Demorei anos para perceber. Toda a vida ouvi falar sobre ser elegante, sobre parecer bem, sobre vestir bem. Havia um padrão qualquer, que mesmo sem o definir, ele fazia parte dos meus planos.
Mas foi precisamente no momento que decidi olhar para dentro, que comecei a entender o meu verdadeiro valor.
Demorei muito mais tempo do que desejava. Demorei muito mais tempo do que gostaria. Chorei muito mais do que queria por não saber o meu valor. Não que agora me sinta a melhor pessoa do mundo. Mas aprendi a não sentir-me a pior.
Aprendi que o nosso valor não se mede pelo que os olhos nos mostram, mas pelo que fazemos quando ninguém vê. Aprendi que o nosso valor não está nas obras que os outros vêem, mas naquelas que construímos sem ninguém ver. Aprendi que o nosso valor está para além do que queremos mostrar. Está na nossa capacidade para nos colocarmos no lugar do outro, de o compreendermos, de nos ajudarmos, de dar de nós mais do que alguma vez recebemos. Percebi que o nosso valor está nas coisas mais pequenas, naquelas que ninguém valoriza, mas que ninguém seria capaz de fazer.
Não me sinto mais do que o outro nem melhor a ninguém por ter percebido que o valor está dentro de nós. Mas aprendi que tenho algum valor. E isso basta.
Passamos tempo demais à procura de um protótipo de imagem perfeita, de um peso ideal,... Passamos tempo demais à procura de uma imagem que todos possam apreciar, de usar roupas que todos possam invejar... Mas esquecemos que o valor de cada um de nós não reside em nada disso. Esquecemos que a roupa disfarça a bondade e a maldade, da mesma forma. Esquecemos que o corpo é apenas o resultado do tempo que lhe dedicamos. Mas o nosso valor não. O nosso valor é o resultado do que dedicamos também ao outro. E essa é a parte mais difícil de compreender. O nosso valor não está na nossa imagem. Está no nosso interior.
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