Vocês não existem. É, hoje começamos assim. Obrigada por todo o vosso
carinho, pelo tempo que dedicam a ler cada partilha minha, nossa. Obrigada!
Vocês fazem parte de um processo enorme de redescoberta sobre mim mesma, de
superação, e vocês nem têm ideia do valor que isso significa para mim. Ontem,
depois da minha partilha, fiquei sem reação. Foram tantas, mas tantas as
pessoas que perderam tempo do seu tempo a ler o que escrevi. Isso enche o meu
coração de carinho, de amor e de esperança. Hei-de continuar a lutar por evoluir
nesta jornada da vida,…
Nunca partilhei a minha história desta forma, tão específica, tão delicada.
Nunca fui capaz. De todas as vezes que tentei, senti os dedos tremer, os olhos
brilhar e perdi a coragem de apertar no botão e partilhar.
O que tem a minha vida de interessante para partilhar? Porque perdem vocês
tempo do vosso tempo a vir aqui? Não sei bem. Eu não sou ninguém. Nunca me
achei especial ou superior. Não precisam de contar, se não quiserem, mas
sintam-se recebidos com carinho e amor.
Mas, focando na partilha e mensagem de hoje;
Esta é uma das fotos que melhor me representa. Eu, segurando ao colo o primeiro
presente que a vida me deu: o Gabi.
Já disse várias vezes que nasci quando o Gabi nasceu (Por isso, fazendo bem
as contas, teremos mais ou menos a mesma idade. Sim, às vezes também faço
birra, às vezes também não quero lavar os dentes ou dormir. Brincadeira.)
Falando a sério: Nasci para o mundo quando me tornei mãe. Porque foi na
mesma altura em que larguei tudo e comecei do zero. Mas, ao invés de ter tempo
para aprender sobre mim, longe de uma responsabilidade maior, a de cuidar de um
filho, eu fi-lo através dele. Nunca gostei de dizer isto porque não podemos
comparar vidas, nem experiências, nem situações, mas não tenho dúvida que o
grau de exigência foi grande por ter sido assim.
Eu nunca me conheci sozinha, sendo “apenas eu”. Durante 21 anos “cumpri o
papel de filha, de irmã (ou pelo menos, tentei)”. Depois disso, comecei uma
nova jornada, assumindo o papel de mãe. Não existi de forma singular no
entretanto. Nunca fui “apenas eu". Nunca fiz apenas o que queria, nunca
segui os meus sonhos quando e como queria, nunca decidi nada sozinha, nunca
geri a minha vida apenas por mim. Eram tantas as limitações.
Bem... Não será de todo verdade, apesar de não ser de todo mentira. Porque
nunca deixei de tentar alimentar o que me fazia bem, apesar de condicionada de
diversas formas (um dia falaremos sobre isto também).
Enquanto “apenas eu”, Luisa, fiz várias coisas, participei em imensas experiências
diferentes. Algumas perdi, porque mudei de vida, de direção. Algumas recuperei depois.
Sempre escrevi, sempre me desafiei, sempre fiz amigos, sempre sorri, sempre
chorei, sempre procurei uma solução,… Apesar das limitações que vivia, sempre
tentei ser “livre” e “ser eu”, encontrando um bocadinho de mim em cada projeto
do qual fazia parte. Tive tanta sorte e o privilégio de ter feito e participado
em tantas coisas diferentes. E é isto que eu encontro como sendo “meu”.
Com um filho nos braços, tive que aprender a lidar com os meus fantasmas e
desafios. Com um filho nos braços tive que conhecer a minha nova versão, não tendo
tido oportunidade de colocar em prática a versão antiga.
E depois do Gabi, veio a profissão, a casa para gerir, a vida adulta para
segurar. Não foi fácil encontrar-me, não foi. Ainda hoje continuo a procurar-me.
Mas hoje consigo assumir que não foi tão simples assim, apesar de encarar cada experiência
como algo natural. O que me fez continuar? O amor, pelos meus e pela vida, a
vontade de vencer desafios, colocados por mim mesma ou pela vida, e a vontade
de me conhecer, de saber quem sou por completo. A vontade de compreender cada
pedacinho da minha história. De perceber do que esta menina, tímida e ingénua é
capaz. O que ela tinha dentro de si para dar ao mundo? Talvez um bocadinho de…
(?)
Digam-me vocês, se souberem porque eu ainda não sei.
E contem-me, o que têm vocês para dar ao mundo?
Mensagem: Todos temos uma vida, repleta de coisas
lindas e maravilhosas e/ou desafios. Por vezes, a paz que as pessoas transmitem
não traduz metade dos desafios que enfrentam. Não julguem, não ignorem as dores
e dificuldades de ninguém. Estejam abertos para conhecer o outro e abram
horizontes para se conhecerem melhor, também. J
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