não tendo
sequer razão, são difamadas por atos que nem lhes passaram pela cabeça.
A violência contra as mulheres existe. E existe tanto que
chega a doer. E quanto mais conhecemos esta realidade mais triste se torna, mais
difícil de aceitar. PORQUÊ? Porque é que existem pessoas que compactuam com
este tipo de agressão? Porque é que ainda se culpa a vítima e o agressor
continua com a razão?
Hoje, mais do que em qualquer outro dia, mas em todos os
outros também, sejamos mais corajosos e cuidemos mais dos direitos das
mulheres. Dos nossos direitos, mulheres. Dos direitos das nossas amigas, das
familiares próximas ou distantes que vivem tão amedrontadas que não têm sequer
força para levantar a mão e pedir ajuda.
A violência é crime! Seja ela de que forma for. E as
marcas ficam para sempre. Não são apenas as marcas nos olhos manchados e
pisados que ficam. Essas talvez até desmoronem. Mas ficam gravadas todas as
marcas de atentado à dignidade humana, de respeito pelo outro, de liberdade.
Ajudemos a dar voz a esta luta. Ajudemos a calar os
agressores. Ajudemos as mulheres a saírem destas vidas e a começarem caminhos
novos. Ajudemos a mudar o paradigma e a mentalidade sobre o poder masculino e a
inferioridade da mulher.
A luta é nossa. Lutemos hoje para que as nossas filhas
não precisem de lutar e passar por isto depois.
Que possamos contribuir para dar luz a este túnel!
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