quarta-feira, janeiro 20

Na sala de partos... Finalmente NASCEU! [Relato de parto - Parte 3]

Sala de partos. 12 de Janeiro de 2017.

Seria mais uma grávida à espera da hora certa para dar à luz. As enfermeiras entravam e saíam da sala, para preparar coisas e perceber se faltaria muito tempo para chegar a minha vez.

Não posso confirmar certos pormenores (há coisas que a memória apagou), mas recordo-me que cheguei à sala de partos com mais do que a dilatação suficiente para levar epidural.

As contrações começavam a ser cada vez mais intensas e dolorosas. Mas fui combinando com a médica o melhor momento para a administrar.

Epidural dada, permaneci imóvel à espera que fizesse efeito. O tempo passava, as contrações aumentavam e não havia forma da epidural “pegar”. Comecei a ficar nervosa e preocupada. Na primeira gravidez foram necessárias 2 epidurais para fazerem o efeito necessário (a primeira só retirou a dor em metade do corpo).

Esperei e nada. Era necessária nova intervenção. Após conversar com a médica anestesista e de lhe explicar tudo o que podia influenciar (uma alteração anatómica ao fundo da coluna) ela decidiu, com a minha autorização, experimentar algo diferente: uma anestesia. E lá experimentamos. Nada de novo. Nova tentativa: mais uma anestesia. Continuava igual, com as dores das contrações e agora sim, mexia com dificuldade as pernas. Tinha feito efeito mas não o efeito pretendido.

Enquanto este vai e vem de testes e experiências para perceber o porquê da epidural não fazer o efeito desejado, as contrações foram aumentando cada vez mais. O trabalho de parto estaria para breve e eu só me lembro de pensar como iria aguentar. A dor era forte demais, e talvez, o desespero, também. Afinal de contas, tanta descontração e respiração para nada. Estava a custar muito mais do que da primeira vez. Não sei como aguentam as mulheres que dão à luz sem epidural. É necessária realmente muita força e preparação mental para ser capaz de aguentar sem fraquejar. É impossível não sofrer. Não recordo as dores nem lá perto, mas recordo-me que no momento senti que sofri. De verdade. E para isso não estava mesmo preparada. Começavam a faltar-me as forças e até pensei que podia desmaiar. Mas queria a todo o custo aguentar. É incrível o poder que a nossa mente tem não é? Quando nos preparamos para algo conseguimos dar conta, mas por outro lado, quando os planos falham, ficamos desesperados sem saber o que resultará dali.

Sem tempo para mais, porque estava quase no máximo de dilatação, lá fui para a segunda epidural, em local diferente, para atenuar a dor para o momento da expulsão (a fase final do parto).

E aí… Uma nova dor. A dor da tão terrível manobra do “empurrão” na barriga. Doeu. Muito. Muito mais do que qualquer contração. Sentir aquela agressão sobre mim e imaginar o quão prejudicial podia ser aquele movimento para o bebé meteu-me imensa confusão. Mas, naquele estado, prestes a dar à luz, não fez sentido reclamar. Não me recordo ao certo se perguntei o porquê daquilo. Talvez sim. Por norma questiono tudo. Só me recordo que a lembrança da dor física da contração passou depois do parto, mas esta não. Esta sensação de dor perdurou por muito tempo.

 

A Estrelinha estava a chegar e lembro-me das primeiras palavras da enfermeira parteira: “vai ser vaidosa, vem com um colar”. Asfixiei novamente aí. Como assim? Com o cordão enrolado? Mas e o perigo? Questionei como? De que forma? Como estava a bebé? E recordo-me que me acalmaram dizendo que tinha muito espaço, estaria com a folga suficiente. E acalmei um bocadinho, mas nunca o suficiente para conseguir recuperar.

 


A Estrelinha chegou e foi logo para o meu peito. E aquele contacto pele a pele fez-me  comprovar de que tudo estava, ainda, para começar.

Foi um parto e tanto. Cheio de histórias. De aprendizagens. Mas convenhamos, a vida não é toda ela assim?

Depois de nascer, ficamos por ali, a apreciar a nossa menina. A nossa Estrelinha, finalmente nascera.

 

Nos próximos relatos irei contar-vos um bocadinho dos primeiros dias e fazer um apelo, pela saúde das mulheres no pós parto.



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