Estava a tentar escrever um texto sobre o pós parto, mas não estou a conseguir prender a minha atenção à ideia que queria passar inicialmente. E, antes que desista, decidi mudar de direção e falar sobre isso de outra forma.
Indo direta ao
assunto, porque o pós parto é algo que mexe muito comigo, por diversas razões:
Não olhem para
o pós parto apenas como a primeira semana após o nascimento do bebé. Não olhem
para a vida após o nascimento do bebé apenas como o primeiro mês de vida de
ambos (o bebé e os novos papás). Não olhem para o corpo da mulher como a única
propriedade que lhe pertence, e não ignorem os sentimentos, bons e maus, que podem
surgir. Tenham interesse como se sente quando o bebé não a deixa dormir.
Acho que a
sociedade em geral se limita a observar e a seguir modas, teorias, metodologias
baseadas em… o quê?
Hoje, 5 anos
após o nascimento da Estrela, posso dizer que ainda estou a atravessar uma fase
de adaptação. As noites não são sempre fáceis e o tempo e energia não chegam
para tudo. E tudo o resto que foi ficando para trás e que precisa ser
reorganizado? Não morreu no pós parto, veio comigo de atrelado e agora dá mais
trabalho voltar atrás e recomeçar.
Foi muito mais
simples viver o pós parto (as 6 semanas que teoricamente descrevem este
período) do que o tempo que veio depois.
Foi muito mais
fácil ter a casa organizada nos 3 primeiros meses, do que nos restantes, quando
tudo tendeu a voltar “à vida normal”. E desde então, têm sido constantes as
tentativas de adaptação. Ora à nova fase dela, ora a do mano (que não deixa de
existir após o pós parto e em vez de um passam a ser dois a requerer atenção e
cuidado), ora à nova fase da mãe, que se redescobre com o tempo.
Ninguém percebe
tudo sobre a maternidade e sobre o impacto que terá na sua vida, e sobre o como
é fácil ou desafiante ser mãe sem viver toda essa fase. Falamos de quanto tempo,
afinal? A vida toda, não é não?
Não se deixem
enganar quando alguém disser que no dia seguinte ao nascimento “eu percebi quem
era eu afinal” ou quando partilharem que “recuperaram o peso na primeira semana”.
De que peso estão a falar? Do corpo físico? Onde fica então o peso ou a leveza
emocional? E as prioridades? Continua o corpo a ser assim tão prioritário para
essa mãe que tinha invertido as prioridades? Mas se continua focada no peso,
não terá mudado assim tanto, afinal. (?)
Cada uma terá
a sua história sobre o pós parto e cada uma demora um tempo diferente a
perceber qual o seu impacto. Cada uma de nós terá um processo diferente para
viver, umas demoram mais tempo, outras completam algumas dessas fases mais
cedo.
Mas todas nós
estaremos no mesmo barco, enquanto assumirmos o papel de mãe e nos dispusermos
a compreender o que cada fase traz de novo. Quem para no tempo não muda. Quem
não muda não pode falar sobre uma fase que não viveu.
Se és mãe e
ainda não te encontraste, se ainda não tens a “tua vida organizada”, não te
preocupes. As mudanças requerem tempo, as mudanças não ocorrem da noite para o
dia.
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